Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Conflito israelo-palestiniano

A distância poupa-nos o trabalho de ter de tomar uma posição, mas o conflito israelo-palestiniano entra-nos em casa sob a forma de imagens escolhidas para chocar. Poderia ser na forma de noticias mas chocando o público ha um maior mais retorno em termos mediáticos. O contexto e o enquadramento do que se está a passar fica em segundo plano.

Não vale a pena querer saber quem lançou a primeira pedra, pois para isso teríamos de recuar mais de quatro mil anos.

Nos dias de hoje este conflito será a face mais visível do chamado choque de civilizações.

É natural que fiquemos incomodados com as imagens de sofrimento mas gostaria de aqui deixar algumas notas que no meu ponto de vista definem os dois lados do conflito.

- Os centros operacionais e logísticos do Hamas e do Hezbolah, que incluem locais de lançamento de rockets sobre povoações israelitas, localizam-se deliberadamente em prédios habitacionais para que os seus compatriotas sirvam de escudos humanos contra os ataques israelitas.

- Os restos mortais dos soldados israelitas mortos em combate e que fiquem em posse do inimigo são reclamados pelo Estado de Israel que pretendem lhes prestar homenagem e os sepultar de acordo com o ritual judaico. É habitual haver troca de prisioneiros palestinianos, alguns até comprovadamente envolvidos em actos terroristas, por restos mortais de soldados mortos há vários anos.

- Muitas crianças palestinianas são educadas e treinadas para um dia se fazerem explodir matando com eles o maior número de pessoas possível. Os cérebros destes métodos preferem ocupar os lugares politicos e guardam o colete de explosivos para os seus jovens.

- Olhando para as diferenças entre a forma como ambos os lados tratam os seus, leva-me a sentir que de facto, enquanto ocidentais estamos necessariamente mais próximos dos judeus, que dos palestinianos.

- O timing dos ataques dos últimos dias à faixa de Gaza devem-se ao vazio de poder dos EUA, que se prolongará até à tomada de posse de Obama. Aqueles que gostariam de uma América menos poderosa têm aqui uma pequena amostra do que seria o mundo sem a sua influência.

publicado por Paulo Sousa às 23:15
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26 comentários:
De Paulo Sousa a 31 de Dezembro de 2008 às 17:34
Voltei a ler o que escreveu em cima:

"não se deve confundir a resistência de décadas do povo palestiniano contra a ocupação do seu território e pela sua independência com terrorismo"

E depois lembrei-me de um excerto de hoje do Público:

"Khaled Meshaal
O líder do bureau político do Hamas vive exilado na Síria. É considerado o chefe da ala mais dura do movimento islamista. Meshaal apelou a uma terceira Intifada e a atentados suicidas."
De Hugo Besteiro a 2 de Janeiro de 2009 às 05:25
Continua a falar do Hamas como se eu fosse um defensor desse movimento. Se calhar, quando lhe sugeri duas ou três vezes que lesse a história do Hamas, não fui suficientemente explícito. Cá fica então. Eu nunca fui e não sou defensor do Hamas, das suas tácticas e da sua carga religiosa.

O Hamas foi criado (e fomentado por Israel) para combater a influência da OLP e de Arafat. Deu bastante jeito durante uns anos (tal como outros movimentos deram em alturas específicas noutros locais). Mas depois acabou por morder a mão de quem o alimentou (caso que também não é único) e acabou por ficar incontrolável. Ainda que não concorde com os seus ataques indiscriminados também não deixa de ser verdade que a influência que conquistou junto dos palestinianos se deve, não ao "fundamentalismo religioso", mas sim ao apoio efectivo que o movimento dá às populações na Faixa de Gaza e na Cisjordânia em termos de bem-estar e serviços sociais e à construção de infra-estruturas fundamentais como escolas e hospitais (necessidades prementes para as quais os palestinianos são empurrados há décadas). Não é por acaso que o Hamas ganhou as eleições legislativas em 2006 tendo conquistado 74 dos 132 lugares (a Fatah conquistou 45).
Vitória essa que os EUA e Israel se recusam a reconhecer e tendo também o Quarteto para as questões do Médio Oriente (EUA, Rússia, UE e ONU) ameaçado cortar os fundos à Autoridade Palestiniana. Parece-me um bocado estranho para quem apela tanto às eleições democráticas em outras situações.

Ainda que pudéssemos (e não podemos) apontar todos os males da situação da Palestina ao Hamas, os bombardeamentos de toda uma população por causa de um movimento terrorista não fazem qualquer sentido. Não o estou a ver a defender o bombardeamento de algumas populações devido a alguns grupos do seu território que usam (ou usaram) terrorismo para tentar fazer valer a sua perspectiva (Lashkar-e-Taiba, ETA, AUC, IRA, RAF, ..).

Para concluir, já que acha tão puro o movimento sionista também podemos falar de grupos como o Hashomer, o Irgoun (só de 1936 a 1938 este grupo foi responsável pela morte de 250 civis árabes), o Haganah, o Lehi, entre outros. Estes grupos foram depois a base da criação, pelo então 1º Ministro de Israel, Ben Gurion, da Tsahal - as forças armadas israelitas. Outra coisa curiosa é que muitos líderes destes grupos terroristas acabaram por sair para importantes cargos do governo israelita ao longo das décadas (Menahem Begin, 1º Ministro; Itzhak Shamir, 1º Ministro; Ariel Sharon, 1º Ministro; Yitzhak Rabin, 1º Ministro; Rehavam Ze'evi, Ministro; Dov Hoz, vice-mayor deTel-Aviv; Moshe Dayan, Comandante Supremo das FA, Ministro da Defesa e Ministro dos Negócios Estrangeiros; Yigal Allon, 1ºMinistro e Ministro de várias pastas; etc..). Os movimentos sionistas também fizeram vergar a vontade do Império Britânico.. mas não foi com greves de fome ou com marchas pacifistas ;)
De Paulo Sousa a 3 de Janeiro de 2009 às 14:23
Nós temos a vantagem de, se assim o entendermos, poder escolher um dos lados, algo que quer palestinianos e quer israelitas, não têm.
Não concordando com os alguns dos seus argumentos, considero-os válidos para debate.
Estou certo que com a mesma clareza e objectividade que este diálogo correu, o conflito israelo-palestiniano já estaria ultrapassado.
Cumprimentos
Paulo Sousa

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