Há quem olhe para a crise como a nossa fatalidade, "fado", e há quem olhe para ela, crise, como forma de combater os desperdícios e mudar uma forma de estar, mudar a cultura despesista que tem pautado a "postura" de certos países, entre eles Portugal. O recém governo Britânico, pelas notícias vindas a público explicou, bem explicado, onde vai "cortar" na despesa e no despesismo.Por cá, foi-nos explicado de forma pormenorizada os aumentos de impostos, tirando a confusão das datas, mas ficámos a saber nada sobre onde vão ser feitos os cortes no lado da despesa. Mas pelas notícias que recebemos da "casa da democracia", AR, ficamos elucidados sobra a nossa cultura despesista, aumento 25% despesa entre as quais despesas de decoração...
Deixo mais um texto do Emídio Guerreiro, publicado no Diário de Coimbra, para percebermos melhor esta diferença entre cultura despesista e cultura da poupança:
"A crise veio para ficar. Apesar das continuadas promessas, a crise instalou-se. Uns dirão que é global, outros que é nacional. A verdade é que a crise global pôs à evidência as nossas debilidades que estão na base de uma profunda crise nacional. Gastamos demais, mais do que produzimos, e criamos uma cultura despesista no estado e nos portugueses. O endividamento é a prova evidente que Portugal gasta mais do que o que produz. Um dos dramas associados a anos de despesismos é o “gosto” que nos fica pela aparente fartura. É por isso que ninguém, nenhum decisor ou cidadão comum, questiona as opções da actual Arquitectura pública. Gostamos de saber que os projectos das obras públicas portuguesas são premiados pelo seu arrojo, beleza, etc. As novas escolas, os novos tribunais, os novos centro de saúde, os novos lares e tantos outros edifícios são de construção mais cara e de manutenção incomportável para os cofres das instituições que os vão gerir? Não interessa! São lindos e premiados. As nossas estações de Metro são 2 ou 3 vezes mais caras que as outras? Não importa, são lindas de morrer! A Gare do Oriente não nos abriga da chuva e do vento? Não quero saber, é talvez a estação ferroviária mais linda da Europa! Há uma dúzia de anos atrás, tive oportunidade de acompanhar a execução de uma estação de tratamento de águas. Um consórcio em que a empresa Portuguesa liderava a construção do edifício, uma Inglesa era a responsável pelos filtros de tratamento das águas e uma Alemã era a responsável pelas máquinas de bombagem. A Estação era lindíssima. Jardins envolventes (fechados ao público), paredes revestidas a ardósia brasileira, etc. Nos jantares quinzenais com os responsáveis das 3 empresas, com o passar dos meses e o reforço dos laços de amizade entre todos, foi possível aprender que em Inglaterra e na Alemanha estes equipamentos são feitos em betão pintado para durarem uma vida com baixos custos de manutenção e que toda a atenção era voltada para os sistemas de tratamento de água. Diziam-me os responsáveis ingleses e alemães que éramos loucos! Aquilo devia ser apenas uma fábrica de fazer água e não um concurso de arquitectura. Que os custos de construção e manutenção eram muito acima do razoável. Era, e é, lindíssima, mas hoje sei que eles tinham razão. A entidade proprietária gasta rios de dinheiro com o jardim envolvente e com a manutenção do edifício e, como é obvio, o custo de produção da água potável “feita” é mais caro do que o previsto… Este exemplo serve apenas para ilustrar os erros que temos cometido. Ao longo de anos desperdiçámos dinheiro em coisas que não precisávamos. Não tivemos o engenho de perceber que os apoios comunitários também deviam ser aplicados tendo em conta a “factura futura” dos investimentos feitos. Talvez com a crise instalada (e para durar) seja possível criar uma nova mentalidade e uma cultura menos despesistas e mais racional. Existe tanto por onde é possível poupar, reduzir e eliminar despesas supérfluas. E hoje, mais que nunca, é fundamental todos contribuirmos para a redução da despesa, que não podemos deixar nenhum sector de actividade fora deste combate!"
Texto publicado na edição de 12 de Maio de 2010 do Diário de Coimbra. Emídio Guerreiro
Estamos a viver uma semana de ressaca. Diria que de muitas ressacas – dos festejos benfiquistas à visita do Papa – mas, fundamentalmente, da ressaca do anúncio das medidas de austeridade com que o governo, com a muleta do PSD, nos vai tornar a vida ainda mais difícil.
Uma ressaca, e reportando-me apenas à mais clássica, a simples herdeira de uma noite de copos com alguns excessos, não é coisa fácil, havendo mesmo especialistas que entendem que a melhor forma de a enfrentar é com o pêlo do mesmo cão. Como se diz na gíria: em cima de uma pôr-lhe outra, ou curar uma com outra!
Parece-me que é mesmo isso que está a acontecer e, como dizia a Ivone Silva na rábula da Agostinha e do Agostinho num velho programa da nossa televisão (sim, dessa tal!) – Sabadabadu, se não estou em erro –: está tudo grosso!
Ora vejam só:
O nosso impagável primeiro-ministro (PM) inicia a semana em Madrid a expressar-se em portuñol, aquela linguagem muito expedita com que, sempre solícito, o tuga tenta responder a nuestros hermanos quando lhe perguntam por um restaurante ou pelo melhor caminho para chegar a este ou aquele monumento. Só que não era exactamente a mesma coisa, era o PM de Portugal perante uma plateia internacional … que ria perdidamente. Poderia pensar-se que estariam todos a rir da estória do tango (nem sei o que será de menos bom gosto e mais deprimente) e da necessidade de dois para fazer o par. Mas não, toda aquela gente ria que nem bêbados (também eles) com toda a graça que tem um PM a expressar-se daquela maneira.
