Terça-feira, 16 de Fevereiro de 2010

DESPEÇO-ME DE TODOS OS LEITORES DO "VILA FORTE", COM AMIZADE

Quando fui convidado para fazer parte do corpo editorial do "Vila Forte" hesitei bastante, por diversas razões, algumas das quais tive a oportunidade de expor no meu texto de apresentação aos leitores. Apesar de não ser frequentador da "blogosfera", incluindo o Vila Forte, não desconhecia as preferências partidárias dos seus editores. Contudo, a vontade do então corpo editorial de o alargar a outras maneiras de olhar e de ler a vida e a novas temáticas, convenceu-me a aderir. Naturalmente, também sabia que o "Vila Forte "nunca foi entendido pelos editores como uma entidade mas como um espaço onde cada um dava largas às suas convicções, aos seus estados de alma, aos seus humores, aos seus encantos e desencantos", como muito bem me explicou o Eduardo Louro recentemente o qual, aliás, foi quem lançou o meu nome para a mesa no sentido de ser convidado para nela me sentar. Neste enquadramento, fui publicando os meus posts sem grande incómodo, ou seja, sem que as posições dos colegas editores me chocassem, tanto mais que escrevia para os meus eventuais leitores e não para os colegas editores, conforme combinado em termos de "estatuto editorial".

Acabei por achar interessante esta forma de comunicação que nos traz reacções rápidas e desinibidas dos leitores, obrigando-nos a pensar na diversidade de opiniões que recebemos num curto espaço de tempo e, em consequência, a avaliar a justeza ou a pertinência da nossa própria opinião, relativamente às opiniões dos outros. Se alguma coisa me incomoda na vida é pensar que, um dia, poderei convencer-me que sou "dono" de alguma verdade, seja ela qual for. Sou apenas "dono" das minhas ideias, das minhas convicções e do meu código de valores pessoal e, evidentemente, não espero (nem quero) impôr esse meu código pessoal a ninguém. Naturalmente, se acredito nele, tento convencer os outros pela persuassão intelectual e nunca pelo insulto e, muito menos, por alguma atitude autoritária, se a pudesse ter. A verdade única em que todos têm que acreditar sob pena de serem ostracizados é uma atitude própria do totalitarismo e não da democracia.

Assim, vejo com muita apreensão o que se passa actualmente no nosso País. Parece que existe apenas uma verdade e, quem a contestar, entra numa espécie de "lista negra" dos que conspiram contra o "Estado de Direito". Os juízes passaram a ser os jornalistas e os políticos. Os verdadeiros juízes a quem compete julgar, se não alinham pelo mesmo diapasão, são considerados cúmplies dessa pretensa conspiração em curso contra o Estado de Direito, mesmo que sejam as mais altas figuras do Poder Judicial, como o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça ou o Procurador Geral da República. Os políticos felicitam um jornal por não cumprir uma decisão judicial, proclamam no Parlamento Europeu que Portugal não é um estado de direito e uma deputada do BE apresenta como prova de falta de democracia o facto de o Primeiro-ministro não ter impedido uma providência cautelar contra um jornal(?!). Um ex-Bastonário da Ordem dos dos Advogados chama publicamente "aldrabão de feira" ao Primeiro-ministro, numa linguagem de vulgar "carroceiro". A minha idade "obrigou-me" a viver até à idade adulta no fascismo e, nessa época de trevas,é que o Governo mandava nos Tribunais, a PIDE condenava pessoas, sem provas ou em julgamentos fantoches, à prisão e ao degredo por não aceitarem a verdade oficial e a Censura encarregava-se de não permitir a liberdade de expressão. Não me parece que estejamos, hoje, nesta situação. Portugal está doente, muito doente, no meu entendimento. Nenhum julgamento por quem de direito ainda foi feito aos pretensos factos imputados ao Primeiro-ministro, ao contrário, as declarações de quem tem prerrogativas constitucionais para o efeito, negam esses pretensos "crimes" contra a liberdade de expressão por parte do Primeiro-ministro. Mas este já foi julgado e condenado na praça pública e não são admitidas contestações ou recursos a essa decisão. Se calhar, não estamos mesmo num Estado de Direito mas numa praça pública da Idade Média cheia de populaça ululante que vai assistir à morte na fogueira de uma mulher só porque alguém lhe apontou o dedo, chamando-lhe bruxa.

Por isso, fiquei pasmado com o lançamento de um abaixo assinado no "Vila Forte" pelo colega editor Paulo Sousa a 8 de Fevereiro, sem qualquer consulta ou informação prévia ao corpo editorial do blog. Para mim, um abaixo assinado não é a mesma coisa que um post. Aceito, naturalmente, que o seja para os restantes editores do Vila Forte. Mas, como disse, tenho convições, valores e o meu próprio código de conduta que não quero impor a ninguém; mas quero viver de acordo com esse código de valores que sempre norteou o meu comportamento pessoal e as relações com os outros. Não concordo com a campanha orquestrada que se vive em Portugal para desgastar o Primeiro-ministro sem serem apresentadas alternativas. E a alternativa, num estado democrático, é a apresentação de uma moção de censura ao Governo no Parlamento, digam o que digam os políticos, incluindo alguns do PS, que acham não ser caso para isso. Agora, que a extrema esquerda está unida à direita num mesmo ideal, seria fácil aprovar essa moção de censura, provocar eleições e eleger um novo Parlamento. É assim que funciona a democracia e não com campanhas através dos órgãos de comunicação social. O que não concordo é que queiram criar uma situação de instabilidade política grave em Portugal, num momento de grandes dificuldades e ameaças para o País, sem que aceitem assumir as correspondentes responsabilidades. É o que povo chama "querer sol na eira e chuva no nabal" só que, entretanto, vão fazer apodrecer o milho e deixar secar as hortaliças. Nesse momento ficarão contentes mas os portugueses terão as arcas vazias e terão de esperar para a próxima colheita (se tiverem dinheiro para as sementes ou se arranjarem algum comerciante que lhas venda fiado, mesmo que seja ao dobro do preço).

Como não me sinto bem neste contexto, resta-me ir embora. Não quero qualquer ligação a organizações, de qualquer tipo, que façam duvidar da minha posição pessoal sobre estes acontecimentos. Não apenas não concordo com o que se  passa como me causam nojo intectual. Como qualquer cidadão, estou no meu direito de pensar pela minha própria cabeça e frequentar apenas as esplanadas onde me sinta confortável. Sem qualquer amargura ou beliscadura nas relações pessoais com os outros editores do Vila Forte, naturalmente.

Fico, contudo, com saudades dos meus leitores a quem agradeço a paciência de me terem lido. Em especial, agradeço àqueles leitores que comentaram os meus posts, concordando ou discordando: aprendi com todos a pensar melhor antes de transmitir publicamente as minhas ideias. Gostaria, para terminar, de explicar porque não respondi a todos os comentários que fizeram aos meus posts: uma questão técnica que não consegui resolver tornava o meu computador muito lento quando estava a responder aos vossos comentários. Escrevia duas letras e o computador parava, aquecia e só voltava a trabalhar mais tarde. Era absolutamente impossível esperar tanto tempo.

Um abraço para todos!

Manuel Gomes

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