O vale do rio Lena, aninhado entre as alturas de Porto de Mós e Aljubarrota, apresenta uma autenticidade e beleza que comove e sensibiliza o visitante. Estendido no sentido nordeste-sudoeste ao longo do rio Lena, que docemente vai matando a sede a pomares, hortas e vinhas.
Esta benignidade ajuda a entender o passado local e regional, permitindo chegar à conclusão que foi palco activo de povos que em seu tempo aqui viveram e labutaram. A passagem permanece viva no património edificado dos períodos: romano (pedras tumulares, pontes, caminhos); mourisco (caneiros de rega, toponímia) e medieval (salinas das Brancas, coevas de D. Sancho e a batalha Real).
Procuramos em viagem pelo tempo, despojada e breve, chamar a vossa atenção pelo passado histórico local e regional que não está condicionado a limites geográficos autárquicos, antes recomenda parcerias inter-municipais de vivência histórica apoiada em factos no nosso passado colectivo.
O Património é uma realidade viva que só tem significado quando relacionado com pessoas e comunidades. A nova postura museológica recomenda a participação de autarquias e residentes, expressa nas Leis n.11/87 (Art.º4º e 20º), de 7 de Abril, e n.º107/2001 (Art.º3º.8-), cuja leitura recomendamos.
A movimentação de exércitos ou grupos armados foi sempre considerada perigosa e difícil porque os caminhos escolhidos condicionam segurança, comodidade e velocidade de marcha da força em trânsito; antes (em itinerários de aproximação); durante (para escolha e exploração do melhor aproveitamento táctico do terreno); depois (para romper o contacto com o inimigo, retardamento, fuga) do local do confronto.
A memória da batalha Real não se circunscreve ao local do confronto entre as forças antagonistas, onde a Fundação Batalha de Aljubarrota tratará certamente o tema com a excelência que merece.
O conhecimento do terreno e das vias relacionadas ou com acesso ao local do confronto é condição indiscutível ao entendimento da luta e necessário à transmissão a gerações mais novas. Baseados em atenta observação do terreno, de cartas antigas e na memória dos moradores mais idosos procurámos descobrir os percursos utilizados ainda balizados com oliveiras milenares.
O vale do Lena apresenta quatro itinerários identificados que iremos referir:
- Romano: evidente nas pontes “do Cavaleiro” sobre o rio Lena, com mato, reparada no parapeito e talha-mar com cimento (!); “da Freixa”, sobre a ribeira da Freixa, em ruínas e coberta com mato crescido; “ do Coito”, sobre a ribeira das Alcanadas, em estado razoável mas coberta com mato crescido;
-Medievo (“Caminho de D. Nuno” Tomar - Porto de Mós);
-Medievo (Etapa do caminho de D. Nuno, reconhecimento de Porto de Mós - Porto da Cevada), junto da 1.ª posição portuguesa virada a norte;
-Medievo (caminho dos beirões retardatários Porto de Mós – S. Jorge (a montante da fonte dos Vales). O encontro de João Fernandes Pacheco com el-rei D. João I “tão directo e aparentemente tão simples” merece alguma reflexão porque poderá dar alguma explicação acerca dos autores do elevado número de obstáculos artificiais.
E agora o que fazer!? Estamos perante um desafio que não podemos ignorar. Temos todos obrigação moral e de cidadania, salientarmos o que nos une e diminuir o que nos possa separar. Temos de, à semelhança da batalha Real e de outros municípios (Óbidos, Macedo de Cavaleiros e Castelo Branco) nos juntarmos e criarmos condições para dar conhecimento e usufruto pedagógico deste património que parece estar ao abandono. Os alunos orientados pelos professores merecem e têm direito a um passeio pedestre, de comboio de rodas, de BTT, enquanto na natureza recebem aulas adequadas, em locais limpos sinalizados e tratados. Seria também interessante estabelecer parcerias, talvez em rede histórica, com Municípios que tiveram desempenho destacado na batalha Real. (Atoleiros, Macedo de Cavaleiros, Trancoso, Guimarães, Batalha, Tomar, Ourém, Abrantes, etc.).