O INE divulga a taxa de desemprego no final do primeiro trimestre, situada nos 10,6% e correspondendo a um crescimento de 1,7% face ao período homólogo do ano passado. O mais alto nível de desemprego dos últimos 30 anos, com regiões a atingirem valores que entram claramente na red line de alarme, como a região Norte, com 12,6% ou o Algarve, com 13,2%. Nada que preocupe o PM, para quem não era sequer importante avisar que esses números irão subir ainda mais, mas sim a notícia do IEFP de que em Abril haviam menos mil desempregados inscritos nos Centros de Emprego, como se ninguém soubesse o que se passa com os seus ficheiros.
Entretanto o ministro das finanças dizia em Bruxelas que afinal as medidas de agravamento temporário de impostos, anunciadas para ano e meio, eram para manter até quando necessário. O que quer tão simplesmente dizer que no final de 2011 não teremos o deficit ao nível anunciado, porque, como é evidente, de tudo o que foi o tal acordo com o PSD, a única coisa que está quantificada é o aumento de impostos. De redução de despesas: nada! Nada está quantificado, pelo que, como sempre, o ajustamento de consolidação se faz apenas pelo lado da receita: pelos impostos que nos saqueiam!
O secretário de estado dos assuntos fiscais, depois secundado pelo ministro das finanças (como iremos ver agora é esta a política de comunicação do governo: um secretário de estado manda um bitaite, a ver se ninguém liga, depois vem o ministro e confirma-o e por fim, se houver necessidade, vem o PM e desmente, porque aí já ninguém acredita!) vem dizer que os aumentos do IRS têm efeitos retroactivos a Janeiro. Para além de inaceitável é inconstitucional, o que neste momento até nem quer dizer grande coisa. Pois, e lá veio o PM atabalhoadamente declarar falso alarme! Mas, claro, não dá para acreditar. Acreditem que não! Porque tecnicamente é impossível e creio mesmo que também ilegal.
Como aqui antecipava na semana passada – num texto publicado pouco antes do anúncio das medidas de austeridade – bastaram apenas dois dias para se ver que a terceira travessia não fora descartada. Era, como então dizia, apenas para europeu ver. Isto já não traduz apenas o desnorte do governo, com discursos contraditórios entre ministros e PM, traduz a falta de seriedade e de respeito pelos compromissos assumidos com as instituições europeias e com o seu parceiro de diálogo.
A metodologia foi a mesma: começa pelo secretário de estado, logo no dia seguinte ao anúncio do seu cancelamento, passa pelo ministro da tutela, que logo no sábado garantia que a terceira ponte era mesmo para avançar e culmina na segunda-feira, com o pobre do ministro da economia a ver-se obrigado a confirmá-lo para, na entrevista à RTP – mais um exercício de delirante negação da realidade e de manifestas dificuldades de relação com a verdade – o PM vir dizer que o lançamento do novo concurso será adiado por seis meses, à espera que “a situação financeira internacional” o permita.
Sim, para o PM não há problemas no país, apenas e sempre uma crise financeira internacional. Para o PM os problemas existem num “mundo que mudou em duas semanas” e que, coitados, precisam da nossa ajuda. Para nós esta é apenas a primeira de muitas e muitas semanas de ressaca!
Os mercados financeiros continuam a penalizar a Grécia que atingia, ao fim da manhã de hoje, um risco de bancarrota de 33%, ultrapassando países como o Iraque, o Dubai, a Letónia e a Islândia e encostando-se aos países com maior risco de falência do mundo: Venezuela (com um risco de bancarrota de 46%), Argentina (45%), Paquistão (39%) e Ucrânia (mais de 35%).
Esta era uma situação inimaginável há bem pouco tempo para um país da zona euro e é um sinal verdadeiramente assustador para Portugal.
Numa entrevista de ontem ao Jornal de Negócios, o vice-primeiro-ministro grego Theodoros Panglos era o espelho do desânimo e do isolamento grego, acusando mesmo a Alemanha de racista e deixando-nos a nós portugueses um aviso: “… não sejam neutros, porque vão ser as próximas vítimas”.
Se juntarmos a isto o que se está a passar com a banca irlandesa, com activos tóxicos a rondar os 50% do PIB a obrigarem a uma intervenção estatal dessa ordem, que resulta na total nacionalização do sector, vemos com vai difícil a vida para os PIGS!
Gostaria apenas de deixar uma nota para os que, na onda do politicamente correcto, acham que os alemães nada têm a ver com isto. Que era o que faltava era que tivessem de ser eles, que trabalham e produzem, que levam as coisas a sério e que, ainda por cima, poupam que se fartam, a virem agora ajudar uns malandros do sul da Europa que nada fazem, e que não passam de uns tesos que não param de gastar o que não têm. Isto é demagogia: para que os alemães tenham excedentes os outros têm que ter défices; para que os alemães vendam os outros têm de lhes comprar; e, the last not the least, não terão sido eles os principais arquitectos desta Europa subsidiada para não produzir? Desta Europa inundada de fundos para garantir capacidade de consumo dos bens de alta qualidade made in Germany?
Se calhar ficava-lhes bem outra atitude!
O PEC aí está com as receitas esperadas. Lembrando um slogan publicitário poder-se ia dizer que, no sítio do costume, as receitas do costume.
Um autêntico livro de facturas. Lá está a factura que cabe a cada um e a todos nós: mais impostos, menos salários, pensões abonos e subsídios. A factura que marca o início do fim das ilusões, das que; à nossa maneira, sempre gostamos de viver e das que, irresponsavelmente, nos têm sido vendidas. Quem paga a crise? As classes médias, como sempre e como não pode deixar de ser. É que ricos, e basta que fixemos para critério o rendimento anual de 250 mil euros, há apenas 4 mil portugueses. Não dá para nada, ao contrário do que muita esquerda gosta de apregoar!
Que ao menos tenha essa virtude de acabar com as ilusões e de abrir uma nesga à verdade, que tão arredada anda da nossa vida colectiva. E, se não merece o elogio dos portugueses, já mereceu o da OCDE.
