Leio na newsletter da revista "Ciência Hoje" (www.cienciahoje.pt) de hoje, segunda-feira, quando escrevo, o resumo de uma interessante investigação da Universidade de Harvard, publicada na revista "Nature": os investigadores concluiram que o espermatozóide dos ratos faz algo que o dos humanos não é capaz. Qual é a habilidade do espermatozóide dos ratos? Os espermatozóides de um mesmo roedor são capazes de se reconhecerem e unirem-se para chegar ao óvulo primeiro que os seus rivais. Naturalmente, só quando existem em competição espermatozóides de outros ratos (as ratas não são lá muito esquisitas nestas coisas) é que os espermatozóides do mesmo rato se inter-ajudam utilizando vários truques, nomeadamente, formam uma espécie de comboios onde várias dezenas de células se agregam umas às outras, ancorando-se nas cabeças e "nadam" em conjunto. Com este comboio atingem uma velocidade 50% mais rápida que a de um espermatozóide solitário batendo, assim, a concorrência. Bem visto! No caso dos espermatozóides humanos estes começam, logo que são lançados na corrida, a morderem-se e a matarem-se uns aos outros podendo, no final, nenhum chegar ao óvulo (basta ver o filme de Woody Allen que em Portugal se chamou, salvo erro, "O ABC do Sexo").
Esta investigação deu-me que pensar! Será que a falta de cooperação entre os humanos para atingir um fim e um bem comum é genética? Começa logo com o comportamento anti-social dos nossos espermatozóides? Será por isso que cada vez há mais ratos e menos humanos? Seremos, um dia, comidos pelos ratos? Falo dos propriamente ditos porque, quanto aos humanos travestidos em ratazanas, só não nos "comem" quando não conseguem ou não deixamos (quando podemos).
Comparei o resultado desta investigação ao que se passa aqui, em Angola, com uma parte do empresariado português: replicam aqui o modelo empresarial e de gestão que adoptam em Portugal. Ou seja, vêm todos para aqui sozinhos, vendendo o mesmo que todos os outros vendem, mantêm uma pequena dimensão e degladiam-se para venderem o mesmo ao mesmo cliente, muitas vezes prestando um péssimo serviço porque aqui os empreendimentos são grandes e eles não têm dimensão para poderem responder criando, para Portugal, uma má imagem em termos do nosso empresariado. Com isto, gastam imenso dinheiro cada um por si (Luanda é, há dois anos seguidos, a cidade mais cara do mundo, tendo destronado Tóquio no ranking) quando, se cooperassem entre eles, poderiam oferecer um serviço completo aos clientes, poupavam em viagens, estadias e almoços caríssimos (para além de prendas e de prebendas) com pretensos "generais" ou "amigos do Chefe" mas que, na prática, não passam do motorista do general ou o marido da mulher-a-dias que limpa os anexos da casa do "Chefe". Claro que muitos têm tido sucesso merecido e louvável mas, muitos outros, têm tido sucesso porque até há pouco tempo tudo se vendia em Angola a qualquer preço, desde que existisse (mesmo hipoteticamente) ou que algum "metal" corresse por fora. Em meu entender, este cenário está a mudar e vai intensificar-se o ritmo dessa mudança a partir da próxima remodelação governamental, dentro de dias. Acredito que a anunciada política de "tolerância zero" quanto a corrupção vai dar os seus frutos a breve prazo: não será propriamente "zero" mas, também, jamais será 50%! Por outro lado, com a crise, o regabofe de compras ao estrangeiro a preços "generosos" vai diminuindo, por força da menor fartura em reservas cambiais (argumento inultrapassável!) e pelo incremento de meios de controlo que estão a ser criados, baseados nas novas tecnologias de informação.
Em sentido contrário, li há dias em Portugal o esforço continuado de uma empresa portuguesa ("Móveis Viriato") em criar redes de cooperação com outras empresas para poderem fornecer, na totalidade, tudo o que um hotel precisa para se equipar. Recordo-me dessa empresa, talvez ainda na vigência do PEDIP II, a tentar criar uma rede de cooperação sem sucesso. Nessa altura alterou a sua estratégia para produtor de mobiliário especializado para hotéis, saindo do "ninho de ratos" concorrencial do mobiliário genérico e, pelos vistos, não desistiu de criar essa parceria, hoje alargada a produtores portugueses de louças, atoalhados, lençóis, equipamentos, etc. Ou seja, fornece um hotel com tudo o que precisa, generiamente com produtos portugueses, partilha certamente custos de marketing e comerciais, de viagens e estadias e muitos outros, não "deixando" entrar concorrentes de outros países (como os espermatozóides do mesmo rato) e, assim, fornece actualmente algumas das maiores cadeias mundias de hotéis de prestígio.
Em resumo, concluo com grande clarividência científica, que o problema dos humanos não tem nada a ver com o comportamento dos nossos espermatozóides (embora não seja de esquecer a comparação com os dos ratos) mas tem a ver com a educação, a inteligência, a criatividade, o respeito pelos outros e pelas suas ideias e as opções que cada um de nós criou para a sua própria vida.
É que Albert Einstein definiu INSANIDADE do seguinte modo: "Fazer a mesma coisa, da mesma maneira e esperar resultados diferentes". Até os ratos, nos laboratórios científicos, já provaram que entendem isto perfeitamente. E nós, os Humanos: já entendemos verdadeiramente?
Prof. António Câmara - Palestra
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