S. Jorge, 2 de Abril de 2009
Cor. Valente dos Santos
Amanhã teremos connosco mais um convidado à mesa desta esplanada à beira do Lena.
Queremos que seja uma surpresa e por isso só quando o texto for publicado ficarão a saber quem é.
Podemos adiantar que o tema a debater é o Vale do Lena.
A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo vai promover uma série de debates para preparar um Encontro, a promover em Maio, sobre o tema Autonomia das Escolas. Convidou-me a Direcção da AEEP para o primeiro evento, realizado em Serralves, no passado dia 17 de Fevereiro. O texto que segue serviu-me para introduzir o debate, naquela sessão.
O que pode um não especialista de Educação contribuir para o debate que pretendem? Foi a pergunta que me assaltou quando pensei melhor na responsabilidade de aqui estar hoje, que assumi com gosto, devo dizer.
Vi, ao ler um texto escrito pelo Senhor Presidente da AEEP, em 13 de Outubro de 2008, sobre o assunto “Autonomia pedagógica do Ensino Privado”, que podem existir entendimentos variados da palavra autonomia, alguns dos quais geram perplexidade e são fonte de preocupação.
Sabemos todos que dispomos de um enquadramento novo para a autonomia, a gestão e a administração dos estabelecimentos públicos e que estamos em fase muito activa da sua aplicação.
Pareceu-me, ainda, que o contexto que se vive justifica alguma reflexão e debate sobre a ideia de autonomia e os seus usos.
Decidi, assim, propor alguma reflexão em torno de três perguntas, alimentadas pelo pensamento de um especialista, o Professor João Formosinho, e por informações recolhidas num relatório de um estudo sobre a autonomia das escolas feito recentemente em 30 países europeus.
A escolha e a estrutura da minha introdução ao debate alimentam-se, naturalmente, da minha experiência de professor universitário, cidadão com um certo envolvimento e responsabilidade em missões na esfera da Educação, nos últimos anos.
Vamos então às primeiras perguntas: O que é “autonomia da escola”? O que é que a justifica? Para que deve servir?
São perguntas banais, primárias, reconheço. Mas um professor de química gosta de compreender a estrutura da matéria, para perceber as suas transformações e as propriedades dos produtos dessas transformações.
Comecemos, então pela primeira pergunta: o que significa autonomia da escola?
O Professor João Formosinho, em livro de 2005, diz o seguinte:
A advocacia da autonomia da escola emerge no último quartel do século XX como consequência natural do questionamento da centralização e das lógicas burocráticas na administração do sistema educativo.
Podemos, com esta ajuda, entender que a autonomia da escola pode ser entendida como descentralização e libertação das “lógicas burocráticas”. Estamos a falar de autonomia administrativa, ou de gestão.
É este o sentido assumido também numa interessante publicação do Gabinete de Estudos da Educação, de 2007, em que se apresenta o resultado de um estudo comparativo da Autonomia das Escolas na Europa. Políticas e Medidas, realizado pela Rede Eurydice a pedido da Unidade Portuguesa e envolvendo 30 países.
Aí se diz que o conceito de “autonomia das escolas”se refere aos vários e diferentes aspectos da gestão escolar (essencialmente, financiamento e recursos humanos).
Diz-se, ainda, naquele documento que são consideradas totalmente autónomas, ou detentoras de um alto grau de autonomia, se forem inteiramente responsáveis pelas suas decisões dentro dos limites previstos na lei ou do quadro normativo geral relativo à educação.
A autonomia da escola é, enfim, atribuir a responsabilidade por fazer cumprir os fins da escola, a defesa do interesse público, àqueles que estão próximos e directamente envolvidos.