Para mim, no entanto, é um PEC cheio de pecados. Pecados mortais, sete como os bíblicos:
@joaopcastro: Na semana passada, os PIGS contaminaram os FUKD (France, UK, Deutschland). Não acredito q seja primeiro a lembrar-me disto
A Bolsa de Lisboa, depois de duas semanas consecutivas em queda, assistiu hoje (e a esta hora a praça ainda não fechou) à queda do índice PSI-20 em perto de 6%, com as cotações das principais empresas nacionais a caírem entre os 7 e os 9% (apenas a EDP e a PT caem menos que isso), coisa que se não via desde a crista da onda da crise financeira, no Verão de 2008.
Para quem acha que as opiniões das instituições financeiras internacionais, entre as quais as agências de rating, não passam de palpites para os quais nos podemos estar nas tintas, aqui está a indesmentível prova de que estão errados. Aqui está a prova de que, quando se trata de mercados financeiros, é necessário cuidar, para além do ser, do parecer.
Quem tem a paciência de me ler estará recordado de, há uma semana, me ter debruçado sobre esta matéria, chamando a atenção para dois textos que aqui havia publicado no final do ano passado a propósito do Orçamento de Estado (OE) e apontando como falha principal de todo o processo do OE uma envolvência de fingimento que descurou, precisamente, o “cuidado, assim a jeito de caldos de galinha, de explicar bem explicadinho o orçamento mas enquadrado num contexto de um plano para os próximos 4 anos, para deixar claro que temos um caminho bem diferente do da Grécia! Ou do da Espanha, que afinal é que é a grande preocupação”.
Pois é, hoje o pobre do ministro das finanças clama para que esperem pelo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) que se prepara para entregar dentro de duas semanas em Bruxelas, mas ninguém o ouve. Grita com as instituições internacionais, e já não só contra as agências de rating, que mudaram de presa. Que largaram a Grécia para se focarem na presa portuguesa! Mas é tarde. O governo teve tempo suficiente (100 dias!) para preparar o OE e o PEC, de forma consistente e apresentá-los, bem explicadinhos, em simultâneo. Para que fosse possível, precisamente, demonstrar, como se apregoa, que não estamos no mesmo saco da Grécia. Ou da Espanha.
O governo não fez nada disso e a oposição também não ajudou. Preferiram todos fingir! E, para ajudar à festa, a oposição decide apostar em levar por diante a absurda (nesta altura completamente absurda e irresponsável) questão da Madeira (cujo rendimento per capita é superior ao do continente) via lei das finanças regionais e, o primeiro-ministro, resolve sair-se com aquela tirada verdadeiramente extraordinária de que o défice de 2009, os 9,3% que surpreenderam toda a gente (do ministro das finanças ao governador do banco de Portugal), mais não é que o resultado de uma opção clara do governo de ajudar famílias e empresas a enfrentar a crise. Esta declaração do primeiro-ministro é verdadeiramente assassina! Porque em contradição com as autoridades nacionais na matéria (Ministério das Finanças e Banco de Portugal) mas, fundamentalmente, pelo que revela de credibilidade e de sentido de responsabilidade.
Claro que, depois da entrega do OE na AR, desenhou-se uma certa campanha com vista a mostrar que a situação de Portugal não é a da Grécia, protagonizada em especial pelo próprio ministro das Finanças, pelo governador do Banco de Portugal e pelo presidente do IGCP (Instituto de Gestão do Crédito Público). Só que a emenda foi pior que o soneto, pois passou a ser uma campanha pela negativa, do tipo daquela publicidade comparativa (e negativa) que até é proibida por lei, levando o ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, a reagir atacando, naturalmente, Portugal.
Sucederam-se artigos dos mais diversos especialistas nas principais publicações internacionais da especialidade e Portugal tornou-se. como diz Teixeira dos Santos, na nova presa. E culmina, ontem mesmo, com a União Europeia, através de Joaquin Almunia, comissário para os assuntos económicos e financeiros, a dizer, com todas as letras, que o problema de Portugal é semelhante ao da Grécia.
Os mercados reagem a tudo e nem sempre com reacções racionais. Os mercados financeiros internacionais reagiram a tudo isto fazendo disparar a percepção de risco da nossa economia que, entre outras consequências, leva os investidores a abandonar o nosso mercado de capitais. E foi o que se passou hoje: muitos investidores, cansados e assustados, desfizeram-se de muito papel!
Há cerca de um ano o país pode respirar de alívio perante mais um anúncio de José Sócrates. Apesar de estarmos a atravessar a maior crise financeira das últimas décadas, o rendimento disponível dos portugueses iria aumentar. Segundo Sócrates quem questiona este tipo de declarações é derrotista e até diz que nunca viu o pessimismo criar emprego.
A explicação previsível do Governo será que o INE está politizado e que esta notícia faz parte de uma campanha caluniosa, que envolve a oposição, toda e em peso, o INE, o Presidente da República, o Eurostat, o FMI, os blogs, a OCDE, a TVI, o Serious Fraud inglês, a Procuradoria Geral da República e sei lá quem mais.
Claro que ninguém está satisfeito com a informação prestada pelo INE, mas nenhum político sério e rigoroso (será esta expressão um mito?) poderia afirmar, no cenário em Sócrates o fez, que o rendimento disponível dos portugueses iria aumentar.
Entende-se que Sócrates ao fazê-lo sabia que estava a correr o risco de ser desmentido pela realidade. Se a aposta tivesse corrido bem, cá estaria ele para se vangloriar, mas como infelizmente isso não aconteceu, será que se pode pegar no assunto sem ser acusado de estar envolvido numa cabala internacional?
Nesta quadra proliferam as mensagens de Boas Festas, um velho hábito social que se tem adaptado à evolução das tecnologias. Se os postais de Natal ainda vão tendo algum espaço nas relações profissionais e comerciais, no relacionamento pessoal reinam os sms e os e-mails, se bem que os primeiros já não sejam bem aquilo que eram há ainda poucos anos. São geralmente o dois em um, isto é, juntam os tradicionais votos de feliz Natal aos de feliz, mas também próspero, Ano Novo.
