"O que derrotou o Estado Novo foi a guerra colonial. Aquilo que eu acho que vai derrotar esta democracia de 76 é a economia."
De ricardo a 3 de Maio de 2009 às 23:37
Desta entrevista o conceito que mais salta a atenção é mesmo "democracia de 76". Democracia essa que ainda hoje está bem patente e demasiado visivel nos orgão politicos de hoje (Note-se: ano de 2009).
Quer Medina Carreira contar que desde esse ano que nada mais mudou no mundo, em Portugal, na politica ou na economia. É essa também a minha visão
Começa depois a falar dos ex.primeiros ministros começa a visar a partir de Guterres.
E tem uma que é imperdível e muito, mesmo muito verdadeira o desemprego não é uma causa mas sim uma consequência.
Consequência de que algo vai mal e enquanto não descobrirmos e defenir-mos o que é..... Nada se resolve.
De medidas e medidinhas está ele farto....Ele e todos os que tem alguma atenção.
Fala numa revolução em 10anos....Será tanto tempo assim?
Algures fala na disparidade entre o rico e o pobre... Aponta que o pobre está descontente porque não ter carro, não poder ir á praia e consolar-se com uma bucha ocasional.
Neste ponto tem de se actualizar...Não são esses os principais problemas do pobre experimente antes:
Há arroz atum e salsichas no armário o pão vem em quantidades bem mais reduzidas, o filho não tem muito do que precisa, o trabalho não existe, as dívidas acumulam, as chatices aparecem as dívidas nao se pagam mas também já não se fazem, o ambiente em casa está a decair, as tensões aumentam e depois....
O QUE RESTA?..........................?????????!!!!!!!!!!!!!!????
De Portomaravilha a 4 de Maio de 2009 às 21:40
Caro Paulo Sousa,
Tive dificuldade em ouvir porque a imagem e o som estão sempre a "cair". Ou se calhar é o meu computador.
No no que diz respeito à educação, lembro que o blog "geração rasca" apresentou links para o relatório da Ocde, quer em Francês quer em Inglês, relativo às suas directivas quanto à educação. Relatório que data de 1996 e que continua em vigor.
Foi publicado a 7 de Janeiro do ano em curso no "geração rasca".
Penso que pode ajudar a compreender porque é que a escola pública anda com tantos problemas nos países europeus.
E Viva o Porto !
Caro Portomaravilha,
Talvez que essa crise do ensino se prenda com algo que o Dr. Medina Carreira aqui refere. Quando a 'escola inclusiva' passa a ser universal e como tal uma obrigação, deixa de ser um direito pelo qual se aspira e assim, passa a ser algo imposto. Nessa linha, o Professor é o carcereiro de uma prisão.
Basta que 10 ou 20% dos alunos de uma escola que ajam nesta lógica e o ambiente escolar fica totalmente diferente do que foi há alguns anos atrás.
De Portomaravilha a 5 de Maio de 2009 às 23:04
Caro Paulo Sousa,
Para ser franco, levei tempo a entender o que entendia por escola inclusiva.
É que esta já existe há décadas aqui.
Não sei se vou ser coerente . Trata-se dum comentário e não duma tese.
Vamos partir do preambulo que a escola, como instituição de estado, tem por função primeira de reproduzir as classes sociais.
Esta tese não é minha, mas de Althusser que, diga-se de passagem foi um estalinista, quanto a mim, recusando uma das principais leis da dialéctica : a negação da negação.
A análise de Althusser quanto à escola foi brilhante.
Até à década 90 , a França vive com uma escola inclusiva que não levanta problemas. Escolariedade obrigatória até aos 16 anos. Quem não vai perde o abono e regalias sociais.
Uma escola que apresenta várias alternativas. Quem não pode ir para o ensino liceal vai para o professional. Ensino profissional que é valorizado.
Na escola pública as areas de escolha são muitas. E dezassete por cento de filhos de operários acedem ao ensino superior. Dando "sangue novo" às elites e criando quadros conscientes das dificuldades do dia a dia da classe trabalhadora.
E a escola profissional tem pontes para o ensino superior.
Podemos pensar que a concepção Gaulista do estado ainda existe, nessa época. Um estado que tenta dar as mesmas chances para todos . O que não significa que todos são iguais.
Melhor dizendo, o estado Gaulista compreendeu que era impossível dirigir uma sociedade de modo fechado, em que as classes sociais se reproduzem entre si. Não havia e havia que evitar uma sociedade de castas. Por exemplo, Monary, antigo garagista, foi ministro da educação nacional.
A chegada dos sociais democratas ao poder, com o socialista Lionel Jospin, primeiro como ministro da educação e, em seguida, como primeiro ministro, vão alterar dados essencias e conquistas históricas.
É fixado que 80 por cento duma camada etária alcance o exame do "baccalauréat" (12º ano ).
Em paralelo, estou a ser reductor mas não tenho tempo, o ensino profissional é desvalorizado. E as subvenções são cortadas no ensino pro ,assim várias areas do ensino pro são deixadas sem qualquer centavo. Sinónimo de extinção.
Interessa, no inconsciente das famílias, que o filho tenha o "Baccalaureat". Matracagem publicitária !
A porta fica aberta para o ensino privado que esse vai florescer recuperando as formações pro do público.
E vai recuperá-las eliminando as matérias que incomodam : Historia, por exemplo.
O relatório da ocde que o blog "geração rasca" do Mr Cosmos publicou parece-me elucidar o porquê da falta de vontade política em criar um ensino público adaptado a todos.
Talvez aí os professores já não fossem carcereiros !
Pensar pôr em concurrência, tal como no mercado, a escola pública e privada é utópico ou perigoso a curto prazo.
Uma classe que não se regenera morre ( não é de mim mas de Marx ).
A crise actual que não é financeira, mas económica. E parece mostrar que o mercado não obedece à lei da troca ( échange ).
E Viva o Porto !
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