Estas referências seriam suficientes, a meu ver, para iniciarmos o debate, desde que aplicássemos estes princípios, também, à gestão do currículo, ou à orientação da acção educativa da escola, como se diz no artigo 44º do Decreto-Lei nº 553/80, de 21 de Novembro, o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo.
Por isso, ficarei por aqui, na abordagem ao significado da expressão autonomia escolar.
Foquemos agora a nossa atenção sobre a segunda questão que propus: Autonomia porquê? E mantenhamo-nos no caminho que escolhi olhando o que nos diz João Formosinho.
Esta asserção da autonomia da escola é suportada pela emergência do local (designadamente da cidade) como locus de coordenação das políticas sociais e educativas e é legitimada pelo fracasso das inovações baseadas
Este professor da Universidade do Minho acrescenta outros argumentos mais adiante, para nos ajudar a entender esta tendência de autonomia crescente das escolas, observada em toda a Europa, desde os anos 80:
- A progressiva inaptidão do sistema centralizado para gerir a complexidade e heterogeneidade da escola de massas;
- A necessidade de “repartir” as responsabilidades pela crise da educação;
- A emergência do municipalismo em Portugal.
Se olharmos agora, do novo, o documento do GEPE relativo à situação em 30 países da Rede Eurydice, podemos recolher os seguintes argumentos:
- Apenas dois países sobressaem pelas suas tradições altamente desenvolvidas em matéria de autonomia das escolas – a Bélgica e os Países Baixos. Em ambos os casos, esta tradição decorreu das “guerras escolares” entre o ensino público e o ensino privado.
Mais adiante o documento refere, ainda, que nestes países a autonomia das escolas se desenvolveu enquanto reflexo da liberdade de ensino e foi legitimada por considerações de ordem religiosa e filosófica. No século XIX e ao longo da maior parte do século XX, foi sobretudo nessa base que se discutiu.
E acrescenta:
Nos anos 80, o processo tomou outro rumo. As reformas em matéria de autonomia das escolas estavam relacionadas com a causa política da participação democrática.
Lendo o que consta do preâmbulo ao Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, vemos que a participação democrática está presente, também, no princípio geral que sustenta esta política em Portugal:
A autonomia das escolas e a descentralização constituem aspectos fundamentais de uma organização da Educação, com o objectivo de concretizar na vida da escola a democratização, a igualdade de oportunidades e a qualidade do serviço público de educação.
A alteração introduzida recentemente no quadro legal, através do DL 771/2007, que passou a regular a autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, traz interessantes modificações que gostaria de trazer à nossa reflexão. O preâmbulo, de novo, apresenta importantes objectivos desta legislação:
- Em primeiro lugar trata-se de reforçar a participação das famílias e das comunidades na direcção estratégica dos estabelecimentos de ensino.
E o Artigo 11º (Conselho Geral) é ainda mais esclarecedor do sentido da transformação:
“O funcionamento dos estabelecimentos de educação e ensino, nos diferentes níveis, orienta-se por uma perspectiva de integração comunitária”.
O que significa esta expressão?
Que implicações tem na governança da escola?
Que relação tem com a autonomia?
Gostaria que significasse a adopção da ideia de “school learning community”, que Jolie Epstein e colaboradores têm vindo a cultivar e expandir nos EUA, a partir da Universidade de John Hopkins.
Aquelas investigadoras defendem esta ideia em alternativa à noção de escola como “professional learning community”.
Uma transformação profunda a aplicação do DL 771 implica é esta mudança de “professional learning community” para “school learning community”.
Aquelas autoras recomendam um programa organizado de parcerias entre escola, famílias e comunidades, que contemple actividades ligadas aos fins de escola, argumentando que …tais programas melhoram as escolas, fortalecem as famílias, dão vigor ao apoio da comunidade, melhoram os resultados e aumentam o sucesso dos alunos.