Por outra via – a televisão – chegam-nos as clássicas mensagens de Natal do Cardeal Patriarca de Lisboa, enquanto líder da comunidade católica, e do Primeiro-ministro (PM) e a de Ano Novo do Presidente da República. Assim é há muitos anos…
Sobre a primeira, que nem sequer ouvi, não me vou obviamente pronunciar. Nem sequer sobre a legitimidade do seu enquadramento nesta tríade: é assim, e não me interessa discutir agora se bem ou se mal. Sobre a terceira, como ainda não ocorreu, nada a dizer…
Pronto, está visto que eu quero é falar sobre a Mensagem de Natal do PM!
A primeira expressão que me ocorre é: francamente! Logo de seguida vem-me à memória aquela imagem do Diácono Remédios, e a sua mais famosa expressão transmitida naquele tom bem beirão, rural e profundo: não havia necessidade!
A oposição foi unânime (mais um pleno da oposição que este PM consegue) a referir que o PM vive noutro país, diferente daquele em que todos nós vivemos. Eu também acho mas, fundamentalmente, acho que o PM subverteu todo o espírito de uma mensagem de Natal. E que, de tão óbvia inversão da realidade, apenas nos conseguiu deixar muito mais preocupados e intranquilos. Muitos mesmo revoltados!
Quando numa suposta mensagem de Natal se utiliza o registo de um Tempo de Antena em campanha eleitoral já é caso para ficarmos de pé atrás. Quando isso acontece em plena crise política (num dos mais conturbados períodos de relacionamento institucional entre órgãos de soberania), social (numa das misturas mais explosivas de que temos memória em Portugal, que junta desemprego, como nunca antes visto, criminalidade e descrédito das instituições), económica (estagnação velha de mais de dez anos e sucessiva destruição e inviabilização do tecido económico) e financeira (descontrolo do défice e da dívida e um cenário de descrédito internacional) estamos perante uma obsessão pela campanha eleitoral.
Parece que o PM, embalado por um ano maioritariamente passado em campanha, ainda não percebeu que o longo ciclo eleitoral de 2009 já há muito terminou. Ou, então, acha mesmo que terminou mas que já aí está outro…
Seja ou que for nada de bom nos augura para o futuro e, em particular, para o próximo Orçamento Geral do Estado. Porque, ao arrepio do que aqui referi a propósito do Orçamento para 2010, o PM insiste em não falar verdade e em confundir convicções com obsessões!
O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2010 que o governo apresentará durante o próximo mês é decisivo para o futuro do nosso país. A situação económica e financeira em que Portugal se encontra é, por si só, razão suficiente para a importância deste orçamento no futuro próximo do país. Mas o que se passa noutros países da Europa, e particularmente na Grécia e na Irlanda, mas também em Espanha, agravam exponencialmente a realidade da nossa conjuntura (?) económica e financeira.
Não se compreende muito bem o atraso na apresentação do OGE para o próximo ano. Não há razões objectivas para que não tivesse sido apresentado mais cedo, o que só faz duvidar de que possa vir a estar à altura das responsabilidades que a situação do país impõem. A apresentação, e a forma como foi viabilizado o último orçamento rectificativo, há apenas uma semana, reforça essas dúvidas.
A situação é simples e resume-se em meia dúzia de pontos:
Portanto dizer-se que a despesa é rígida e que não é possível reduzi-la deixa de ser a eterna muleta para o “deixa andar” e nada continuar a fazer. È obrigatório fazer uma análise rigorosa dos gastos do Estado, identificar os desperdícios e, de uma vez por todas, começar a eliminá-los.
Tarefa complicada? De maneira nenhuma, se até todos nós, cidadãos comuns, temos a noção dos enormes desperdícios que nos entram diariamente pelos olhos dentro, como é que isso pode ser complicado para um governo?
Basta vontade. Política ou a que quer que seja!
Poderá perguntar-se, sabendo como tudo funciona em torno do jogo político, se há condições políticas para esse exercício de seriedade. Se é agora, quando o governo não tem maioria na Assembleia da República, que tal será possível.
Creio firmemente que sim. Basta que o governo fale verdade (para o que tem sempre todas as condições) e que se não preste a negociatas, como se prestou no orçamento rectificativo e como deixou claro que se prestaria para o próximo, como o Luís Malhó aqui deu conta há uma semana.
Se for para fazer este caminho, bendito atraso na apresentação do OGE...E, se assim fosse, eu gostaria de ver que oposição é que o inviabilizaria!
Mas parece-me que ninguém percebe que é melhor sermos nós a tomar a iniciativa de acabar com o regabofe do que sermos obrigados a fazê-lo através de chicote alheio! Pelo menos é o que parece quando, em vez de ouvirmos falar do problema, num dia ouvimos falar de regionalização e, no dia seguinte, do tal casamento…
....quando penso nisto
e nisto
vem-me à cabeça esta megalomania e suas consequências
Mas é como digo, posso estar enganado....
imagens da net
É oficial, o Intrastat publicou hoje as estatísticas do 3 trimestre e a União Europeia saiu da recessão, ou seja, registou um crescimento positivo no último trimestre, de 0,3%.
Pois é, aumentar impostos, ao contrário, daquilo que o nosso Primeiro Ministro, que quando fala verdade, confunde conversas privadas com declarações na Assembleia da republica, nega, juntamente com o nosso grande Ministro das Finanças, Ministro respeitabilíssimo, que diminuiu o IVA há cerca de pouco mais de uma ano.
No inicio do séc. XX este país era a confusão total em termos politicos e financeiros, era o Império do regabofe, até que veio um senhor da Universidade de Coimbra para ministro das finanças para endireitar a "coisa", não só gostou da experiência como reforçou o seu estatuto e poder. Depois, bem depois a história é mais ou menos conhecida de todos: fartou-se de "endireitar" o país, à sua maneira...
