O Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis (AHVL) beneficia cerca de 2.100 hectares de solos férteis do vale desde Leiria a Vieira de Leiria. Dos 3.300 proprietários de terrenos que são beneficiários do Aproveitamento, destacam-se cerca de 100 explorações de pequena e média dimensão com actividades principais de produção pecuária (leite), horticultura para fresco e horto-industriais.
O Aproveitamento insere-se num projecto mais vasto estendido a toda a bacia do rio Lis, no qual foram estudados e tratados problemas de correcção torrencial, transporte sólido, regularização e sistematização fluvial.
A Obra do Lis criou, nos anos 50, novas condições de salubridade e acessibilidade nesta região e constitui, de facto, um empreendimento de fins múltiplos, onde os objectivos agrícolas se consideravam subsidiários dos objectivos principais de defesa contra cheias e drenagem do vale.
Em 1957, a obra é dada por concluída, mas só em 1965, após a execução de um grande número de obras complementares às redes de rega e de drenagem, foi feita a sua entrega formal à Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis.
Dados os enormes trabalhos e encargos envolvidos com a conservação e exploração de todas as obras, com um grande peso dos custos do sistema de defesa e redes de drenagem, relativamente aos dos sistemas de rega, foram recentemente desenvolvidos contactos com entidades regionais, no sentido de sensibilizar para a importância que assume a tarefa de Manutenção do Sistema de Defesa e Drenagem do Vale do Lis, entregue desde o início da Obra do Lis exclusivamente ao sector agrícola.
Considera-se existir hoje um reconhecimento, por parte das entidades envolvidas, que a manutenção e conservação do sistema de defesa contra cheias, do sistema viário e de parte do sistema de drenagem da Obra do Lis é fundamental, quer para a actividade económica em geral, quer para o funcionamento das infra-estruturas que apoiam as populações.
Constata-se que, actualmente, uma parte substancial das redes colectivas não são funcionais, não só porque as bases de concepção da obra inicial foram ultrapassadas, no que respeita às possibilidades actuais de gestão do sistema colectivo e dos sistemas de rega individuais, mas também porque as infra-estruturas se encontram muito degradadas verificando-se em muitos casos, estarem obsoletas e em colapso, uma vez que estão a atingir o fim da sua vida útil.
O reconhecimento do estado geral de degradação da obra, em especial da componente de rega, levou os serviços do Ministério da Agricultura a desenvolver estudos e projectos para a sua modernização e reabilitação, associada a uma acção de reestruturação fundiária.
Entretanto foram já executados diversos investimentos em obras primárias, 2 açudes automatizados no rio Lis e 2 estações elevatórias de dupla função, na sequência dos quais estão programadas as obras secundárias que viabilizam todo o sistema integrado, sem as quais não são repercutidos os efeitos nas explorações beneficiárias.
O AHVL beneficia a maior mancha de aluviões da região de Leiria, com grande potencialidade para a produção agrícola – existindo hoje explorações líder na produção Pecuária para Leite, Hortoindustriais e Hortícolas para fresco.
Ao Aproveitamento, nas componentes de defesa e drenagem, que se insere num empreendimento de fins múltiplos, foi reconhecida há vários anos a necessidade de modernizar e adequar as infra-estruturas do aproveitamento colectivo às tecnologias e exigências da agricultura moderna, tendo sido desenvolvidos os projectos e procedimentos ambientais necessários para a sua concretização.
A sustentabilidade da actividade agrícola está associada à implementação do projecto de modernização e reabilitação e de um novo modelo de gestão partilhada com outros sectores beneficiários, de modo a criar as condições de confiança para a consolidação e melhoria da competitividade das empresas agrícolas, envolvendo-as consequentemente no processo de gestão colectiva do empreendimento.
Pelo exposto lamenta-se que o Sr. Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, não tenha homologado as candidaturas dos projectos de reabilitação do Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis, dando-lhes o necessário enquadramento nas medidas previstas no novo Quadro Comunitário de Apoio. Na actual Política Agrícola deste Governo, fica a sensação que só o projecto do Alqueva é que é bom (a ver vamos se assim é) e tudo o resto é paisagem.
Cláudio de Jesus
08-11-05
Prof. António Câmara - Palestra
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