Ora um tal programa irá tanto mais longe na busca da meta de servir o bem dos alunos, a escola e os seus fins, quanto mais autónoma for a escola. E esta é uma excelente deixa para entramos na reflexão em torno da última questão que levantei:
Autonomia da escola para quê?
Encontrámos já algumas pistas para buscarmos respostas:
- Para assegurar melhores condições à realização da liberdade de ensino;
- Para assegurar melhores condições para a participação democrática;
- Para proporcionar melhor administração e gestão;
- Para melhorar o serviço público que a escola presta.
Gostaria, em todo o caso, de pôr à consideração dos presentes, para o debate que justificou este encontro, dois objectivos primordiais para a autonomia da escola:
- A melhor realização dos seus fins;
- A realização de tais fins através de uma ideia de escola como comunidade educativa e de aprendizagem.
Em qualquer circunstância, mais autonomia requer transparência, garantia de qualidade e prestação de contas, por parte de todas as partes envolvidas, Estas são as minhas muito modestas pistas para o debate que desejam, que é bem oportuno ser estimulado em todo o País.
Porto, 17 de Fevereiro de 2009
Amanhã teremos connosco mais um convidado à mesa desta esplanada à beira do Lena.
Queremos que seja uma surpresa e por isso só quando o texto for publicado ficarão a saber quem é.
Podemos adiantar que o tema a debater é sempre actual. A educação.
Sou frontalmente contra a criação de regiões administrativas em Portugal!
Sempre fui contra, por entender que não temos dimensão nem diferentes características regionais que o justifiquem. E porque tenho a certeza que a regionalização não resolveria bem nenhum dos nossos problemas, criaria muitos outros problemas e seria geradora de muito mais despesa improdutiva.
Sou ainda mais contra desde que sou Presidente de Câmara, e de uma Câmara Municipal como a de Leiria, parte integrante de Associações de Municípios que funcionam muito bem. Melhor até do que as condições legislativas o fariam supor.
Isto afirmado, assumo-me como defensora de um modelo inter-municipal alternativo à regionalização, que afirme a importância histórica do municipalismo em Portugal e promova a cooperação entre municípios vizinhos.
Em defesa do meu ponto de vista poderia aqui citar muitos estudiosos desta problemática que apontam na mesma direcção, poderia invocar o “princípio da subsidiaridade” (que ‘manda’ resolver os problemas o mais perto possível da sua origem)… Mas não quero ir por aí.
Prefiro defender a minha opinião com a situação que vivemos nesta região e que considero perfeitamente possível replicar por todo o País.
Na Associação de Municípios da Alta Estremadura, na Área Metropolitana de Leiria (AMLEI), na Associação de Municípios do Pinhal Litoral (AMPL), no Pólo de Desenvolvimento Turístico de Leiria-Fátima, na Valorlis e na Simlis, os municípios da Alta Estremadura têm sido exemplares no seu relacionamento e na procura de caminhos comuns para a resolução dos problemas das suas populações.
As cartas educativas municipais, por exemplo, foram elaboradas em conjunto, porque todos temos a noção de que o conjunto vale mais que a soma das partes e os problemas da Batalha têm similitudes com os de Pombal, Ourém, Marinha Grande, Porto de Mós ou Leiria.
O projecto Leiria Região Digital foi primeiramente estendido a todos os municípios da AMAE e, posteriormente a Alvaiázere e Ansião no âmbito da AMLEI.
O mesmo aconteceu com a elaboração do Plano Estratégico e vai agora acontecer com um equipamento tão necessário como um ‘campo de treino’ para todos os nossos Bombeiros.
Ainda recentemente, quando o Governo determinou que nas candidaturas ao QREN seriam privilegiados os projectos inter-municipais nós tínhamos um enorme avanço relativamente à maioria do País. Precisamente porque é essa a nossa prática há mais de uma década.
E mais recentemente ainda, quando o mesmo Governo extinguiu os Gabinetes de Apoio Técnico (tão importantes para as autarquias e associações de diversa índole): foi fácil acolher aqueles técnicos na AMPL, garantindo assim a manutenção do seu excelente trabalho.
