Sábado, 21 de Março de 2009
Preservativo não
Acho extraordinário que a simples alusão ao uso ou não de um preservativo seja o mote de abertura em todos os telejornais o facto mais importante desta visita notável do Papa a Angola.
Fico absolutamente intrigada com este facto : todos parecem saber o que é melhor para a Igreja : menos o Papa; mas ninguém quer que a as questões da fé passem para a letra da lei.
É importante relembrar uma verdade dita numa simples frase." A Deus o que é de Deus ; a César o que é de César" .
E é importante que se mantenha assim.
Sobretudo quando muitos se esquecem de cumprir com os Mandamentos da Santa Igreja. Ou dito de outra maneira; sou católico não praticante.
Então qual é a grande questão?
estou: é proibido proibir
De Si a 21 de Março de 2009 às 15:56
Não sei se percebi bem a pergunta, mas acho importante que se destaque aquilo que a Igreja Católica tem vindo a afastar-se da realidade crua e dura que se vive neste mundo. Mais ainda, quando poderia ter um papel fundamental na educação de comportamentos, se adoptasse uma postura colaborante e não repressiva. Se usasse o seu poder e recursos infindáveis para, de forma consertada, ajudar a travar a disseminação desta epidemia, em vez de se preocupar em 'evangelizar quem pratique feitiçarias' ou excomungar crianças violadas. Se apoiasse de forma eficaz os milhares de missionários abenegados que largam tudo para viver na mais completa miséria, nas profundidades do continente africano, lutando corpo a corpo com a doença e a fome de outros, de uma forma activa e não com teorias de quem vê tudo do alto do seu trono e da arrogância germânica, com medo de conspurcar a alvura das vestes.
Sou católica, por baptismo, mas realmente não sou praticante. A minha fé reside na crença de que o homem ainda é capaz de realizar feitos nobres se apelar ao que de melhor há em si próprio e por isso cultivo-o com pequenos gestos, ensinando, ao mesmo tempo, a minha filha a repeti-los. O Papa não é mais do que um homem, a quem acontecimentos que nada têm a ver com religião e fé, foi dado o lugar de 'Chefe' de uma Igreja Católica cada vez mais fechada em si mesma, pela inflexibilidade dos seus dogmas, mas cada vez mais poderosa economicamente. E isto certamente é o que é melhor para ela própria....
Sou católica, por baptismo, mas realmente não sou praticante. A minha fé reside na crença de que o homem ainda é capaz de realizar feitos nobres se apelar ao que de melhor há em si próprio e por isso cultivo-o com pequenos gestos, ensinando, ao mesmo tempo, a minha filha a repeti-los. O Papa não é mais do que um homem, a quem acontecimentos que nada têm a ver com religião e fé, foi dado o lugar de 'Chefe' de uma Igreja Católica cada vez mais fechada em si mesma, pela inflexibilidade dos seus dogmas, mas cada vez mais poderosa economicamente. E isto certamente é o que é melhor para ela própria....
De Anómico a 21 de Março de 2009 às 19:20
Comentário apagado.
De Si a 21 de Março de 2009 às 20:20
Ana,
Longe de mim criticar a sua postura, já que, felizmente, ainda vivemos num país onde podemos defender as nossas opiniões e partilhá-las, lançar questões e discuti-las abertamente, como tão bem se faz neste espaço.
Discordo apenas.
Os 'ses', infelizmente, não levam a lado nenhum, nem se pode esperar por alterar profundamente comportamentos culturais com base em mandamentos que nada têm a ver com a ancestralidade africana. É preciso intervir, é preciso resolver, é preciso actuar, porque a morte não se compadece, nem de homens, nem de mulheres, nem de crianças. Aliás, SE todos seguíssemos os mandamentos, não era só a Sida que se controlaria; nem guerras haveria neste mundo, já que Deus disse 'não matarás'.
Por outro lado, a relação que a Igreja Católica tem com a Divindade também nada tem a ver com esta questão, porque as Escrituras falam de um ser humano complacente, compassivo, compreensivo e tolerante, algo que a Igreja nunca foi ao longo dos séculos, optando pela perseguição, pela acusação, pelo julgamento e condenação arbitrária.
Criticar um homem que se dedicou a uma causa, também não me faz impressão. Não nos enganemos. É uma causa dele, uma ambição própria, tão fácil é ceder à tentação de conseguir ser a pessoa mais importante do planeta, detentor da última palavra sobre as almas dos seus seguidores. Ele, como os outros, entenda-se, embora não seja novidade para ninguém a sua postura ainda mais conservadora.