Continuando a ler notícias destas vai-me parecendo claro que estamos no fim de um ciclo e no inicio de outro, resta saber é se o perfil do personagem que aí vem é o mesmo do tal senhor....
Por coincidência realizaram-se eleições em Portugal e na Alemanha no mesmo dia. Por coincidência, foram ganhas por quem já ocupava o poder. Não por coincidência, mas por consequência, mantêm os mesmos chefes de governo: Sócrates e Ângela Merkl.
Acabaram-se as coincidências!
O indigitado ministro das finanças do governo alemão reconhece um grave problema na exorbitante dívida pública. Em Portugal, onde a exorbitância é muito mais exorbitante, não se fala do endividamento. Fala a oposição, mas fala sozinha…
O novo governo alemão lança às malvas o equilíbrio orçamental e, porque o tempo é de combate à crise e o resto é conversa, prepara uma acentuada descida de impostos, como aqui referia ontem o nosso colega Paulo Sousa. Por cá, bom é que a crise se mantenha, para esconder a outra, muito nossa e de ciclo tão longo que já é estrutural. E é bom, mandando a dívida às malvas, que avancem os grandes investimentos públicos. Porque, por cá, é mesmo muito bom fazer negócios com o Estado...
Na Alemanha, e segundo uma notícia publicada na Sábado de ontem, um grupo de milionários vai propor ao governo a criação de um imposto de 5% sobre a fortuna dos mais ricos durante dois anos. Esta invulgar iniciativa, absolutamente inimaginável em Portugal, tem uma cara e um nome: Dieter Lehmkuhl. Um nome que não conheço nem faço ideia se será muito ou pouco conhecido na Alemanha. Mas ficará certamente conhecido!
Em Portugal não há nomes destes. Apenas nomes dos que se preocupam muito com o salário mínimo e … de sucateiros. Sucatas e sucateiros é que não faltam por cá!
Quantas vezes, há boa maneira tuga, não somos levados a invejar o dinheiro daquele ou daquela e começamos logo a fazer "filmes" de como aquele dinheiro foi conseguido?
Depois à nossa maneira lá vamos dizendo,"tem tanto dinheiro ,mas não se goza dele!".
Ora aqui entramos na questão do dinheiro comprar ou não a felicidade ou de quem tem dinheiro não saber "gozar" o que tem.
Será que é possivel ter dinheiro e não ser "tio patinhas"?
Parece que os europeus são mais inteligentes que os "americas".
Um senhor que se diz muito preocupado por em cada 8 segundos morrer uma criança por falta de água potável, gastou vinte e tal milhões euros numa viagem ao espaço para dar notoriedade a essa sua preocupação.Os vinte e tal milhões de euros não dariam para fazer muitos furos, estações de tratamento de águas residuais e saneamento básico em muitos dos locais onde morrem essas crianças?
O Bispo do Porto diz que o dinheiro que investiram no BPP era para pagar ordenados, como? Então mas o dinheiro da igreja é para investir em fundos para pagar ordenados?
Em altura crise, para além dos milhões gastos na nova Basilica a prioridade foi "forrar" a cobertura da dita com paineis solares, é relevante a preocupação ambiental, mas será essa a prioridade da igreja nesta altura?
Qual é a lógica da Santa Casa da Misericórdia em patrocionar eventos desportivos via euromilhões? Esse dinheiro não era melhor canalizado em, mais, eventos de ajuda a quem precisa?
O slogan do Partido Socialista " O PS combate a crise", é falso e como tal tem de ser mudado para " O PS agrava a crise", no "Público", secção Economia, está bem explicito em dois trabalhos Jornalisticos,aqui e aqui, que o PS está a colocar o País num buraco negro do qual vai ser muito dificil saírmos, caso o rumo se mantenha. O País está a ser liderado por um Homem que parece viver num outro enquadramento.
Para além do agravamento de todos os indicadores económicos/financeiros há ainda as pseudo-reformas que ficaram pelo caminho: Na saúde fechou-se tudo, mudou-se de Ministro e não se sabe qual é o rumo, na Educação o que parecia ser irreversivel é agora adiado por dois anos, a Justiça é o que sabemos, todos os dias temos casos e mais casos mal explicados e a sensação que a "caça grossa" escapa sempre, na Agricultura já se diz que este foi o pior Ministro de sempre, nas Obras Públicas temos as mega obras que ninguém concorda a não ser o PM, na Economia é o que se sabe as PME são esquecidas, pois como bem diz MFL, só acede ao crédito quem pode, Cultura como o próprio PM admitiu não se passou nada, como não se passou nada no Ambiente.
A reforma da Administração Pública foi uma montanha que pariu um rato e depois de 4,5 anos de Governo Sócrates, é altura de dizer : Adeus, é o elo mais fraco!
É curioso observar os resultados da crise que foi apontada como sendo o princípio do fim do capitalismo. O Sr. Louçã, candidato a Primeiro Ministro, foi dos que festejaram esse facto.
Importava haver um debate sério e profundo sobre o entendimento que cada um de nós tem do que deve ser o papel do Estado na sociedade. Este assunto dá pano para mangas, mas é no entendimento do papel do Estado que se distinguem os conceitos de esquerda e de direita.
Pessoalmente, acho que esta lógica do Estado entrar em casa dos cidadãos, substituindo-se à iniciativa privada na prestação serviços, é no limite redutora da liberdade individual.
Noutras sociedades, onde o Estado não é pai de todos, onde o Estado não consome mais de 50% do seu PIB, onde o Estado apoia a economia pela poupança fiscal e não pelos subsidios atribuídos, nessas sociedades, os cidadãos suportam os serviços como o que aqui ontem propuz (cheque-taxi) por conta própria em vez de andarem de mão estendida ao Estado, que por sua vez também gosta de dar esmolas.
