A Bolsa de Lisboa, depois de duas semanas consecutivas em queda, assistiu hoje (e a esta hora a praça ainda não fechou) à queda do índice PSI-20 em perto de 6%, com as cotações das principais empresas nacionais a caírem entre os 7 e os 9% (apenas a EDP e a PT caem menos que isso), coisa que se não via desde a crista da onda da crise financeira, no Verão de 2008.
Para quem acha que as opiniões das instituições financeiras internacionais, entre as quais as agências de rating, não passam de palpites para os quais nos podemos estar nas tintas, aqui está a indesmentível prova de que estão errados. Aqui está a prova de que, quando se trata de mercados financeiros, é necessário cuidar, para além do ser, do parecer.
Quem tem a paciência de me ler estará recordado de, há uma semana, me ter debruçado sobre esta matéria, chamando a atenção para dois textos que aqui havia publicado no final do ano passado a propósito do Orçamento de Estado (OE) e apontando como falha principal de todo o processo do OE uma envolvência de fingimento que descurou, precisamente, o “cuidado, assim a jeito de caldos de galinha, de explicar bem explicadinho o orçamento mas enquadrado num contexto de um plano para os próximos 4 anos, para deixar claro que temos um caminho bem diferente do da Grécia! Ou do da Espanha, que afinal é que é a grande preocupação”.
Pois é, hoje o pobre do ministro das finanças clama para que esperem pelo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) que se prepara para entregar dentro de duas semanas em Bruxelas, mas ninguém o ouve. Grita com as instituições internacionais, e já não só contra as agências de rating, que mudaram de presa. Que largaram a Grécia para se focarem na presa portuguesa! Mas é tarde. O governo teve tempo suficiente (100 dias!) para preparar o OE e o PEC, de forma consistente e apresentá-los, bem explicadinhos, em simultâneo. Para que fosse possível, precisamente, demonstrar, como se apregoa, que não estamos no mesmo saco da Grécia. Ou da Espanha.
O governo não fez nada disso e a oposição também não ajudou. Preferiram todos fingir! E, para ajudar à festa, a oposição decide apostar em levar por diante a absurda (nesta altura completamente absurda e irresponsável) questão da Madeira (cujo rendimento per capita é superior ao do continente) via lei das finanças regionais e, o primeiro-ministro, resolve sair-se com aquela tirada verdadeiramente extraordinária de que o défice de 2009, os 9,3% que surpreenderam toda a gente (do ministro das finanças ao governador do banco de Portugal), mais não é que o resultado de uma opção clara do governo de ajudar famílias e empresas a enfrentar a crise. Esta declaração do primeiro-ministro é verdadeiramente assassina! Porque em contradição com as autoridades nacionais na matéria (Ministério das Finanças e Banco de Portugal) mas, fundamentalmente, pelo que revela de credibilidade e de sentido de responsabilidade.
Claro que, depois da entrega do OE na AR, desenhou-se uma certa campanha com vista a mostrar que a situação de Portugal não é a da Grécia, protagonizada em especial pelo próprio ministro das Finanças, pelo governador do Banco de Portugal e pelo presidente do IGCP (Instituto de Gestão do Crédito Público). Só que a emenda foi pior que o soneto, pois passou a ser uma campanha pela negativa, do tipo daquela publicidade comparativa (e negativa) que até é proibida por lei, levando o ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, a reagir atacando, naturalmente, Portugal.
Sucederam-se artigos dos mais diversos especialistas nas principais publicações internacionais da especialidade e Portugal tornou-se. como diz Teixeira dos Santos, na nova presa. E culmina, ontem mesmo, com a União Europeia, através de Joaquin Almunia, comissário para os assuntos económicos e financeiros, a dizer, com todas as letras, que o problema de Portugal é semelhante ao da Grécia.
Os mercados reagem a tudo e nem sempre com reacções racionais. Os mercados financeiros internacionais reagiram a tudo isto fazendo disparar a percepção de risco da nossa economia que, entre outras consequências, leva os investidores a abandonar o nosso mercado de capitais. E foi o que se passou hoje: muitos investidores, cansados e assustados, desfizeram-se de muito papel!
Prof. António Câmara - Palestra
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