Quarta-feira, 8 de Outubro de 2008

Kosovo

Depois do Kosovo ter declarado unilateralmente a independência da Servia a 17 de Fevereiro, Portugal mostrou-se cauteloso com o reconhecimento da sua independência. O assunto é delicado e o precedente incomoda outros países com regiões independentistas como é o caso de Espanha.

O facto do Kosovo se tratar de um país maioritariamente muçulmano e da Servia pertencer aos países da esfera de influência da Rússia, terá pesado para que a sua independência tivesse o apoio dos EUA desde a primeira hora. A administração americana de uma só vez consegue um aliado muçulmano, que não lhe negará fidelidade, e afronta a influência russa na região. Ao fazê-lo passa a bola à UE que terá de gerir um dossier explosivo. Se for bem sucedida, o que acontecerá se o reacendimento do conflito for evitado, sairá politicamente reforçada. Mas este tipo de questões dependem muito do empenho do país que preside à UE e a rotatividade cria facilmente uma intermitência de intenções que não é favorável ao sucesso. A entrada da Sérvia na UE poderá ser uma moeda de troca para arrefecer os ânimos nacionalistas, mas tudo dependerá dos líderes políticos e da vontade dos sérvios em se juntar ao confuso clube dos 27.

Desde Fevereiro que Portugal sempre assumiu que iria reconhecer a independência, sem concretizar quando. Os líderes sérvios não ficaram assim surpreendidos pela posição tomada ontem pela diplomacia portuguesa, que até por um questão de alinhamento diplomático com os restantes Estados Membros da UE era inevitável.

A independência do Kosovo não se poderá desligar, antes pelo contrário, da questão georgiana. Após o excesso do Presidente da Geórgia em ocupar militarmente a Ossétia do Sul e a Abkhazia, a Rússia agiu apoiando igualmente os independentistas fazendo comparações com o caso do Kosovo.

O xadrês joga-se por isso  em vários tabuleiros.

A decisões da diplomacia Portuguesa ultrapassam largamente as questões politico-partidárias. Pelas razões apresentadas ontem no Parlamento pelo portomosense Luis Amado, concordo com o reconhecimento da independência do Kosovo.

publicado por Paulo Sousa às 12:51

editado por Pedro Oliveira em 13/10/2008 às 15:12
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De Paulo Sousa a 9 de Outubro de 2008 às 09:00
Público 09.10.2008
Sobre geopolítica

1. Como age a crise financeira sobre a cena política internacional? Como um catalisador. Não modela uma nova ordem, antes revela e acelera tendências. Seria diferente, se desse lugar a uma crise económica como a de 1929. Olhemos quatro exemplos.
O primeiro é o Irão. O cenário do bombardeamento preventivo, reactivado ao longo de Agosto, era em boa medida uma ameaça para reforçar a pressão sobre Teerão e os europeus. Mas não podia ser excluído. Foi anunciado para uma data a seguir às eleições americanas. Em plena crise e perante o défice de liderança em Washington, torna-se impossível: quem ousaria lançar uma nova bomba incendiária sobre os mercados?
Tudo indica que a via diplomática será reactivada. A sua viabilidade depende de uma negociação directa entre os EUA e o Irão. Se o Irão é uma incontornável potência regional, com um enorme poder de perturbação, os seus dirigentes têm consciência da vulnerabilidade económica.
Não é uma boa notícia para o Presidente Ahmadinejad, que vive da tensão. A poucos meses das eleições, com o petróleo em baixa e uma economia devastada, a sua cotação não é famosa. Deverá prestar contas.

2. A crise financeira ameaça produzir uma "desvalorização estratégica" da Rússia. O Kremlin começou por a olhar como um enfraquecimento da América e uma oportunidade de alargar a sua liberdade de acção. "Nenhum factor externo nem pressões sobre a Rússia farão mudar o nosso curso estratégico", declarou, ainda na semana passada, o Presidente, Dmitri Medvedev. Subitamente, na terça-feira, um dos seus conselheiros declarava ao Financial Times que, depois da crise da Geórgia, Moscovo quer restabelecer as boas relações com o Ocidente, para travar o êxodo do investimento estrangeiro, crucial para a modernização, e responder ao "um insalubre clima de falta de confiança". Na véspera, a Bolsa russa tivera uma quebra de 19 por cento.
O que assusta Moscovo não é o crash bolsista, que aconteceu aos melhores, mas a revelação da fragilidade duma economia assente na exportação do gás e do petróleo. É uma arma e uma "alavanca negocial" perante a UE. Mas "pés de barro" não sustentam a sua nova "ambição imperial". Pior: a crise agrava a factura da guerra da Geórgia. Os diplomatas sublinham o desamparo de Moscovo, após a quebra de confiança do Ocidente e a recusa de apoio da China. O próximo teste será o seu comportamento na Ucrânia.

3. Os sinais mais importantes vêm da Ásia. Se sofre com as turbulências financeiras, as suas economias têm uma estrutura mais adequada para resistir aos riscos de devastação. Muitos especialistas anunciam que esta crise acelerará a deslocação do centro do mundo para a Ásia e a emergência de um mundo multipolar.
Falar da Ásia é antes de mais falar da China. Pequim cooperará responsavelmente para a absorção da crise. Ao longo de duas décadas, financiou o endividamento americano, acumulando exponenciais taxas de crescimento e gigantescas reservas financeiras. O que se traduziu num fascinante "jogo geopolítico" que Lawrence Summers, antigo secretário do Tesouro americano, definiu como um sistema de "Destruição Mútua Assegurada (MAD)", à imagem do equilíbrio
nuclear da guerra fria.
Ora, os chineses sabem que este modelo se esgotou e que os EUA terão de deixar de viver do endividamento. O analista económico Ding Yifan anota, no oficioso China Daily News, que a crise compromete a hegemonia financeira dos EUA e prevê o abandono do "modelo económico neoconservador".
Ele e outros economistas chineses formulam a grande interrogação: pode a China continuar a apostar "no velho modelo de usar as exportações como motor do desenvolvimento"? Qual vai ser o novo modelo?
De repente, a "Ásia tem medo de uma América fraca" perante a emergência de uma China mais poderosa, explica Philip Bowring no International Herald Tribune. Que conflitos surgirão?

4. Por fim a América, onde tudo começou. A crise passou a condicionar a eleição presidencial. Se o desfecho é uma incógnita até à contagem dos votos, desde já se anuncia um inexorável ocaso da "era conservadora" e do seu modelo económico, tal como a mudança do estatuto internacional dos EUA: a marcha para o dito mundo multipolar.
Esta crise, que atinge todo o mundo, pode ter sido o seu último "momento unipolar".
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