Comemora-se hoje o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, como diria Cavaco Silva, o dia da "Raça"(ou Tugasday)
Mas afinal o que é ser Português? O que nos diferencia dos outros?
Assim de repente acho que estamos cada vez mais parecidos com os demais cidadãos da Europa, já não levamos o farnel para a praia, já não deitamos papeis para o chão, já não cuspimos para a rua, para comer os pratos tradicionais já só em feiras gastronómicas ou em casa da mãe e da sogra, vamos de "vacances" para o estrangeiro, andamos tão ou mais endividados que os ricos da Europa, mas afinal o que nos continua a diferenciar?
Infelizmente o mesmo que nos diferenciava há uns anos e teima em continuar, a baixa instrução e formação das pessoas, o faciltismo socrático vai ainda aumentar esse fosso, continuamos no desenrasca, não há planeamento, as pessoas não participam na vida das colectividades e no dia a dia da sua rua, do seu bairro, da sua freguesia, continuamos invejosos com o que tem o vizinho, continuamos à espera que seja o estado a resolver os nossos problemas, continuamos a não ser exigentes com quem devíamos e achamos todos que somos os maiores e como nós não há igual.
Fernando Pessoa dizia que "o português é capaz de tudo, logo que não lhe exijam que o seja, porque somos um grande povo de heróis adiados"
E para si o que é ser Português?
«O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos.
Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades.»
Almada Negreiros
De Rui a 10 de Junho de 2009 às 18:16
Ser Português é continuar a viver acima das suas possibilidades, ter uma casa de 200 000 euros,quando só pode ter uma de 100 000, ir deférias para as caraíbas quando só podem ir para S. Martinho do Porto, ter dinheiro para um clio e comprar um Laguna e finalmente somos um povo maravilhoso a desejar o que os outros têm sem nada fazer para o atingirem.
Ser Tuga é ser manassa!
De Portomaravilha a 10 de Junho de 2009 às 19:42
Boaventura de Sousa Santos , escreveu na revista "Via Latina " , já é antiga, data de Maio de 1991 um artigo intitulado : "Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal "
E cita Enzensberger. Eis um pequeno texto deste poeta e filósofo Alemão que escreveu que só os Portugueses é que não gostam dos Portugueses.
Antes do texto : Felizmente que já não se fala de raça Portuguesa. Raça há só uma : A humana ! E aí , geneticamente, tenho razão.
Eis o texto :
Europa , Europa : Meditações Portuguesas !
“Meditações Portuguesa” é o título dum dos capítulos do livro de Hans Magnus Enzensberger : Ach Europa !
Hans Magnus Enzensberger é poeta, filósofo e jornalista.
Europe, Europe! é a tradução de Ach Europa !, ( Frankfurt 1987 ) . A tradução Francesa é de Pierre Gallissaires e de Claude Orsoni. Esta data de 1988 (edições Gallimard ).
Não faço a mínima ideia se a obra de Enzensberger está ou não traduzida em Português. E já nem me lembro como este livro me chegou às mãos. O livro foi, conforme as fontes acima citadas, pra ticamente publicado aquando da entrada de Portugal na CEE.
O extracto que passo a traduzir ( via a língua Francesa) parece-me interessante, apesar de não ser recente. Dá uma visão dos Portugueses que me parece questionante, quanto a mim.
Passo a citar ( páginas 179 e 180 para a edição Francesa )
“ O alto funcionário Europeu que encontrei em Lisboa, um Holandês , não párava de se esfregar as mãos e estava persuadido que bastava ter paciência com os Portugueses. Para ele, estes não estavam ainda muito avançados e havia, simplesmente, que os encorajar e felicitar tal como se faz com um bravo camponês. E, como tal, não tardariam a serem racionais. O que duvido muito.
Porque o que os Portugueses opõem à racionalidade capitalista não é unicamente a sua inaptitude. É uma resistência. (...) Eles ficam presos às virtudes que lhes são próprias, à sua tolerância patológica, ao seu cepticismo que só cede perante o maravilhoso, à sua genorosidade inconsciente, às virtudes que são talvez utópicas e que lhes custam caro porque, para o mundo do progresso, equivalem a pecados mortais. Mas voltarão estas um dia ? Este assunto não está ainda resolvido. O que defendem os Portugueses, por vezes de maneira confusa e involuntária, mas sempre com tenecidade, não é uma possessão, mas os seus desejos. É justamente o que ninguém possui. O que este povo incarna é a critica da razão. “
E Viva o Porto !
De Anómico a 11 de Junho de 2009 às 00:03
Eu não vou responder, pois como sabes descobri há pouco o que há de pior no povo português. Ou pelo menos nalguns dos seus exemplares...
O comentário acima do anónimo é meu. Por lapso não me identifiquei!
Abraço.
«Não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista.
Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais.
Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões.
Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.
Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.
Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.
Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça.
Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. (...) Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar "sinais de esperança" ou "mensagens de confiança". Quem assim age tem apenas a fórmula e a retórica. Dê--se o exemplo de um poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos.
Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis.
Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país.»
António Barreto, discurso de 10 de Junho
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