Nessas economias, a saída da crise está na mão das empresas e dos cidadãos. Cá o Estado gosta de fingir que nos pode ajudar a sair da crise, quando todos sabemos que isso só acontecerá quando outros países o fizerem. Quando isso acontecer, já sabemos que quem estiver no poder irá enganar-nos gritando vitória como se tivesse algum mérito nisso.
Sabemos que desde sempre o Estado é mau gestor. Há algum tempo para cá, também ficamos a saber que o Estado é mau supervisor. Perante a borrada que o Estado fez, e que nos levou à actual crise (refiro-me à Reserva Federal, outros bancos centrais, entidades supervisoras dos mercados de capitais, fundos de investimento e de seguradoras) a resposta da classe política não podia ser mais caricata: Reforçar o papel do Estado! Ou por outras palavras, reforçar as funções a quem acabou de cometer erros terríveis.
Já sei que os defensores do modelo do Estado muito interventor justificam a actual crise financeira com a ambição dos neo-liberais. A expressão 'neo-liberal' até já deixou de ser um substantivo e passou a ser um adjectivo a que se recorre quando se quer ofender alguém, numa lógica idêntica ao que noutros tempos aconteceu com palavras como 'Fascista', 'Reacionário', 'Comuna', 'Burgês' ou até 'Herege'. São os epítetos depreciativos das modas.
Assim, vivemos um tempo em que é politicamente correcto maldizer a AMBIÇÃO dos gestores das empresas financeiras que criaram os activos toxicos.
Já todos ouvimos os nossos (ir)responsáveis políticos apelar à inovação. "As empresas têm de inovar para crescer e fazer crescer a nossa economia". Não podia estar mais de acordo.
Acontece que a tal inovação que faz crescer a economia, resulta de uma atitude no limiar do que nunca foi feito.
Por isso podemos dizer que:
sem ambição não se inova
sem ambição não se investe
sem ambição não se investiga
sem ambição trabalha-se a olhar para o relógio
Então como é que se distingue a ambição que faz crescer a economia, da ambição que levou à criação dos activos tóxicos?
Acho eu que não se distinguem, pois são exactamente iguais.
Poderão perguntar, então quem é que se portou mal para cairmos nesta crise?
No meu entendimento foi claramente os órgãos de supervisão das economias, ou seja o Estado.
Observemos as ervas que na natureza ocupam os espaços abandonados. É da natureza existirem sempre sementes a serem empurradas pelo vento à procura de condições para germinar. Muitas perdem-se, mas outras conseguem ficar depositadas onde há temperatura e humidade favorável. Até no meio das pedras da calçada rejuntada com cimento, aparece erva. As ideias inovadoras são como as sementes empurradas pelo vento, algumas criam riqueza e outras não. Neste exemplo, os orgãos de supervisão, por sua vez são os jardineiros que têm por função eliminar as ervas que nascem nos locais errados.
A actual crise financeira deve-se assim ao mau desempenho do jardineiro que deixou crescer erva em locais errados, pelo que não é correcto dizer que foram as ervas que nasceram onde não deviam, pois elas apenas obedeceram à sua ordem natural, que é germinar.
Dou a palavra aos leitores. Precisamos de mais ou menos Estado?
Talvez se gastarmos mais dinheiro.
Se gastarmos mais?
Explica lá isso.
Se gastarmos,vai dinheiro para as outras pessoas e deixamos de estar em crise
Tu ficas com menos...
Mas trabalho e ganho mais.E não gasto tudo.Gasto só uma parte a outra guardo.
Então achas que podes separar uma parte do dinheiro que ganhas,da mesada, para gastar e a outra para poupar?
Sim.Também não podemos deixar de comprar coisas senão o dinheiro não vai para as outras pessoas.
Letícia, 10 anos in Visão Junior
«Feitas as contas chegamos ao valor médio de 1.000 euros por criança»
Os decisores públicos não deixam de nos surpreender.
Só falta mesmo acrescentar, ou o telefone do Sr. Primeiro Ministro ou consultar em www.socrates2009.pt, que vê na crise uma grande oportunidade … pessoal… claro.
Hoje ouvi Silva Lopes, dizer na Antena 1, que Portugal tem um grave problema de crédito no estrangeiro, que a nossa crise é anterior à crise que assola todo o mundo e que os Portugueses ainda vão sofrer mais na pele do que estão a sofrer agora.
Isto dito desta forma é assustador,mas quando conhecemos os números que estão na base destas afirmações, então é que nos apercebemos que estamos mesmo mal.
Através deste post do AP e com os números que lá constam, a pergunta que fica no ar é esta, como é que vamos sair deste buraco negro?
"415 mil e 500 milhões de dólares. É o valor da dívida externa do país em 2008.
Em contrapartida o PIB é de apenas 232 mil milhões de dólares. Ainda há dúvidas sobre a falência de Portugal?"
Economist
Tantas vezes apontada como um bom exemplo de como um governo reformista pode duplicar o rendimento dos seus habitantes em pouco mais de uma década, está também a passar dificuldades.
A última edição da Economist refere-se ao actual estado da economia Irlandesa nos seguintes termos: «The difference between Ireland and Iceland, so the current joke goes, is one letter and six months. A Dublin economist responds that the real difference lies in a four-letter word: euro. Ireland is in, and Iceland is not.»
As previsões apontam para uma quebra do PIB na ordem dos 5% e uma taxa de desemprego a chegar aos 9%. O rating internacional da dívida pública irlandesa também se detriorou (há poucos meses tinham um rating idêntico ao da Alemanha). O défice orçamental poderá chegar aos 10%.
No meio de tudo isto, já quase não se fala do chumbo ao Tratado de Lisboa, e do segundo referendo que será realizado ainda este ano. As vantagens objectivas em se pertencer à €urolandia já foram entendidas pelos irlandeses que agora, segundo as sondagens, são maioritariamente favoraveis à aprovação do Tratado de Lisboa.
"O americano Anthony Suau é o vencedor do Prémio World Press Photo 2008, por uma fotografia que ilustra a crise do subprime nos Estados Unidos, anunciou hoje em Amsterdão a organização do prestigiado prémio de fotojornalismo.
