Sábado, 21 de Novembro de 2009

Futebolês #02 MATAR

Ver imagem em tamanho realDepois de beijar, matar. Enfim, tem alguma coisa a ver! Não há o chamado beijo da morte? Pelo menos todos conhecemos um, já lá vão mais de 2 mil anos…

Mas não dramatizemos. Se falar de matar, e da morte que lhe está associada, não é tabu então em futebolês é mesmo a coisa mais normal deste mundo.

O futebolês está cheio de matanças. No futebol mata-se muita coisa. Felizmente que, na maioria das vezes, não passa mesmo de figura de estilo. Também é certo que a morte, a verdadeira e trágica, passa muitas vezes pelo futebol: em pleno campo de jogo, nas bancadas ou até bem longe dos estádios, como acabou de acontecer com o infeliz Robert Enke. Mas essa, a trágica e que todos temos por certa, não é para aqui chamada.

Mata-se a jogada, mata-se a bola e até se mata o jogo.

Matar a jogada é a expressão usada para impedir o desenvolvimento de uma acção de construção de jogo. É uma das expressões do futebolês que me parece mais apropriada: porque liquida a jogada, retira-lhe a vida com recurso à ilegalidade, e muitas vezes à violência. Quando existem sempre alternativas legais para esse impedimento: através do desarme, por exemplo. Desarmar o adversário não é despojá-lo das armas, não é obrigá-lo a depor as armas, é tão só roubar-lhe a bola (mas roubar legalmente, que é coisa que não existe só no futebol). Mas não deixa de ter o mesmo sentido de humilhação…E, aí, claro que já não há matança. Matar é ilegal, mesmo no futebol!

A fronteira aqui, como em tudo na vida, é mesmo o cumprimento da lei. E, como todos sabemos, é onde as coisas se complicam …

 

Também há o entrar a matar. É entrar com tudo sobre o adversário: umas vezes vai adversário e bola; outras, só adversário. O exemplo, claro, é Bruno Alves, integrando uma dinastia que conta com Paulinho Santos, Jorge Costa e Pedro Emanuel, tudo gente bem conhecida…

Curiosamente em futebolês quem mata não é, por definição, o matador. O matador é outro, é o 9, o ponta de lança, o rato de área.

É a ave rara do futebol, por quem todos os clubes dão o rabinho e oito tostões!

Apesar da analogia apontar para o vocabulário tauromáquico, há várias espécies de matadores: o tipo sniper, que faz da área o seu esconderijo, onde permanece muito quietinho, com uma enorme paciência à espera da oportunidade de atirar a matar; e o tipo serial killer, que mata a eito e de qualquer maneira, sem paciência nenhuma, de quem se diz que só tem olhos para a baliza. Mesmo assim mata muito menos que o sniper. E há ainda o matador compulsivo, que vive para matar. É uma obsessão!

Lembram-se de um tal Jardel? Pois, é o exemplo. Matava tanto que quando pensou que já não havia mais nada para matar…foi o que se viu: matou-se a si próprio.

Como comecei por dizer também se mata o jogo. E, mais uma vez, não é normalmente coisa do matador. Normalmente mata-se o jogo ao marcar o segundo golo, ou a fazer subir o score para a diferença de dois golos e, aí, o assassino até poderá ser o matador. Mas quem o mata o jogo mais vezes é mesmo o árbitro; então em Portugal parece que têm mesmo vocação exterminadora. Os dirigentes desportivos também matam que se fartam, esses não só matam o jogo como matam a sua galinha dos ovos de ouro! É mais um dos muitos anacronismos do futebol: quem mais precisa do jogo é que o mata!

E mata-se a bola, que é mesmo o anacronismo-mor! Mas é! “Mata a bola no peito e pousa na relva”. “Mata no peito e dispara de primeira”. Mas, é mais uma curiosidade, não é aqui que a bola fica morta. Não, uma bola morta é outra coisa, é quando está inofensiva. O que é estranho porque a bola é a coisa mais pacífica desse mundo, nunca faz mal a ninguém. 

Ver imagem em tamanho real

Farta-se de ser maltratada e nunca reage. Diz-se que chora, mas só isso! 

Os jogadores levam muito a sério isso de matar a bola no peito. 

Só assim se compreende a sua enorme preocupação com essa zona do corpo: vejam os peitorais que exibem, mais lustrosos e bem tratados que carabinas de coleccionadores e caçadores.

