Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

Internacionalização vs exportações

Os nossos governos, e em particular o último, fizeram uma grande aposta na internacionalização das empresas nacionais, com diversos programas e milhões de euros envolvidos nessa estratégia.

Sempre tive algumas dúvidas sobre tal estratégia. Acho indiscutíveis as vantagens para a economia portuguesa do investimento das empresas nacionais no estrangeiro quando focado numa estratégia de afirmação dos seus produtos nos mercados internacionais. Por isso entendo que serão de apoiar os investimentos em distribuição e marketing, aqueles que permitam acompanhar de mais perto o cliente e o seu produto. E acho discutíveis as vantagens para a economia nacional de todos os outros tipos de investimento no exterior que não se relacionem directamente com a criação de valor no país.

Por isso, apoiar, sem mais, a internacionalização das empresas, apenas para colocar uma bandeirinha pelo mundo fora, sem entender o que corresponde ao interesse da economia nacional ou apenas ao interesse particular (de empresas ou de grupos), é, no actual contexto, muito questionável.

Chegou-me na semana passada às mãos um estudo publicado em Setembro, da autoria de três professores do meu ISEG – Miguel Fonseca, António Mendonça e José Passos –, que conclui que “o investimento directo português no estrangeiro tem impacto negativo nas exportações”. Este estudo analisou e correlacionou exportações e investimento em 18 países entre 1996 e 2007 e conclui que apenas em Angola (16%) e em Espanha (apenas 1%) se verificou crescimento nas exportações. Em todos os restantes 16 as exportações caíram.

Estas conclusões, e realçando que as duas excepções vêm de países especiais – parece claro e inequívoco que Angola e Espanha constituem, para Portugal, mercados externos com especificidades próprias – vêm confirmar o erro daquela estratégia.

Quando precisamos de aumentar consolidadamente as nossas exportações desenvolvem-se políticas e incentivam-se estratégias com o efeito contrário. Não temos dimensão económica nem empresarial para gerar empresas multinacionais (condições desse tipo tivemo-las mas já lá vão mais de cinco séculos), pelo que dar incentivos à internacionalização das empresas sem cuidar de assegurar que contribuem para gerar exportações, é cortar o crescimento da economia nacional. A crise também se faz destas coisas!

 

publicado por Eduardo Louro às 07:02
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