Na fotografia um polícia armado assegura-se de que uma casa num bairro de Cleveland, estado do Ohio, EUA, está vazia, depois de os proprietários terem sido obrigados a abandonar a casa por não poderem pagar o empréstimo ao banco."
Público
Segundo as teoria Keynesianas, que regulam a economia há décadas, a forma de estimular o crescimento da actividade económica recorrendo à política monetária consiste na intervenção do Banco Central no mercado monetário injectando liquidez. Assim, tornando o dinheiro menos escasso as taxas de juro baixam e o investimento aumenta.
Alguns Bancos Centrais ainda têm espaço para descer as taxas, como é o caso do BCE, enquanto outros já praticamente esgotaram o instrumento taxas de juro, como é o caso da Reserva Federal Americana.
Acontece que estamos a assistir a um fenómeno que distorce o efeito pretendido.
Os bancos comerciais encontram-se numa situação delicada, não só mas também devido ao crescente volume de incumprimentos. A forma que estes têm para ‘criar reservas’ e assim suportar as perdas previsíveis, passa por aumentarem os spreads da operações activas, ou seja as suas margens de lucro.
Um exemplo. A Euribor a 3 meses estava em Setembro passado a rondar os 5%. Uma empresa conseguia um crédito de curto prazo a Euribor 3M + 2,5%, quer dizer que a operação lhe custava 7,5%. Actualmente com o mesmo referencial (Euribor 3M) nos 2%, a mesma empresa dificilmente consegue fazer a mesma operação com um spread inferior a 4%, 5% ou ainda mais. O que quer dizer que lhe irá custar sensivelmente o mesmo.
Desta forma o efeito de redução de taxa de juro no mercado monetário é totalmente distorcido pelas politicas de preços da banca comercial.
Keynes, um especialista, ou melhor O especialista, em macroeconomia, não terá previsto esta questão que resulta de uma esfera micro.
Como se pode sair disto? Será que existe alguma alternativa a uma intervenção pública na politica comercial dos bancos? Quem me conhece, e muito menos eu, não me imaginava a defender uma intervenção do estado nas decisões das empresas, mas não estou a ver outra alternativa para se conseguir ‘empurrar’ a economia para dentro do modelo com que sabemos lidar. O estado, nomeadamente o português, não se preocupa nada em intervir a este ou a outros níveis, mas como sempre na nossa história só chegaremos a esse ponto depois de outros o fazerem primeiro.
PS: Se alguém conhecer uma alternativa a este pesadelo, em que saberemos como entramos mas não como sairemos dele, que nos informe. E já agora que seja rápido.
Algures no livro do Levítico Deus ordena que seja observado um jubileu de cinquenta em cinquenta anos. Não se refere à comemoração de qualquer cinquentenário, como a palavra jubileu hoje nos sugere, mas sim à concepção bíblica da palavra e que se trata de uma anulação generalizada de dívidas. No Deuteronómio esta ideia volta a ser abordada: "todo o credor remitirá o que emprestou ao seu próximo".
Já 500 anos antes de Moisés o rei Rim-Sin de Ur declarou nulos e sem efeito todos os empréstimos.
As compensações de guerra impostas à Alemanha na assinatura do Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra Mundial levaram a sua economia à ruína e provocaram uma traumatizante hiperinflação. De forma a travar este fenómeno, o mesmo Keynes que teorizou os princípios que regularam o crescimento económico da segunda metade do sec.XX, sugeriu que fossem canceladas as dívidas e as compensações de guerra da Alemanha.
Estes casos regressaram a debate perante a actual crise do crédito.
Niall Ferguson, conceituado Professor na Harvard Business Scholl, comparou há dias no Financial Times a crise e a conjuntura actual com o período entre as duas guerras. Afirma que é inevitável que assistamos, em 2009, a sérios distúrbios políticos e geopolíticos, à medida que os efeitos da recessão comecem a fazer-se sentir sobre os governos fracos e a intensificar as rivalidades entre entre Estados.
No fórum de Davos houve unanimidade apenas sobre uma conclusão, a crise ainda não bateu no fundo. Carlos Ghosn, o CEO da Renault-Nissan disse que "a crise financeira vai transformar-se em crise económica, depois em crise social e depois em crise política".
Podemos observar tudo isto sob duas perspectivas que estão naturalmente ligadas.
Em termos internacionais (i) precisamos de uma Europa forte e unida, o que poderá ser difícil num cenário de crise agravada. A cooperação entre os Estados-membros é fácil quando os respectivos povos estão em prosperidade. Os períodos de crise são favoráveis a algum radicalismo, que aqui e ali vão aparecendo.
Em termos nacionais (ii) precisamos de um governo estável, capaz e em que os portugueses reconheçam capacidade. Também nesta perspectiva olhar para o governo Sócrates não é entusiasmante.
Terei todo o gosto daqui a um ano linkar este texto dizendo: "Estavas a exagerar no pessimismo!"
Texto baseado em parte num artigo da Courrier Internacional
Entre este texto e a bancarrota passaram apenas alguns meses.
Desde que a crise financeira estalou a Islândia tem vivido dias terriveis.
A seu grau de abertura ao exterior nomeadamente pela exposição que o seu sistema financeiro tem ao mercado norte-americano, juntamente com a sua reduzida dimensão, fez com os seus bancos entrassem em ruptura. O Banco Cental Islandês foi incapaz de segurar a sua moeda que assim se desvalorizou mais de 60% face às principais divisas internacionais. Endividados em euros e dólares, os islandeses viram-se incapazes de cumprir os seus compromissos.
No país que em 2008 atingiu o primeiro lugar do ranking da felicidade as manifestações chegaram à rua e duraram várias semanas sob o frio glaciar. O país está falido e o Governo caiu há dias. Já foram marcadas novas eleições.
