Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2010

Quinta-feira Negra?

A Bolsa de Lisboa, depois de duas semanas consecutivas em queda, assistiu hoje (e a esta hora a praça ainda não fechou) à queda do índice PSI-20 em perto de 6%, com as cotações das principais empresas nacionais a caírem entre os 7 e os 9% (apenas a EDP e a PT caem menos que isso), coisa que se não via desde a crista da onda da crise financeira, no Verão de 2008.

Para quem acha que as opiniões das instituições financeiras internacionais, entre as quais as agências de rating, não passam de palpites para os quais nos podemos estar nas tintas, aqui está a indesmentível prova de que estão errados. Aqui está a prova de que, quando se trata de mercados financeiros, é necessário cuidar, para além do ser, do parecer.

Quem tem a paciência de me ler estará recordado de, há uma semana, me ter debruçado sobre esta matéria, chamando a atenção para dois textos que aqui havia publicado no final do ano passado a propósito do Orçamento de Estado (OE) e apontando como falha principal de todo o processo do OE uma envolvência de fingimento que descurou, precisamente, o “cuidado, assim a jeito de caldos de galinha, de explicar bem explicadinho o orçamento mas enquadrado num contexto de um plano para os próximos 4 anos, para deixar claro que temos um caminho bem diferente do da Grécia! Ou do da Espanha, que afinal é que é a grande preocupação”.

Pois é, hoje o pobre do ministro das finanças clama para que esperem pelo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) que se prepara para entregar dentro de duas semanas em Bruxelas, mas ninguém o ouve. Grita com as instituições internacionais, e já não só contra as agências de rating, que mudaram de presa. Que largaram a Grécia para se focarem na presa portuguesa! Mas é tarde. O governo teve tempo suficiente (100 dias!) para preparar o OE e o PEC, de forma consistente e apresentá-los, bem explicadinhos, em simultâneo. Para que fosse possível, precisamente, demonstrar, como se apregoa, que não estamos no mesmo saco da Grécia. Ou da Espanha.

O governo não fez nada disso e a oposição também não ajudou. Preferiram todos fingir! E, para ajudar à festa, a oposição decide apostar em levar por diante a absurda (nesta altura completamente absurda e irresponsável) questão da Madeira (cujo rendimento per capita é superior ao do continente) via lei das finanças regionais e, o primeiro-ministro, resolve sair-se com aquela tirada verdadeiramente extraordinária de que o défice de 2009, os 9,3% que surpreenderam toda a gente (do ministro das finanças ao governador do banco de Portugal), mais não é que o resultado de uma opção clara do governo de ajudar famílias e empresas a enfrentar a crise. Esta declaração do primeiro-ministro é verdadeiramente assassina! Porque em contradição com as autoridades nacionais na matéria (Ministério das Finanças e Banco de Portugal) mas, fundamentalmente, pelo que revela de credibilidade e de sentido de responsabilidade.

Claro que, depois da entrega do OE na AR, desenhou-se uma certa campanha com vista a mostrar que a situação de Portugal não é a da Grécia, protagonizada em especial pelo próprio ministro das Finanças, pelo governador do Banco de Portugal e pelo presidente do IGCP (Instituto de Gestão do Crédito Público). Só que a emenda foi pior que o soneto, pois passou a ser uma campanha pela negativa, do tipo daquela publicidade comparativa (e negativa) que até é proibida por lei, levando o ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, a reagir atacando, naturalmente, Portugal.

Sucederam-se artigos dos mais diversos especialistas nas principais publicações internacionais da especialidade e Portugal tornou-se. como diz Teixeira dos Santos, na nova presa. E culmina, ontem mesmo, com a União Europeia, através de Joaquin Almunia, comissário para os assuntos económicos e financeiros, a dizer, com todas as letras, que o problema de Portugal é semelhante ao da Grécia.

Os mercados reagem a tudo e nem sempre com reacções racionais. Os mercados financeiros internacionais reagiram a tudo isto fazendo disparar a percepção de risco da nossa economia que, entre outras consequências, leva os investidores a abandonar o nosso mercado de capitais. E foi o que se passou hoje: muitos investidores, cansados e assustados, desfizeram-se de muito papel!

 

Terça-feira, 26 de Janeiro de 2010

ESPERMATOZÓIDE DO RATO É SÁBIO!