É por isso que me revolto. Não porque me faça alguma mossa aquilo que Bento XVI diz, porque posso sempre optar por não ouvir, mas porque com os meios inesgotáveis e sumptuosos que detém, a Igreja Católica podia fazer alguma coisa de útil e ter verdadeira compaixão cristã, em vez de apelar a teorias e conselhos que de nada servem.
(Entretanto, e como é evidente, o meu respeito por si e por todos os editores deste blog, continua pereitamente intacto : ) : )
Longe de mim criticar a sua postura, já que, felizmente, ainda vivemos num país onde podemos defender as nossas opiniões e partilhá-las, lançar questões e discuti-las abertamente, como tão bem se faz neste espaço.
Discordo apenas.
Os 'ses', infelizmente, não levam a lado nenhum, nem se pode esperar por alterar profundamente comportamentos culturais com base em mandamentos que nada têm a ver com a ancestralidade africana. É preciso intervir, é preciso resolver, é preciso actuar, porque a morte não se compadece, nem de homens, nem de mulheres, nem de crianças. Aliás, SE todos seguíssemos os mandamentos, não era só a Sida que se controlaria; nem guerras haveria neste mundo, já que Deus disse 'não matarás'.
Por outro lado, a relação que a Igreja Católica tem com a Divindade também nada tem a ver com esta questão, porque as Escrituras falam de um ser humano complacente, compassivo, compreensivo e tolerante, algo que a Igreja nunca foi ao longo dos séculos, optando pela perseguição, pela acusação, pelo julgamento e condenação arbitrária.
Criticar um homem que se dedicou a uma causa, também não me faz impressão. Não nos enganemos. É uma causa dele, uma ambição própria, tão fácil é ceder à tentação de conseguir ser a pessoa mais importante do planeta, detentor da última palavra sobre as almas dos seus seguidores. Ele, como os outros, entenda-se, embora não seja novidade para ninguém a sua postura ainda mais conservadora.
É por isso que me revolto. Não porque me faça alguma mossa aquilo que Bento XVI diz, porque posso sempre optar por não ouvir, mas porque com os meios inesgotáveis e sumptuosos que detém, a Igreja Católica podia fazer alguma coisa de útil e ter verdadeira compaixão cristã, em vez de apelar a teorias e conselhos que de nada servem.
(Entretanto, e como é evidente, o meu respeito por si e por todos os editores deste blog, continua pereitamente intacto : ) : )
De Ana Narciso a 21 de Março de 2009 às 19:32
Percebeu sim e desde já agradeço o seu comentário que me fez aprofundar a um pouco mais este assunto. Não creio que a Igreja tenha de mudar uma vírgula à sua forma de se entender e viver com a divindade que venera. Se alguém não se enquadra nessa forma de estar e de viver a religião , parece que o mais óbvio e deixar de a praticar, não praticar nenhuma ou praticar outra. Eu posso não concordar (e não concordo , mas não me insurjo contra quem dedicou toda a sua vida a uma causa. E não é um homem vulgar que consegue aquela multidão à sua passagem por um país. O que não pode acontecer é dizer que se é católico , não praticar e criticar quem pratica e quem acredita. Mais , se a castidade e a abstinência fossem de facto praticados, conforme os mandamentos, seguramente a Sida apresentaria níveis muitíssimo baixos. Sabemos, também, que a SIDA é uma doença de comportamento... logo se mudarmos o comportamento mudaremos os níveis avassaladores e devastadores desta doença em África e em todo o mundo. Esta é a verdadeira mensagem do Papa e não outra. E tem razão . A SIDA não se trava com o preservativo, trava-se com a alteração de comportamentos, entre infectados e não infectados. E neste ponto em concreto , todos estamos de acordo, o Papa, os médicos e a generalidade dos cidadãos .
Como o ex-bispo de Leiria Fátima uma vez disse: “O preservativo pode ser um gesto inteligente" e pode. E tem perdão. Mas não entenda das minhas palavras qualquer falso moralismo ou arrogância moral , nada disso é apenas o fruir do pensamento sobre um assunto que mexe com todos nós.
