O ensino, não sendo a minha área, diz respeito a todos os cidadãos. Se ambicionamos que o Portugal dos nossos filhos seja melhor (ou menos mau) que o actual temos de exigir um ensino de qualidade.
Quem, como eu, acompanha os grandes temas ligados ao ensino pelos media e pela blogosfera sabe que o clima geral não é positivo. Os professores queixam-se do Ministério e dos alunos, os alunos queixam-se dos professores e do Ministério, o Ministério queixa-se dos alunos e dos professores. Em paralelo alguns sindicalistas procuram protagonismo incendiando tudo o que mexe, e os pais queixam-se, com razão, de todos os intervenientes da educação.
Muitas medidas avulsas servem apenas para fingir que se está a resolver algo, mas na prática as estatísticas confirmam que a qualidade tem diminuído e isso faz-nos descer nos Rankings internacionais.
Com a democracia chegou o princípio da 'escola para todos' e logo depois avançou-se com o 'ensino obrigatório', que foi uma evolução enorme, mas demasias vezes se confundiram esses princípios com práticas de um facilitismo escandaloso.
Sabemos que os professores têm imensas dificuldades para reprovar um aluno, e que até serão bastante pressionados para não o fazerem. Conheço pais que por acharem que o seu filho não estava apto para seguir em frente pediram à escola para que repetisse o ano, e foi o cabo dos trabalhos para o conseguir.
O chumbar de ano é assim cada vez mais uma coisa do tempo da outra senhora e por isso cada vez mais uma coisa obsoleta. Para quem decide, o esforço deixou de estar associado ao sucesso, ignorando o que acontece na vida real e dando assim uma mensagem errada aos alunos.
Na palestra que organizamos no nosso aniversário e em que tivemos o prazer de ter o Prof. Júlio Pedrosa connosco, perguntei-lhe que mensagem se passava aos alunos quando se dizia que o objectivo do Ministério era os 100% de aprovação. Respondeu explicando a base teórica da política educativa que regula o ensino há mais de uma década. Lembro que o Prof. Júlio Pedrosa foi Ministro da Educação do Governo de Guterres e é o actual Presidente do Concelho Nacional de Educação.
A aplicação desta política está a levar-nos por um caminho de regresso difícil, mas necessário. É uma questão de tempo.
Sem qualquer alarido nem a cobertura mediática devida, a Ministra Isabel Alçada já anunciou os próximos passos neste frenesim que nos levará à escola do paraíso socialista. O Ministério tem intenção de acabar com os chumbos. Isabel Alçada referiu que a repetência é "um mal que gera conflitualidade". Claro que ninguém deseja conflitualidade e assim esta será mais uma medida muito aplaudida deste governo.
Aí vamos nós rumo ao ensino do paraíso socialista. Estamos quase lá. Já falta pouco.
Paulo, não tenho a certeza que a culpa seja socialista, a verdade é que cada governo que passa deita mais uma acha para a fogueira.. que cada vez é maior.
Quanto à questão de acabar com os chumbos, a ministra não precisa mesmo de fazer nada, o meu filho anda no 4º ano, tem dislexia e défice de atenção ..e nós sentimos que seria benéfico para ele repetir o ano, por vários motivos.
Cada vez que falamos com a professora sobre o assunto, ela tenta todos os motivos e mais algum para nos convencer do contrario.. Dá tanto trabalho chumbar um aluno, que os professores simplesmente não estão para isso..
Jorge Soares
Jorge,
A política de educação conforme é explicada Prof Júlio Pedrosa é a política educativa do Socialismo português no início do sec. XXI.
No extremo oposto desta realidade encontramos as escolas com quadro de honra que, essas sim, estimulam a excelência.
Estava ontem a ouvir na rádio um resumo de um jogo de futebol, em que referiam o melhor jogador em campo. Fazendo uma comparação num futebol socialista isto nunca poderia ser dito pois poderiam deixar os seus companheiros tristes e traumatizados. Negar a evidência de que a competição estimula o desempenho é o mesmo que afirmar que o sol ilumina a noite e que a lua é o astro do dia, mas acho que é isso mesmo que nos andam a tentar convencer.
De
Marco a 13 de Abril de 2010 às 13:49
Boa tarde,
Culpados? Todos:
Ministério da Educação: que ministro após ministro deita cá para fora políticas que apenas visam fazer de Portugal um país de Drs. mas que nem sabem ler, escrever ou contar.
Que deita cá para fora politicas que retiram autoridade aos Professores que deveria de ser uma das classes mais respeitadas neste país, e que têm vindo a ser enxovalhados.
Professores: Que com o passar dos anos, com o evoluir de toda uma sociedade, não se souberam reciclar ou não quiseram.
Que têm cada vez menos vontade de ensinar e cada vez mais preocupação com a carreira e a reforma.
País: que em muitos casos são eles que dificultam a acção dos Professores, precionando-os no bom ou no mau sentido, deixando de lado a sua principal função que é educar.
Alunos: que por falta de formação, educação, que por estarem inseridos nuna sociedade cada vez mais sem moral, sem bons valores, sem bons exemplos, e que em lugar de se preocuparem em exigir um estatuto do aluno que premiasse a competencia, a aplicação, a sabedoria, em lugar de um estatuto do aluno que premiasse quem falta, quem não tem conhecimento nem quer ter e que principalmente tenha educação sexual e não haja faltas.
Sindicatos: Aqui reside o verdadeiro ministro da educação, são estes senhores que "dominam" a educação, que fazem as políticas, que fazem as leis, que procuram protagonismo, que minam a acção daquele que deveria ser o/a ministro(a) da educação.