Com tudo isto – que é fácil implantar em todo o País, como a aplicação do QREN vai demonstrar –, para que precisamos nós de outro patamar de poder?
Para diluir o nosso património turístico numa área entre Aveiro e Castelo Branco?
Para continuar a ter os nossos planos de ordenamento ‘sentados’ algures numa longínqua secretária à espera de vez entre mais de 100 outros?
Para termos mais uma etapa entre a nossa região e a sede do poder central?
Digo frontalmente que não!
Do que precisamos é que nos simplifiquem o relacionamento com a sede do poder central, sem mais intermediários, sem mais burocracia.
Do que precisamos é que nos confiem os meios financeiros hoje consumidos sem (quase) proveito em organismos desnecessários, para que seja possível aplicá-los onde fazem mais falta: perto das populações e para resolver com celeridade os seus problemas.
Precisamos de simplificar, precisamos de aproximar o poder das populações.
Se quiserem chamar a isto regionalização… então serei regionalista.
Isabel Damasceno Campos
(Presidente da Câmara Municipal de Leiria e da AMLEI)
Título completo: "Se um regionalista incomoda muita gente,
as regiões incomodariam muita mais…"
Caros leitores,
Amanhã teremos connosco mais um convidado à mesa desta esplanada à beira do Lena.
Queremos que seja uma surpresa e por isso só quando o texto for publicado ficarão a saber quem é.
Podemos adiantar que o tema a debater é muitíssimo oportuno. A Regionalização.
Porto de Mós é um concelho rico pelas suas gentes, pelo seu território e pela sua história. A identidade portomosense afere-se na história e na geografia humanas do seu espaço, na ingente e secular transformação das suas paisagens serranas, na persistência das resistências das suas gentes às agruras e contrariedades da economia.
Ao longo do século XX, especialmente até à década de 1970, Porto de Mós conheceu índices significativos de emigração que, se por um lado, empobreceram a terra porque a esvaziaram da sua população, por outro permitiram a muitos dos que partiram melhorar as suas condições de vida, alargar as respectivas mundividências, refundar memórias e laços de solidariedade. No princípio dessa Centúria, o Brasil e a América do Norte foram os destinos preferenciais. Mais tarde, afirmou-se o Canadá, mas também alguns países europeus, sem esquecer o encontro de muitos, por força do serviço militar, com as antigas colónias portuguesas.
Muitos partiram, outros muitos, contudo, chegaram e por estas terras se fixaram. No último quartel do século passado, as paisagens aldeãs ganharam inéditas fisionomias. As antigas ermidas e capelas transformaram-se em igrejas de betão, secaram antigas fontes e bebedouros públicos, velhas casas de alpendre ou de sobrado, com seus pátios e adegas, hoje raridades de densa beleza arquitectónica popular, deram lugar a conglomerados de casario uniforme que marcam a vida contemporânea em que primam as ausências de vizinhanças solidárias.
Nos últimos anos, Porto de Mós progrediu substancialmente. O seu passado histórico e o seu património cultural foram dignificados por diversas actividades de estudo e de promoção, constituindo, ainda, um pólo de encontro para todos os portomosenses que sentem existir na história e no património do seu concelho um legado enriquecedor e motivador.
Bem poderemos dizer que, tendo em conta o ex libris maior que é o seu belíssimo Castelo, que os antigos portomosenses trabalharam para as gerações nossas contemporâneas. Recentemente, por ocasião das VI Jornadas Luso-Espanholas de História Medieval, cujo primeiro dia decorreu em terras de Porto de Mós, houve oportunidade de levar os congressistas a uma visita a este monumento.
Uma visita muito breve e já no lusco-fusco do crepúsculo que descia sobre a vila. A maior parte dos participantes, portugueses e espanhóis, ainda que tenham participado também medievalistas oriundos do Brasil, da França e da Itália, nunca tinha estado em Porto de Mós e desconhecia mesmo os itinerários que dos campos de S. Jorge descem para a vila histórica.