Como o ex-bispo de Leiria Fátima uma vez disse: “O preservativo pode ser um gesto inteligente" e pode. E tem perdão. Mas não entenda das minhas palavras qualquer falso moralismo ou arrogância moral , nada disso é apenas o fruir do pensamento sobre um assunto que mexe com todos nós.
De Si a 22 de Março de 2009 às 00:22
A minha resposta ao seu comentário aparece na coluna da direita e não aqui... terei feito mal alguma operação para comentar nesta Vila Forte??
De Ana Narciso a 22 de Março de 2009 às 10:37
Ana,
Longe de mim criticar a sua postura, já que, felizmente, ainda vivemos num país onde podemos defender as nossas opiniões e partilhá-las, lançar questões e discuti-las abertamente, como tão bem se faz neste espaço.
Discordo apenas.
Os 'ses', infelizmente, não levam a lado nenhum, nem se pode esperar por alterar profundamente comportamentos culturais com base em mandamentos que nada têm a ver com a ancestralidade africana. É preciso intervir, é preciso resolver, é preciso actuar, porque a morte não se compadece, nem de homens, nem de mulheres, nem de crianças. Aliás, SE todos seguíssemos os mandamentos, não era só a Sida que se controlaria; nem guerras haveria neste mundo, já que Deus disse 'não matarás'.
Por outro lado, a relação que a Igreja Católica tem com a Divindade também nada tem a ver com esta questão, porque as Escrituras falam de um ser humano complacente, compassivo, compreensivo e tolerante, algo que a Igreja nunca foi ao longo dos séculos, optando pela perseguição, pela acusação, pelo julgamento e condenação arbitrária.
Criticar um homem que se dedicou a uma causa, também não me faz impressão. Não nos enganemos. É uma causa dele, uma ambição própria, tão fácil é ceder à tentação de conseguir ser a pessoa mais importante do planeta, detentor da última palavra sobre as almas dos seus seguidores. Ele, como os outros, entenda-se, embora não seja novidade para ninguém a sua postura ainda mais conservadora.
É por isso que me revolto. Não porque me faça alguma mossa aquilo que Bento XVI diz, porque posso sempre optar por não ouvir, mas porque com os meios inesgotáveis e sumptuosos que detém, a Igreja Católica podia fazer alguma coisa de útil e ter verdadeira compaixão cristã, em vez de apelar a teorias e conselhos que de nada servem.
(Entretanto, e como é evidente, o meu respeito por si e por todos os editores deste blog, continua perfeitamente intacto : ) : )
P.s. O comentário quea SI enviou e não ficou visível.
Longe de mim criticar a sua postura, já que, felizmente, ainda vivemos num país onde podemos defender as nossas opiniões e partilhá-las, lançar questões e discuti-las abertamente, como tão bem se faz neste espaço.
Discordo apenas.
Os 'ses', infelizmente, não levam a lado nenhum, nem se pode esperar por alterar profundamente comportamentos culturais com base em mandamentos que nada têm a ver com a ancestralidade africana. É preciso intervir, é preciso resolver, é preciso actuar, porque a morte não se compadece, nem de homens, nem de mulheres, nem de crianças. Aliás, SE todos seguíssemos os mandamentos, não era só a Sida que se controlaria; nem guerras haveria neste mundo, já que Deus disse 'não matarás'.
Por outro lado, a relação que a Igreja Católica tem com a Divindade também nada tem a ver com esta questão, porque as Escrituras falam de um ser humano complacente, compassivo, compreensivo e tolerante, algo que a Igreja nunca foi ao longo dos séculos, optando pela perseguição, pela acusação, pelo julgamento e condenação arbitrária.
Criticar um homem que se dedicou a uma causa, também não me faz impressão. Não nos enganemos. É uma causa dele, uma ambição própria, tão fácil é ceder à tentação de conseguir ser a pessoa mais importante do planeta, detentor da última palavra sobre as almas dos seus seguidores. Ele, como os outros, entenda-se, embora não seja novidade para ninguém a sua postura ainda mais conservadora.
É por isso que me revolto. Não porque me faça alguma mossa aquilo que Bento XVI diz, porque posso sempre optar por não ouvir, mas porque com os meios inesgotáveis e sumptuosos que detém, a Igreja Católica podia fazer alguma coisa de útil e ter verdadeira compaixão cristã, em vez de apelar a teorias e conselhos que de nada servem.
