Terça-feira, 13 de Abril de 2010

Rumo ao ensino do paraíso socialista

O ensino, não sendo a minha área, diz respeito a todos os cidadãos. Se ambicionamos que o Portugal dos nossos filhos seja melhor (ou menos mau) que o actual temos de exigir um ensino de qualidade.

Quem, como eu, acompanha os grandes temas ligados ao ensino pelos media e pela blogosfera sabe que o clima geral não é positivo. Os professores queixam-se do Ministério e dos alunos, os alunos queixam-se dos professores e do Ministério, o Ministério queixa-se dos alunos e dos professores. Em paralelo alguns sindicalistas procuram protagonismo incendiando tudo o que mexe, e os pais queixam-se, com razão, de todos os intervenientes da educação.

Muitas medidas avulsas servem apenas para fingir que se está a resolver algo, mas na prática as estatísticas confirmam que a qualidade tem diminuído e isso faz-nos descer nos Rankings internacionais.

Com a democracia chegou o princípio da 'escola para todos' e logo depois avançou-se com o 'ensino obrigatório', que foi uma evolução enorme, mas demasias vezes se confundiram esses princípios com práticas de um facilitismo escandaloso.

Sabemos que os professores têm imensas dificuldades para reprovar um aluno, e que até serão bastante pressionados para não o fazerem. Conheço pais que por acharem que o seu filho não estava apto para seguir em frente pediram à escola para que repetisse o ano, e foi o cabo dos trabalhos para o conseguir.

O chumbar de ano é assim cada vez mais uma coisa do tempo da outra senhora e por isso cada vez mais uma coisa obsoleta. Para quem decide, o esforço deixou de estar associado ao sucesso, ignorando o que acontece na vida real e dando assim uma mensagem errada aos alunos.

Na palestra que organizamos no nosso aniversário e em que tivemos o prazer de ter o Prof. Júlio Pedrosa connosco, perguntei-lhe que mensagem se passava aos alunos quando se dizia que o objectivo do Ministério era os 100% de aprovação. Respondeu explicando a base teórica da política educativa que regula o ensino há mais de uma década. Lembro que o Prof. Júlio Pedrosa foi Ministro da Educação do Governo de Guterres e é o actual Presidente do Concelho Nacional de Educação.

A aplicação desta política está a levar-nos por um caminho de regresso difícil, mas necessário. É uma questão de tempo.

Sem qualquer alarido nem a cobertura mediática devida, a Ministra Isabel Alçada já anunciou os próximos passos neste frenesim que nos levará à escola do paraíso socialista. O Ministério tem intenção de acabar com os chumbos. Isabel Alçada referiu que a repetência é "um mal que gera conflitualidade". Claro que ninguém deseja conflitualidade e assim esta será mais uma medida muito aplaudida deste governo.

Aí vamos nós rumo ao ensino do paraíso socialista. Estamos quase lá. Já falta pouco.

publicado por Paulo Sousa às 08:00
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9 comentários:
De Pedro Oliveira a 13 de Abril de 2010 às 16:07
Um aluno com formação musical desde os 2 anos e aluno de 5 no 5º ano, no 6º teve no 1º periodo 4 e no 2º 3 à disciplina de educação musical.
Os pais marcam uma reunião com professor da disciplina e com a directora de turma para perceber a tendência descendente do aluno.Confrontado com um pedido de esclarecimento, visto ser a única disciplina que não tem os critérios de avaliação com acesso aos pais,explicou que a componente comportamental vale 30% e os conhecimentos 70%.
Quanto ao comportamento nada a assinalar "é um adulto em ponto pequeno", quanto aos conhecimentos, depois das férias de verão fez teste diagnóstico e teve 80%, foi o melhor a tocar o "Hino da Alegria" e serviu para eu ver conhecimentos de todos.Então como justifica o 4 e agora o 3?
Espero mais dele e de outros que já sabem música.

E esses alunos sabem disso, já lhe explicou? é que esse aluno diz-nos que faz os mesmos exercicios que os outros que não sabem, e que ainda no último teste que teve satisfaz mais, tocou 3 notas na flauta, o mesmo que os outros quando na realidade sabia tocar a música toda,mas o professor só disse que era aquele exercicio.A motivação é nula como compreenderá, disseram os pais.Não será por isso que ele tocou só com uma mão e a outra no bolso?

Pois efectivamente ele é aluno de 5,mas compreenda são 26, a música não os entusiasma e sabem que para o ano já não têm e desleixam-se,disse o professor.
Depois desta conversa surreal, que demonstra bem o que se passa nas nossas escolas,restou aos pais só mais esta observação: o professor sabe o que é explicar a um aluno que sempre esteve no quadro de mérito da escola, que saiu neste periodo por causa do 3 a música e que afinal é aluno de 5?
O professor,calou-se a DT ficou a conversar com ele e os pais desejaram ao professor um bom 3º periodo de aulas.
Que fazer perante isto?
Para quando o valorizar as artes na escola pública?
De Ana Narciso a 13 de Abril de 2010 às 16:16
Num caso destes , pedro, deveria ter reclamado por escrito a revisão desta nota.

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