Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2010

TEM A EUROPA MEDO DO ISLAMISMO?

Na semana passada, um tribunal francês recusou o visto de residência a um homem originário de um país árabe (ou muçulmano), casado com uma francesa, por o marido obrigar a esposa a usar burqha. Interrogado pelo tribunal, o marido confirmou que a obrigava a usar tal traje e acrescentou que as mulheres não eram iguais aos homens, eram seres inferiores e não tinham, por isso, os mesmos direitos. Face a estas declarações e atendendo à lei francesa que determina a igualdade de género (disposição legal comum a todas as civilizações ocidentais) o tribunal pronunciou-se pela negação da cidadania francesa ao convicto marido e mandou recambiá-lo para a sua terra natal (segundo me pareceu pela notícia). Esta decisão insere-se na discussão nacional francesa de autorizar ou não o uso de simbolos religiosos na vida pública daquela nação, tal como o véu muçulmano utilizado pelas senhoras. A França já, há muito, tinha proibido a exposição do crucifixo nas escolas francesas ou a utilização de simbolos religiosos cristãos nos estabelecimentos do Estado. Não nos podemos esquecer que a França foi a percursora da República na Europa com a Revolução Francesa. A França não é, apenas, a percursora do Estado laico na Europa mas é, estruturalmente, jacobina. Por curiosidade, lembro que Portugal foi o segundo país a implantar a República na Europa a qual nacionalizou a maior parte dos bens da Igreja Católica. Já antes, no tempo da Monarquia Constitucional, Joaquim António de Aguiar (1792-1834) declarou extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares, sendo os seus bens secularizados e integrados na Fazenda Nacional. Por isso, ficou conhecido com a alcunha do Mata-Frades. Já não falo do Marquês de Pombal e da sua perseguição aos Jesuítas porque, neste caso, se tratava, porventura, mais de uma questão política relacionada com o Poder (Cristo foi claro ao distinguir o que é de César e o que é do Reino de Deus, portanto...) Se este tem sido o prercurso da Europa em direcção a Estados laicos porque terá de abrir excepções em relação à religião muçulmana? Muito recentemente a Suíça proibiu a construção de minaretes nas mesquitas suíças (salvo erro, através de referendo que é como as coisas se resolvem naquele país que não tem praias como Portugal e, portanto, os suíços votam em referendos enquanto os portugueses optam por ir a a banhos). Foi um escândalo para as boas consciências europeias sempre prontas a defender as minorias, ou seja, aqueles que não compreendem e que, no fundo, consideram uns "desgraçadinhos", porventura, com limites em termos de inteligência. Se os suíços, na sua forma de viver, não permitem descarregar autoclismos a partir da 22H00 para não incomodar o vizinho, porque teriam de correr o risco de, um dia destes, serem obrigados a ouvir uma série de vezes por dia chamadas para a oração corânica? Se, em Portugal, não é permitido pendurar crucifixos nas salas de aula será, ao contrário, legítimo admitir simbolos islamistas nas salas de aula, corporizados no uso do véu islâmico?

Uma das questões que me preocupa com o uso de burqhas e trajes semelhantes é a problemática da segurança. Cheguei a consultar um advogado para saber se o uso de vestimentas que cobrem a cara das pessoas é permitida nos locais públicos. Para meu espanto, é permitido. Eu próprio posso passear-me de passa-montanhas em pleno centro comercial. Duvido é que a polícia não corra a identificar-me; faz o mesmo com as mulheres muçulmanas que por lá já começam a aparecer de cara tapada? No sábado passado, dois homens disfarçados, vestindo burqhas, entraram numa agência bancária de uma povoação francesa (Athis Mons) passando calmamente pelos seguranças. Uma vez dentro do banco, puxaram das armas que escondiam debaixo das burqhas e ameaçaram matar toda a gente. Fugiram com o dinheiro da caixa, naturalmente.

Na mesma temática e dúvidas nas sociedades europeias, insere-se a questão de aceitar ou não a adesão da Turquia à União Europeia, trazendo mais 76 milhões de muçulmanos para a União para além dos milhões que já cá estão (não contando, ainda, com o Abel Xavier, recém convertido ao islamismo, que parece que ainda não apareceu na Mesquita de Lisboa, embora apareça muito na televisão a explicar como se converteu).

Face a isto em que é que ficamos? Sarkhozy é um reaccionário, populista e jacobino empedernido que tem medo do islamismo em França? Os Suíços, idem? Enfim, os europeus em geral estão com medo do islamismo ou a questão traduz-se em defendermos os nossos valores civilizacionais que garantem a igualdade de género, a liberdade religiosa e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei? Eduardo Lourenço, o último grande ensaísta e filósofo português vivo disse que "a Europa será no futuro islâmica". Por mim, não vejo que daí viesse grande mal para a Europa desde que eu e todos os cristãos e membros de outras religiões pudessemos continuar a praticar a nossa fé com paz e sossego, bem como, não obrigassem os agnósticos e ateus a converterem-se ao islamismo e a rezar várias vezes por dia. Disso já nós tivemos por cá, quando D. Manuel I expulsou os judeus que se recusaram a converter-se à fé católica. Se Eduardo Lourenço tiver razão, a culpa também será das igrejas cristãs e dos seus fieis que se têm acomodado e esqueceram a sua missão primordial de evangelizar. O que me preocupa se a profecia de Eduardo Lourenço se cumprir, é saber se será aqui introduzida a prática, utilizada em muitos países muçulmanos, de perseguição aos cristãos, entremeada por algumas chacinas. Em muitos países muçulmanos nem sequer é permitida a existência de igrejas cristãs e, em países mais radicais, como a Arábia Saudita, a conversão ao cristianismo é punível com a pena de morte (já viste como tens sorte, Abel Xavier Faisal por viveres na Europa?). Se for assim, concordo que a Europa não pode consentir  e assistir impassivel à nova invasão do islamismo que irá destruir a sua civilização conquistada a partir da época do Iluminismo com muitas perseguições, guerras e dores de vária ordem (ademais, ficariamos sem poder publicar posts como este em blogues, inteligentes ou idiotas, não importa).

Termino este post (naturalmente polémico e susceptível de ser mal interpretado mas que tem a vantagem de não falar do Sócrates, do Carlos Queiroz, do Mário Crespo e da Manuela Moura Guedes) com uma sincera declaração de apreço, respeito e consideração pela comunidade muçulmana portuguesa que, seguindo a tradição dos tempos em que os árabes permaneceram naquilo que é hoje o nosso País durante 500 anos, se revelam de uma enorme tolerância, inteligência e bondade, mostrando que o islamismo é, na sua génese e essência, uma religião pacífica, rigorosa na fé mas acolhedora de todos os que procuram algo mais que o prazer, o consumismo e o egoísmo. Conviver é, afinal, possível.

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