Desse contacto, ainda que muito efémero, Porto de Mós ganhou admiradores. O que seria de Porto de Mós sem o seu castelo? Sem a sua história? Sem a riqueza das suas gentes? No meio de dificuldades e de muitas privações, há que reconhecê-lo, as gerações portomosenses de antanho legaram, às de hoje, um património histórico, monumental e cultural invulgar, motivo de orgulho mas também legado que consolida Porto de Mós como destino de um qualificado turismo cultural e natural.
Numa região turística, como a de Leira-Fátima, em que o gótico resplandece nas brancas abóbadas de Alcobaça e nos mais altos coruchéus da Batalha, mas também nas colinas de Pombal, de Leiria, de Ourém, sem olvidar essa espantosa “catedral verde e sussurrante” que se estende pelas dunas da Marinha Grande e desagua nas praias de S. Pedro de Muel e da Nazaré, envolvendo a mística abadia das austeras donas de Cós, a vila de Porto de Mós, pela sua história, polariza uma verdadeira capitalidade patrimonial. Saíram do seu ventre as pedras que edificaram esses monumentos ímpares da cultura portuguesa mas também europeia — nestes nossos areais de oiro, em que se prostra venerador o profundo Atlântico, começa verdadeiramente a Europa… —, como ainda outras riquezas, sobretudo, a força das gentes portomosenses, recta como os muros altos das suas igrejas austeras, de uma altiva alma senhorial que se encarna cedo, nos mais tenros sonhos de todas as infâncias nascidas no afago de um gótico castelo único, orgulho dos que o vizinham e belveder inesquecível dos que o visitam.
Saul António Gomes
Universidade de Coimbra
O Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis (AHVL) beneficia cerca de 2.100 hectares de solos férteis do vale desde Leiria a Vieira de Leiria. Dos 3.300 proprietários de terrenos que são beneficiários do Aproveitamento, destacam-se cerca de 100 explorações de pequena e média dimensão com actividades principais de produção pecuária (leite), horticultura para fresco e horto-industriais.
O Aproveitamento insere-se num projecto mais vasto estendido a toda a bacia do rio Lis, no qual foram estudados e tratados problemas de correcção torrencial, transporte sólido, regularização e sistematização fluvial.
A Obra do Lis criou, nos anos 50, novas condições de salubridade e acessibilidade nesta região e constitui, de facto, um empreendimento de fins múltiplos, onde os objectivos agrícolas se consideravam subsidiários dos objectivos principais de defesa contra cheias e drenagem do vale.
Em 1957, a obra é dada por concluída, mas só em 1965, após a execução de um grande número de obras complementares às redes de rega e de drenagem, foi feita a sua entrega formal à Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis.
Dados os enormes trabalhos e encargos envolvidos com a conservação e exploração de todas as obras, com um grande peso dos custos do sistema de defesa e redes de drenagem, relativamente aos dos sistemas de rega, foram recentemente desenvolvidos contactos com entidades regionais, no sentido de sensibilizar para a importância que assume a tarefa de Manutenção do Sistema de Defesa e Drenagem do Vale do Lis, entregue desde o início da Obra do Lis exclusivamente ao sector agrícola.
Considera-se existir hoje um reconhecimento, por parte das entidades envolvidas, que a manutenção e conservação do sistema de defesa contra cheias, do sistema viário e de parte do sistema de drenagem da Obra do Lis é fundamental, quer para a actividade económica em geral, quer para o funcionamento das infra-estruturas que apoiam as populações.
Constata-se que, actualmente, uma parte substancial das redes colectivas não são funcionais, não só porque as bases de concepção da obra inicial foram ultrapassadas, no que respeita às possibilidades actuais de gestão do sistema colectivo e dos sistemas de rega individuais, mas também porque as infra-estruturas se encontram muito degradadas verificando-se em muitos casos, estarem obsoletas e em colapso, uma vez que estão a atingir o fim da sua vida útil.