Neste cenário a possibilidade da adesão da Islândia à União Europeia entrou na ordem do dia. Caso os islandeses aceitem partilhar os seus recursos pesqueiros com os parceiros europeus a sua entrada na UE, já em 2011 será, a mais rápida de sempre.
No seguimento da crise do sub-prime os Bancos Centrais puxaram dos ‘galões’ e injectaram milhões no mercado. Com o objectivo de estimular o investimento, fizeram baixar as taxas de juro. A Reserva Federal em poucos meses passou a sua taxa de referência de 5,25% para 1%. Política monetária a funcionar, tudo normal e previsível.
Os efeitos da crise começam a fazer sentir-se no bolso dos consumidores e como as expectativas são desfavoráveis o consumo diminuiu e a tendência irá manter-se. Todos sabemos que a quebra da procura leva à diminuição dos preços e por isso o petróleo e outra matérias-primas começaram a descer.
Acontece que com a taxa de referência em 1% o Fed quase esgotou o instrumento taxa de juro e cada vez mais a palavra deflação anda na boca dos analistas.
A deflação é o processo inverso ao da inflação. Ocorreu poucas vezes ao logo da história e é algo com que ninguém sabe lidar. Quando se sabe que os produtos serão mais baratos no futuro do que no presente adia-se o consumo e isso leva a uma redução da actividade económica e a uma diminuição do PIB. A ciência económica não têm soluções previstas para estes casos.
A economia japonesa está desde há cerca de dez anos a definhar e a tentar sair sem sucesso da deflação. Tentaram recorrer à política orçamental lançando um imenso programa de investimentos, para assim aumentar o emprego e o produto, mas além das obras, que não tiveram o impacto desejado, ficou uma dívida pública enorme e difícil de gerir.
Como o petróleo caro tem um impacto inflacionista em todos os sectores económicos, arrisco a pensar que talvez seja mesmo desejável o petróleo a 70 USD, o que só será possível com um enorme corte na produção. Este valor é o actual objectivo da OPEP, liderada desde ontem por Angola.
Do ponto de vista das empresas, não só em tempo de crise, mas permanentemente, devem estar preparadas para um mundo em mudança, exigente com concorrência muito feroz. Como dizia um dos mestres da gestão: A estratégia ganhadora do passado, não é a estratégia correcta para enfrentar o futuro.
A actual crise financeira, teve origem no crédito hipotecário americano, que permitiu a muitos americanos de baixo rendimento adquirir casa. O preço das casas, com a facilidade do crédito, aumentou muito, para valores especulativos que duraram 2 ou 3 anos. Depois, as casas desvalorizaram e os créditos hipotecários, de repente, passaram a ser muito superiores ao valor das casas. Como estes empréstimos estavam a ser financiados por bancos de investimento, fundos de pensões, etc… Quando os americanos de baixo rendimento deixaram de pagar,foi como que um castelo de cartas…
A explicação simplificada, mas que vale a pena ver aqui.
O Sr. Eng. Sócrates, a semana passada, veio dizer-nos que a culpa, da crise, era dos malandros dos EUA e que por cá "no passa nada".
Eu que vivo,só, do meu ordenado, que no espaço de um ano pago cento e tal euros a mais de prestação da Casa, que assisti à pouca vergonha que foi o caso BCP,que assisto ao roubo(penso que não há outra forma de o dizer) a que estamos a ser alvo por parte das gasolineiras, ouço,hoje, que 30% das PME's não pagaram subsidio de Férias e a previsão é que, "a coisa", se vai agravar no subsidio de Natal, ouvi também que a Auto-Europa vai parar uma semana por falta de encomendas e que os bons exemplos(Irlanda,Espanha,..)já declararam Recessão nos seus Países,Exijo,exigimos, saber toda a verdade.
Basta de propaganda!
Prof. António Câmara - Palestra
Agradecemos à Zona TV
. 25 abril(10)
. 80's(8)
. académica(8)
. adopção(5)
. adportomosense(11)
. aec's(21)
. alemanha(7)
. ambiente(9)
. amigos(5)
. amizade(7)
. angola(5)
. aniversário(9)
. antónio câmara(6)
. aquecimento global(7)
. armando vara(9)
. ass municipal(12)
. autarquicas 2009(46)
. be(7)
. benfica(13)
. blogosfera(16)
. blogs(38)
. blogues(19)
. bpn(6)
. casa velório porto de mós(10)
. casamentos gay(17)
. cavaco silva(8)
. censura(7)
. ciba(6)
. cincup(6)
. convidados(11)
. corrupção(7)
. crise(35)
. crise económica(8)
. cultura(7)
. curvas do livramento(10)
. democracia(7)
. desemprego(14)
. disto já não há(23)
. economia(25)
. educação(63)
. eleições(7)
. eleições 2009(55)
. eleições autárquicas(40)
. eleições europeias(12)
. eleições legislativas(46)
. escola(8)
. eua(8)
. europa(14)
. face oculta(18)
. freeport(14)
. futebol(39)
. futebolês(30)
. governo(6)
. governo ps(39)
. gripe a(8)
. humor(6)
. internacional(18)
. joao salgueiro(38)
. joão salgueiro(15)
. josé sócrates(7)
. júlio pedrosa(10)
. júlio vieira(6)
. juncal(31)
. justiça(11)
. liberdade(11)
. magalhães(6)
. manuela ferreira leite(13)
. médio oriente(10)
. medo(12)
. natal(13)
. obama(6)
. pec(8)
. pedro passos coelho(7)
. podcast(11)
. politica(12)
. politica caseira(6)
. porto de mós(119)
. porto de mós e os outros(41)
. portugal(27)
. presidenciais 2011(6)
. ps(48)
. psd(54)
. psd porto de mós(11)
. publico(9)
. religião(6)
. rtp(12)
. s.pedro(6)
. salgueiro(16)
. sócrates(81)
. socrates(62)
. teixeira santos(6)
. tgv(6)
. turismo(8)
. tvi(6)
. twitter(17)
. ue(17)
. vila forte(24)