Regresso aos verbos: depois do beijar e matar, das primeiras edições, agora roubar. Um verbo muito conjugado no futebolês. Em todos os tempos mas nunca nas primeiras pessoas.
No futebolês há dois tipos de roubos e, como o colesterol, um é bom e outro mau.
O bom é o roubo da bola!
Mais uma vez roubar a bola não é literalmente furtar a bola, sem que isto tenha o que quer que seja a ver com aquela terminologia jurídica, que a mim me faz uma grande confusão mas que qualquer GNR manipula com o maior dos à-vontades. Na verdade continuo com uma grande dificuldade em distinguir o roubar do furtar, por muito que me digam que a diferença é grande e que tem a ver com a forma como se é mais ou menos proactivo no acto: como se roubar implicasse grande esforço e dedicação, enquanto furtar fosse uma coisa que viesse a talho de foice. Se calhar por isso é que foi inventado o calão: aí, gamar resolve a questão!
Bom, mas bola é coisa que em boa verdade não se rouba. Lembro-me que nos meus tempos de meninice – não sei se já repararam como isto se está a transformar num exercício marcadamente nostálgico, já é a segunda edição consecutiva em que me transporto até à infância – havia uns meninos, os maus, sempre a postos para nos fazerem a folha a uns carrinhos e outras coisas do género, mas quando tocava à bola, nada! A bola não era para roubar, era para jogar. Apenas!
Mesmo quando vemos uma bola que vai parar à bancada e não regressa, isso não quer dizer que alguém a tenha roubado. Quanto muito guarda-a para recordação ou para transformar numa peça rara com destino (quem sabe?) a um qualquer leilão da net, apregoada com um “directamente dos pés do Bruno Alves”! E nós acreditamos! Até podia apregoar que vinha da cabeça, porque não nos custa nada a crer que uma bola cabeceada pelo Bruninho possa ir parar à bancada, tal é a força que vai naquela cabeça. E só não vai acompanhada da cabeça do adversário porque essa, que ficou a cargo dos cotovelos, foi projectada para baixo e deixada estendida no relvado. Já se quisessem dourar a pílula e, para que rendesse mais uns euros, apregoar que viera directamente dos pés do Cristiano Ronaldo ou do Messi seria mais difícil…Mas o que não falta por aí é especialistas de renome a mandar a bola para a bancada.
A bola rouba-se é ao adversário, em pleno jogo. É frequente a expressão: “um roubo de bola perfeito”. Que não traduz uma operação de alta sofisticação na arte do gamanço mas apenas um desarme limpinho, sem qualquer infracção e até com elegância.
Roubar a bola ao adversário é o único roubo lícito que conheço. E aplaudido!
Todos sabemos que há muita gente autorizada a roubar, ou que no mínimo rouba livremente, sem que nada de mal lhe aconteça e também aplaudidos… Lá que os há, há ou não sejamos um povo sempre a dizer que vivemos num país de ladrões!
O roubo mau é o do árbitro.
É hoje em dia o roubo mais em voga, superior mesmo aos roubos a gasolineiras e máquinas de Multibanco. O árbitro não erra, não se engana, nem furta. Rouba mesmo! Mesmo quando não retira (e roubar é retirar, subtrair) ele rouba. Rouba por acção e rouba por omissão. Rouba se não assinala um penalti ou mesmo um golo, mas também rouba se assinala. Se expulsa ou se não expulsa um jogador, se assinala ou não assinala uma falta…
Daí que nos campos de futebol, para além das inevitáveis mimos às senhoras suas mães, sejam também carinhosamente tratados por ladrões e gatunos.
Claro que apenas há roubo quando sentimos, bem ou mal não importa, que o prejudicado é o nosso clube. Se for o adversário não há qualquer problema: lá muito a custo poderá aceitar tratar-se de um simples erro e… errar é humano!
Estes roubos, que andavam um pouco esquecidos nos últimos tempos – o último que veio a público foi divulgado pelo Paulo Bento, através de linguagem gestual, há perto de um ano no Estádio do Algarve – acabam de entrar na ordem do dia.
Há uma semana atrás, a propósito do 25º aniversário da morte de José Maria Pedroto, um senhor muito dado a antigos hábitos de envolvimento com árbitros, recentemente condenado, bem como o clube que há mais de 25 anos dirige, por um desses actos, ressuscitava os roubos de igreja. Que, garantia, eram agora de catedral!
E, no início desta semana, é o próprio presidente da comissão de arbitragem da Liga, um antigo árbitro que sempre defendeu as suas nomeações, a qualidade e as decisões dos árbitros, que vem garantir que as arbitragens, agora, não são imparciais. Em futebolês: que roubam!
Não deixa de ser surpreendente que para o presidente do órgão que superintende na arbitragem, agora, e apenas agora prestes a terminar o mandato, os árbitros tenham deixado de errar para passarem a roubar. Menos surpreendente é que estejam a renascer os roubos de igreja, ou de catedral, do outro senhor: é que quando as coisas começam a ficar mais difíceis lá para aqueles lados já sabemos o que de lá vem!
Não é novidade, nós é que já não nos lembrávamos porque há muito que as coisas por lá iam correndo muito bem!
Prof. António Câmara - Palestra
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