Cumprimentos,
É verdade que as reformas são interrompidas por outras reformas, mas a tendência das últimas décadas aponta no sentido da facilitismo e da falta de rigor.
Se os nossos governantes quisessem formar portugueses que no futuro tenham uma palavra a dizer num mundo global, exigente e competitivo, não aplicariam esta política.
De antonio carvalho a 13 de Abril de 2010 às 18:23
Senhor Marco, afinal em ficamos, no que respeita aos responsáveis por isto da educação !?
São os estudantes que não querem estudar!
São os professores que não ensinam !
Os politicos que interrompem as reformas !
Universidades como cogumelos que não formam !
Pais inconsequentes que só reclamam !
Há, e finalmente os sindicatos que fazem leis, mandam nas escolas, minam a acção do ministro titular e ainda mais umas coisas que para já não se dizem, pois pode vir a ter um filho que seja aluno de um professor (talvez exigente e cumpridor da sua função) e que depois lá terá de engolir afirmações, ou meter uma cunha para satisfazer o seu desejo de exibir um filho - aluno de excelência.
Afinal, os que aqui contestam são sabiamente esta questão, não votam nas eleições para a Assembleia da Republica ?! Então porque é que desde 1977, todos os ministros da educação foram do PSD ou PS e nunca resolveram o problema !?. Afinal estes eleitores deverão é ser todos totós, não ! ?. Olhe, eu não os tenho por isso, mas olhe que se calhar têm é uma vista curta sobre o que dizem e aquilo que é a realidade.
De
Marco a 14 de Abril de 2010 às 12:31
Não sei ... de quem é a culpa ... diga-me o Sr. António ...
Eu dei a minha opinião ... vale o que vale ou seja nada ...
Mas uma coisa é certa dos sindicatos a culpa não é de certeza ...
Dos Professores também não ...
Dos alunos menos ...
Dos pais nada ...
Então não é do governo pois não o deixam trabalhar ... governo que nunca foi CDU ... logo do CDU também não tem culpa ...
Como costume em Portugal a culpa morre solteira
De antonio carvalho a 14 de Abril de 2010 às 14:13
Não senhor Marco, por mim não morre solteira, pois ainda não abdiquei de ter opinião e lutar por ela. Não estou sempre à espera que sejam os outros. Mas também não gosto de dar opiniões e conselhos para os outros dizerem ou fazerem, e ficar comodamente instalado no sofá.
Sabe que eu já levo no pelo do associativismo, cerca de 42 anos e felizmente posso dizer que não ando aos caídos e mesmo na condição de aposentado ainda continuo a achar que posso fazer alguma coisa pelo meu país, mesmo sabendo que politicamente não sou correcto, alinhado ou embebedado pelo poder. Ainda me resta alguma lucidez (para alguns estupidez) para não olhar só para o meu umbigo. E ainda não confundo direitos com deveres.
Pelo conceito democrático de alguns e no tempo actual, eu devia era estar calado e anestesiado com uma dose de analgésicos, pois não agradeço ao capitalismo e aos seus seguidores em Portugal, o grande benefício que tenho por ter casa, carro e outros bens. Gostavam de poder calar-me por opinião diferenciada, mas digo-lhe que já vão tarde, pois perdi o medo definitivamente. Quando andei aos vinte anos com uma G3 nas mãos, tinha mais medo do que agora.
Para concluir: O seu comentário no inicio dizia textualmente:
Culpados ? todos:
Eu quero dizer-lhe que eu não enfio esse barrete. Boa tarde.
Um aluno com formação musical desde os 2 anos e aluno de 5 no 5º ano, no 6º teve no 1º periodo 4 e no 2º 3 à disciplina de educação musical.
Os pais marcam uma reunião com professor da disciplina e com a directora de turma para perceber a tendência descendente do aluno.Confrontado com um pedido de esclarecimento, visto ser a única disciplina que não tem os critérios de avaliação com acesso aos pais,explicou que a componente comportamental vale 30% e os conhecimentos 70%.
Quanto ao comportamento nada a assinalar "é um adulto em ponto pequeno", quanto aos conhecimentos, depois das férias de verão fez teste diagnóstico e teve 80%, foi o melhor a tocar o "Hino da Alegria" e serviu para eu ver conhecimentos de todos.Então como justifica o 4 e agora o 3?
Espero mais dele e de outros que já sabem música.
E esses alunos sabem disso, já lhe explicou? é que esse aluno diz-nos que faz os mesmos exercicios que os outros que não sabem, e que ainda no último teste que teve satisfaz mais, tocou 3 notas na flauta, o mesmo que os outros quando na realidade sabia tocar a música toda,mas o professor só disse que era aquele exercicio.A motivação é nula como compreenderá, disseram os pais.Não será por isso que ele tocou só com uma mão e a outra no bolso?
Pois efectivamente ele é aluno de 5,mas compreenda são 26, a música não os entusiasma e sabem que para o ano já não têm e desleixam-se,disse o professor.
Depois desta conversa surreal, que demonstra bem o que se passa nas nossas escolas,restou aos pais só mais esta observação: o professor sabe o que é explicar a um aluno que sempre esteve no quadro de mérito da escola, que saiu neste periodo por causa do 3 a música e que afinal é aluno de 5?
O professor,calou-se a DT ficou a conversar com ele e os pais desejaram ao professor um bom 3º periodo de aulas.
Que fazer perante isto?
Para quando o valorizar as artes na escola pública?
Num caso destes , pedro, deveria ter reclamado por escrito a revisão desta nota.
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