Começo já a ficar com a sensação, de cada vez que procuro uma nova expressão para esta rubrica, que o baú se está a esgotar… À vigésima primeira edição começa a surgir aquela sensação “desta é que é, vamos ter de ficar por aqui … por falta de matéria-prima”. Depois acaba sempre por surgir mais uma e aí surge uma outra sensação que, por mais que a tenha aqui trazido, não deixa de me invadir o espírito sempre em tons de grande novidade. Refiro-me àquela sensação que tem um pouco a ver com o que em tempos se disse da Coca-Cola: primeiro estranha-se e depois entranha-se! Primeiro estranhamos a sonoridade da expressão e somos invadidos por uma percepção de “non sense” para, logo depois, a acharmos a mais natural do mundo, tão natural que não temos mais nada a fazer que encontrar-lhe todo o sentido que tem…
Invariavelmente, depois lhes apontar os vícios e os paradoxos, acabo por achar que fazem todo o sentido. A entrada fora de tempo não foge à regra!
Entrar fora de tempo não é mais do que chegar atrasado, como me parece indiscutível. Só que no futebolês, porque em futebol a bola é rainha, vedeta e estrela maior, como temos visto ao longo de todas estas semanas, tudo se passa em função dessa entidade central que é a bola. Daí que entrar traduza o entrar à bola, a atitude deliberada da sua conquista ou, no mínimo de a roubar ao outro. Como temos visto a bola é o que de mais precioso existe no jogo, o que é verdadeiramente surpreendente. Perceber que a bola, quando ainda por cima há ali tantas ao redor do campo, é mais preciosa que o Cristiano Ronaldo não deixa de ser reconfortante para todos nós que só percebemos que cem milhões é uma coisa com muitos zeros.
Conquistar a bola para si, ou simplesmente destruir a sua ligação ao adversário, num reflexo dos mais primários dos sentimentos das histórias de amor e ciúme e de faca e alguidar, dá o mote a um jogo que vive de paixões. Muitas vezes mais violentas que as dessas próprias historias de encontros e desencontros, de amores e de traições. Tudo se faz por essa conquista ou por esse roubo. Entra-se á bola de toda a maneira e feitio, esquecendo por completo que apenas se está à procura da mais preciosa donzela daquele reino, sem o mínimo de cavalheirismo, de elegância, de delicadeza, de charme. E como quem a tem dela não larga mão, tudo faz para frustrar as intenções dos que se atravessam no caminho da sua idílica relação, defendendo a sua princesa com todas as suas forças, a nada se poupando, sem regatear esforços e, muitas das vezes, com sacrifício do próprio corpo e muito em especial das próprias pernas. Um verdadeiro exemplo de sentido de defesa da sua dama!
É desta dialéctica, desta luta entre quem guarda e preserva um tão escasso e raro bem (uma para vinte e dois) e quem o tenta roubar, que nasce a entrada fora de tempo. Quando o putativo ladrão entra já, orgulhoso, o proprietário pôs a bola a salvo. Já ela lá não está e apenas encontra as pernas que o outro lá deixou, num sacrifício que a bola não dispensa como verdadeira prova de amor. Chegou atrasado!
A entrada fora de tempo, ao contrário da bola dividida, é penalizada. Eu acho que até deveria ser duplamente penalizada: por falta de pontualidade, um dos graves defeitos dos portugueses que, a não ser penalizado, nunca mais será corrigido, e pelos danos físicos causados no adversário. Deveriam ser mostrados dois cartões amarelos: um para cada sanção!
O problema é quando há confusões: é frequente vermos entradas fora de tempo do Bruno Alves (bom, aquilo é aterrador, é fora de tempo e fora de tudo o que é aceitável!) e dizerem-nos que não, que é uma bola dividida. E aqui há uns mesitos, num tempo de caça às bruxas e quando alguns ainda acreditavam que las hay, las hay, era um ver se te avias: bolas divididas do David Luiz passavam logo a entradas fora de tempo. Era limpinho!
Prof. António Câmara - Palestra
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