O reconhecimento do estado geral de degradação da obra, em especial da componente de rega, levou os serviços do Ministério da Agricultura a desenvolver estudos e projectos para a sua modernização e reabilitação, associada a uma acção de reestruturação fundiária.
Entretanto foram já executados diversos investimentos em obras primárias, 2 açudes automatizados no rio Lis e 2 estações elevatórias de dupla função, na sequência dos quais estão programadas as obras secundárias que viabilizam todo o sistema integrado, sem as quais não são repercutidos os efeitos nas explorações beneficiárias.
O AHVL beneficia a maior mancha de aluviões da região de Leiria, com grande potencialidade para a produção agrícola – existindo hoje explorações líder na produção Pecuária para Leite, Hortoindustriais e Hortícolas para fresco.
Ao Aproveitamento, nas componentes de defesa e drenagem, que se insere num empreendimento de fins múltiplos, foi reconhecida há vários anos a necessidade de modernizar e adequar as infra-estruturas do aproveitamento colectivo às tecnologias e exigências da agricultura moderna, tendo sido desenvolvidos os projectos e procedimentos ambientais necessários para a sua concretização.
A sustentabilidade da actividade agrícola está associada à implementação do projecto de modernização e reabilitação e de um novo modelo de gestão partilhada com outros sectores beneficiários, de modo a criar as condições de confiança para a consolidação e melhoria da competitividade das empresas agrícolas, envolvendo-as consequentemente no processo de gestão colectiva do empreendimento.
Pelo exposto lamenta-se que o Sr. Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, não tenha homologado as candidaturas dos projectos de reabilitação do Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis, dando-lhes o necessário enquadramento nas medidas previstas no novo Quadro Comunitário de Apoio. Na actual Política Agrícola deste Governo, fica a sensação que só o projecto do Alqueva é que é bom (a ver vamos se assim é) e tudo o resto é paisagem.
Cláudio de Jesus
08-11-05
Caros leitores,
Amanhã teremos connosco mais um convidado à mesa desta esplanada à beira do Lena. Trata-se do Eng. Cláudio de Jesus, Adminsitrador Delegado da Simlis desde 2004 e vem falar-nos sobre o aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis.
O Eng. Cláudio de Jesus exerceu um cargo idêntico na Valorlis durante oito anos e foi galardoado em 2008 com o Troféu Afonso Lopes Vieira na categoria Ambiente pelo trabalho notável que tem desenvolvido no Distrito de Leiria em prol das questões ambientais.
É por isso uma autoridade nestas questões e será um prazer tê-lo connosco à conversa.
A abertura ao público no próximo dia 12 de Outubro, do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrora, (CIBA), representa o culminar de um trabalho de estudo e investigação, que se iniciou em 2002. Os diversos paineis e objectos expostos, foram o resultado de uma extensa recolha de informações e gravuras, efectuada em diversas bibliotecas e instituições europeias. Este trabalho de investigação e exposição, permitiu que o CIBA constitua hoje o local mais avançado tecnologicamente, em toda a Europa, em termos de descrição de uma importante batalha medieval. Este facto constitui seguramente um motivo de orgulho para todos os portugueses e em particular para os residentes do concelho de Porto de Mós.
Caros leitores,
Por ocasião dos 200.000 visitantes anunciámos que teríamos surpresas. Assim, e para tornar este blog cada vez mais um espaço incontornável de debate público do nosso concelho, passaremos a ter regularmente convidados connosco à mesa.
Com a aproximação da inauguração do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrora (CIBA) no próximo dia 12, podemos dizer que começamos em grande com um texto do Dr. Miguel Horta e Costa, Administrador da Fundação Batalha de Aljubarrota
O texto estará disponível amanhã após as 10h00.
Prof. António Câmara - Palestra
Agradecemos à Zona TV
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