(Entretanto, e como é evidente, o meu respeito por si e por todos os editores deste blog, continua perfeitamente intacto : ) : )
P.s. O comentário quea SI enviou e não ficou visível.
De Ana Narciso a 22 de Março de 2009 às 00:32
Não sei porquê , mas o seu comentário não fica visível, talvez mais tarde apareça. É curioso , que do meu ponto de vista , só discordamos na forma . ambas reconhecemos que se a prática estivesse mais perto do que a Igreja defende que o Mundo estaria bem melhor. Ou seja uma coisa é o Divino outra bem diferente é o comportamento do homem e outra ainda mais diferente a interpretação ao longo dos séculos. Nem sempre a interpretação do que está nas escrituras tem sido a mais correcta ou a mais próxima. Repito aqui , o que já disse noutro post: a Igreja deve permanecer para além do tempo que dura uma vida, e se por acaso durante o seu percurso alguém se afastou, criticou, abandonou e se por qualquer motivo quiser regressar , deve sentir-se em "casa" uma casa onde tudo continua na mesma, uma casa familiar." Continuo a achar que a mensagem do PAPA foi num sentido e que a interpretação do que disse vai noutro, tal como sempre aconteceu ao longo dos séculos.
De Emanuel Santana a 23 de Março de 2009 às 00:13
Eu apenas faço uma questão! Foi Deus que ligou cá para baixo e disse que usar o preservativa ia de encontro à igreja?!
A igreja precisa de perceber de uma vez por todos que além de defender os seus princípios precisa de defender a Humanidade e não me parece que o não uso do preservativo o faça. Não é por este caminho que conseguem cativar mais fieis
Cumprimentos
A igreja precisa de perceber de uma vez por todos que além de defender os seus princípios precisa de defender a Humanidade e não me parece que o não uso do preservativo o faça. Não é por este caminho que conseguem cativar mais fieis
Cumprimentos
De Ana Narciso a 23 de Março de 2009 às 13:40
Alguém , por acaso . já esteve inundado de desejo e parou para pensar : espera agora vamos colocar o presvativo" ? Será que estamos a falar do mesmo? ou pelo contrário , sabe que etá infectado e proteje a sau saúde e a dos outros?
De Jorge Oliveira a 23 de Março de 2009 às 15:41
Cara Ana Narciso estava na dúvida de lhe responder mas aqui vai, a Senhora pelos vistos não conhece a África que o papa (letra pequena de propósito ) visitou porque se conhecesse saberia que é normal terem mais do que uma mulher e até incentivado por elas visto que homem que tem poucas mulheres não é homem o suficiente para ser pai dos seus filhos, e saberia que existem populações dispersas a centenas de quilómetros de serviços básicos de saúde e toda a base da sociedade é organizada por chefes e feiticeiros que ao longo destes anos têm dito ás populações que controlam, que o preservativo é coisa do diabo porque impede as mulheres de terem os filhos que Deus quer.
Acha normal que um país como Moçambique tenha perto de 20% da população infectada e venha um individuo dizer que o preservativo ainda é pior e aconselhar a não fazerem sexo, quando a estrutura organizacional deles é completamente a oposta. das duas uma ou o papa é mal intencionado ou é ignorante, porque se não queria ir contra as suas convicções ocidentais ficasse pelo menos CALADO.
Acha normal que um país como Moçambique tenha perto de 20% da população infectada e venha um individuo dizer que o preservativo ainda é pior e aconselhar a não fazerem sexo, quando a estrutura organizacional deles é completamente a oposta. das duas uma ou o papa é mal intencionado ou é ignorante, porque se não queria ir contra as suas convicções ocidentais ficasse pelo menos CALADO.
De Ana Narciso a 23 de Março de 2009 às 20:19
Tem razão, eu não conheço África e pela sua descrição será que noto alguma desconsideração pelos hábitos culturais dos africanos? Corrija-me se estiver enganada. O que sei é que apesar de campanhas sucessivas de distribuição de preservativos a SIDA não pára de crescer naquele continente. Os números não enganam . O Papa apenas disse o que os números confirmam. Há que procurar novas abordagens para este grande problema. Não tenho qualquer dúvida sobre esta questão. O meu problema é como chegar perto e alterar comportamentos. esse é uma questaõ para a qual ainda não tenho resposta. E o Jorge, tem?
Agradeço o seu post. Só contrargumentando vamos sedimentando o nosso ponto de vista. Obrigada por isso.
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