Sou dos que acham que a mentira tem perna curta. Ou, como diz o ditado popular, que “se apanha mais depressa um mentiroso que um coxo”!
Acho que o seu antónimo, a verdade, é um valor integrante da ética e o principal sustentáculo da credibilidade. Faltar à verdade é mentir, mesmo que por omissão. Esconder a verdade é mentir! Não dizer a verdade toda é igualmente mentir!
Bem sei que a verdade é susceptível de um sem número de contingências. Porque ás vezes não é absoluta, cada um tem a sua sendo, nessas circunstâncias, difícil de apurar. E porque muitas vezes é dura!
Dela se diz que é como o azeite: que vem sempre ao de cima. Infelizmente nem sempre assim é, fica debaixo de muita coisa, escondida. O que não inviabiliza que seja verdade o que para trás foi escrito. O que não invalida que seja, sempre, a mãe da transparência e da credibilidade.
Vem isto a propósito de um tema que aqui abordei recentemente em duas ocasiões, uma a propósito do Orçamento para 2010 e outra a propósito da Mensagem de Natal do Primeiro-ministro (PM).
Em ambas acentuava a necessidade de o governo e o PM falarem verdade ao país. Na última, onde concluía que o PM continuava a optar por esconder a verdade, referia que ainda não me podia pronunciar sobre a mensagem do Presidente da República (PR) porque ela ainda não tinha acontecido, não era de Natal mas sim de Ano Novo.
Agora já o posso fazer e dizer, como unanimemente reconhecido, que o PR falou verdade ao país. Se já toda a gente o disse não acrescentarei nada ao dizê-lo também. Por isso vou virar-me para outro lado.
Tenho visto comentar esta dicotomia entre a verdade expressa pelo PR e a omitida pelo PM numa perspectiva determinística. Isto é, que teria de ser assim. Que o PM não poderia dizer a verdade sobre a situação do país porque isso desmotivaria ainda mais os portugueses. Que o seu papel teria de ser o de puxar pela auto-estima nacional. Ao invés, nessas mesmas opiniões, as palavras de verdade do PR, não produziriam esses efeitos ou, pelo menos, deixariam as coisas mais equilibradas. Ou seja, de um lado estaria um PR pessimista, a alertar para a dura verdade e, do outro, estaria um PM optimista, a puxar pelo ânimo dos portugueses. O que, atendendo ao óbvio confronto aberto entre as duas instituições, até teria que ser entendido com a maior das naturalidades: se as coisas estão como estão, o normal é que se um está de uma lado o outro esteja no oposto!
Nada me parece mais falso e, pior, mais perigoso.
Sem embarcar no catastrofismo Medina-carreirista, como aqui já dei conta, ou em qualquer outro semelhante dos muitos que por aí proliferam, é evidente para mim e creio que para todos nós, que o discurso do PR corresponde à verdade. Mas, como também sabemos, ele não detém o poder executivo, ou seja não está nas suas mãos outra coisa que não diagnosticar, avisar e recomendar. É ao PM que compete encontrar e implementar soluções!
E é aqui que está o problema. Ninguém procura, e muito menos encontra, soluções para problemas que não existem. Se alguém esconde os problemas como é que pode ter as soluções?
O que se exige ao PM e ao governo é que diga a verdade. Não num tom derrotista, de quem não tem soluções, mas num tom afirmativo e de esperança, de quem conhece os problemas e de quem tem as soluções. Por mais que doam!
Ao não escolher este caminho o PM está, pura e simplesmente, a desacreditar-se. A perder a credibilidade e, ao contrário do que se quer fazer crer, a empurrar para baixo o ânimo dos portugueses e não a puxar para cima a sua auto-estima!
Nesta quadra proliferam as mensagens de Boas Festas, um velho hábito social que se tem adaptado à evolução das tecnologias. Se os postais de Natal ainda vão tendo algum espaço nas relações profissionais e comerciais, no relacionamento pessoal reinam os sms e os e-mails, se bem que os primeiros já não sejam bem aquilo que eram há ainda poucos anos. São geralmente o dois em um, isto é, juntam os tradicionais votos de feliz Natal aos de feliz, mas também próspero, Ano Novo.
Por outra via – a televisão – chegam-nos as clássicas mensagens de Natal do Cardeal Patriarca de Lisboa, enquanto líder da comunidade católica, e do Primeiro-ministro (PM) e a de Ano Novo do Presidente da República. Assim é há muitos anos…
Sobre a primeira, que nem sequer ouvi, não me vou obviamente pronunciar. Nem sequer sobre a legitimidade do seu enquadramento nesta tríade: é assim, e não me interessa discutir agora se bem ou se mal. Sobre a terceira, como ainda não ocorreu, nada a dizer…
Pronto, está visto que eu quero é falar sobre a Mensagem de Natal do PM!
A primeira expressão que me ocorre é: francamente! Logo de seguida vem-me à memória aquela imagem do Diácono Remédios, e a sua mais famosa expressão transmitida naquele tom bem beirão, rural e profundo: não havia necessidade!
A oposição foi unânime (mais um pleno da oposição que este PM consegue) a referir que o PM vive noutro país, diferente daquele em que todos nós vivemos. Eu também acho mas, fundamentalmente, acho que o PM subverteu todo o espírito de uma mensagem de Natal. E que, de tão óbvia inversão da realidade, apenas nos conseguiu deixar muito mais preocupados e intranquilos. Muitos mesmo revoltados!
Quando numa suposta mensagem de Natal se utiliza o registo de um Tempo de Antena em campanha eleitoral já é caso para ficarmos de pé atrás. Quando isso acontece em plena crise política (num dos mais conturbados períodos de relacionamento institucional entre órgãos de soberania), social (numa das misturas mais explosivas de que temos memória em Portugal, que junta desemprego, como nunca antes visto, criminalidade e descrédito das instituições), económica (estagnação velha de mais de dez anos e sucessiva destruição e inviabilização do tecido económico) e financeira (descontrolo do défice e da dívida e um cenário de descrédito internacional) estamos perante uma obsessão pela campanha eleitoral.
Parece que o PM, embalado por um ano maioritariamente passado em campanha, ainda não percebeu que o longo ciclo eleitoral de 2009 já há muito terminou. Ou, então, acha mesmo que terminou mas que já aí está outro…
Seja ou que for nada de bom nos augura para o futuro e, em particular, para o próximo Orçamento Geral do Estado. Porque, ao arrepio do que aqui referi a propósito do Orçamento para 2010, o PM insiste em não falar verdade e em confundir convicções com obsessões!
Prof. António Câmara - Palestra
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