Pois é meninas, quando deliram com aqueles peitorais do Cristiano Ronaldo, tenham muito cuidado: aquilo é uma arma letal, meticulosamente preparada para matar!

publicado por Eduardo Louro às 07:35
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13 comentários:
De Eduardo Louro a 23 de Novembro de 2009 às 16:09
Meu caro PotroMaravilha,

Agradeço a sua habitual e imprescindível participação. "Il a toue le mach" é, como refiro no texto, por cá utilizado. Quando o resultado passa para uma diferença de 2 ou mais golos, matou-se o jogo - o "suspense" do resultado. Já o matador, enquanto agressor, como refere para o caso de Pelé em 66 (não foi o Coluna, esse "monstro sagrado" nunca faria um acoisa dessas, foi, ele sim, vítima do Trapattoni numa coisa dessas, e embora tenha sido o Vicente o seu marcador nesse jogo, também penso que não foi ele, mas creio que o Morais, quem partiu a perna ao Pelé, embora não tenha a certeza absoluta disso. A tal situação do guarda-redes alemão, era o Shoenmaker, aconteceu no Mundial de 82 em Espanha. Creio que foi sobre o Baptiston (não sei se estábem escrito) e foi arrepiante. Daria golo e apuramento da França, mas apurada foi a Alemanha. Hoje talvez não fosse assim, não acha?
De Eduardo Louro a 23 de Novembro de 2009 às 16:16
Meu caro PotroMaravilha, corrigindo o meu comentário:

Agradeço a sua habitual e imprescindível participação. "Il a toue le mach" é, como refiro no texto, por cá utilizado. Quando o resultado passa para uma diferença de 2 ou mais golos, matou-se o jogo - o "suspense" do resultado. Já o matador, enquanto agressor, como refere para o caso de Pelé em 66 (não foi o Coluna, esse "monstro sagrado" nunca faria um acoisa dessas, foi, ele sim, vítima do Trapattoni numa coisa dessas, e embora tenha sido o Vicente o seu marcador nesse jogo, também penso que não foi ele, mas creio que o Morais, quem partiu a perna ao Pelé, embora não tenha a certeza absoluta disso) não é por cá utilizado nesse sentido. A tal situação do guarda-redes alemão, era o Shoenmaker, aconteceu no Mundial de 82 em Espanha. Creio que foi sobre o Baptiston (não sei se estábem escrito) e foi arrepiante. Daria golo e apuramento da França, mas apurada foi a Alemanha. Naquele tempo era assim, o futebol era uma bola, 11 contra 11 e, no fim, ganhava a Alemanha. Hoje talvez não fosse bem assim, como se vai vendo, não acha?
De PortoMaravilha a 23 de Novembro de 2009 às 17:08
Muito obrigado pelas suas respostas.

Aquela entrada sobre Battiston foi mesmo incrível , já que Shoenmaker o podia ter travado de outra maneira.( não estou a desculpar uma falta ).

Ele podia ter morto o jogador Francês. Creio aliás que este ficou com sequelas motoras para toda a vida.

Penso que quando alude ao futebol 11 contra 11 se está a referir à mão de T Henry que permitiu o empate frente à Irlanda. E também às declarações deste que afirmou ter havido mão.

Aqui tem dado grande risota por parte dos amantes de rugby ( até emitiram camisolas com a inscrição : no rugbi também é falta : joga com a mão a bola para a frente ). E além disso, o rugbi vai ganhando cada vez mais adeptos ao futebol.

No rugbi há realmente um outro estado de espírito (até quando ? ) . Este permite atrair cada vez mais os adeptos de futebol. Os espectadores estão misturados, pode se ir em família e a terceira parte é realmente um lugar de convívio.

Só um aparte : Na Irlanda , a França foi escandalosamente roubada. Dois penaltis . Um indiscutivel. Porque este aparte ? Porque me parece que a arbitragem vídeo é uma necessidade ( ainda há pouco tempo eu era contra / agora penso que é vital / O argumento de Platini dizendo que se existe pra os pro também deve existir para os amadores não me parece ter mais cabimento).

E Viva o Porto !



De Eduardo Louro a 23 de Novembro de 2009 às 19:36
Pois é meu caro,
Bem me parecia que tinha escrito mal Battiston, mas lembro-me que era de facto o nome, como me lembro da jogada arrepiante, e que nunca mais ouvi falar dele.
O rugby é, ainda (até quando, interrogava-se muito bem...) uma modalidade de gentlemen, como o futebol foi nos seus primórdios, por isso transparente. Mas se por lá aparecerem Batlers e Platinis, a coisa muda!
Referia-me, claro, à mão do Henry, que até no rugby era falta, como diz. Realmente como é que o Platini pode vir com a histórtia do futebol amador para justificar a sua posição retrógrada? Então no futebol amador estão em jogo os milhões que o futebol profissional movimenta? A única razão que ele pode apresentar é que. com os meios tecnológicos, perde a sua influência e o seu poder. E isso é que ninguém quer perder!
De Eduardo Louro a 23 de Novembro de 2009 às 19:38
Hoje não acerto uma: o compadre do Platini é Blater, troquei a posição ao L.

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