Leio na newsletter da revista "Ciência Hoje" (www.cienciahoje.pt) de hoje, segunda-feira, quando escrevo, o resumo de uma interessante investigação da Universidade de Harvard, publicada na revista "Nature": os investigadores concluiram que o espermatozóide dos ratos faz algo que o dos humanos não é capaz. Qual é a habilidade do espermatozóide dos ratos? Os espermatozóides de um mesmo roedor são capazes de se reconhecerem e unirem-se para chegar ao óvulo primeiro que os seus rivais. Naturalmente, só quando existem em competição espermatozóides de outros ratos (as ratas não são lá muito esquisitas nestas coisas) é que os espermatozóides do mesmo rato se inter-ajudam  utilizando vários truques, nomeadamente, formam uma espécie de comboios onde várias dezenas de células se agregam umas às outras, ancorando-se nas cabeças e "nadam" em conjunto. Com este comboio atingem uma velocidade  50% mais rápida que a de um espermatozóide solitário batendo, assim, a concorrência. Bem visto! No caso dos espermatozóides humanos estes começam, logo que são lançados na corrida, a morderem-se e a matarem-se uns aos outros podendo, no final, nenhum chegar ao óvulo (basta ver o filme de Woody Allen que em Portugal se chamou, salvo erro, "O ABC do Sexo").

Esta investigação deu-me que pensar! Será que a falta de cooperação entre os humanos para atingir um fim e um bem comum é genética? Começa logo com o comportamento anti-social dos nossos espermatozóides? Será por isso que cada vez há mais ratos e menos humanos? Seremos, um dia, comidos pelos ratos? Falo dos propriamente ditos porque, quanto aos humanos travestidos em ratazanas, só não nos "comem" quando não conseguem ou não deixamos (quando podemos).

Comparei o resultado desta investigação ao que se passa aqui, em Angola, com uma parte do empresariado português: replicam aqui o modelo empresarial e de gestão que adoptam em Portugal. Ou seja, vêm todos para aqui sozinhos, vendendo o mesmo que todos os outros vendem, mantêm uma pequena dimensão e degladiam-se para venderem o mesmo ao mesmo cliente, muitas vezes prestando um péssimo serviço porque aqui os empreendimentos são grandes e eles não têm dimensão para poderem responder criando, para Portugal, uma má imagem em termos do nosso empresariado. Com isto, gastam imenso dinheiro cada um por si (Luanda é, há dois anos seguidos, a cidade mais cara do mundo, tendo destronado Tóquio no ranking) quando, se cooperassem entre eles, poderiam oferecer um serviço completo aos clientes,  poupavam em viagens, estadias e almoços caríssimos (para além de prendas e de prebendas) com pretensos "generais" ou "amigos do Chefe" mas que, na prática, não passam do motorista do general ou o marido da mulher-a-dias que limpa os anexos da casa do "Chefe". Claro que muitos têm tido sucesso merecido e louvável mas, muitos outros, têm tido sucesso porque até há pouco tempo tudo se vendia em Angola a qualquer preço, desde que existisse (mesmo hipoteticamente) ou que algum "metal" corresse por fora. Em meu entender, este cenário está a mudar e vai intensificar-se o ritmo dessa mudança a partir da próxima remodelação governamental, dentro de dias. Acredito que a anunciada política de "tolerância zero" quanto a corrupção vai dar os seus frutos a breve prazo: não será propriamente "zero" mas, também, jamais será 50%! Por outro lado, com a crise, o regabofe de compras ao estrangeiro a preços "generosos" vai diminuindo, por força da menor fartura em reservas cambiais (argumento inultrapassável!) e pelo incremento de meios de controlo que estão a ser criados, baseados nas novas tecnologias de informação.

Em sentido contrário, li há dias em Portugal o esforço continuado de uma empresa portuguesa ("Móveis Viriato") em criar redes de cooperação com outras empresas para poderem fornecer, na totalidade, tudo o que um hotel precisa para se equipar. Recordo-me dessa empresa, talvez ainda na vigência do PEDIP II, a tentar criar uma rede de cooperação sem sucesso. Nessa altura alterou a sua estratégia para produtor de mobiliário especializado para hotéis, saindo do "ninho de ratos" concorrencial do mobiliário genérico e, pelos vistos, não desistiu de criar essa parceria, hoje alargada a produtores portugueses de louças, atoalhados, lençóis, equipamentos, etc. Ou seja, fornece um hotel com tudo o que precisa, generiamente com produtos portugueses, partilha certamente custos de marketing e comerciais, de viagens e estadias e muitos outros, não "deixando" entrar concorrentes de outros países (como os espermatozóides do mesmo rato) e, assim, fornece actualmente algumas das maiores cadeias mundias de hotéis de prestígio.

Em resumo, concluo com grande clarividência científica, que o problema dos humanos não tem nada a ver com o comportamento dos nossos espermatozóides (embora não seja de esquecer a comparação com os dos ratos) mas tem a ver com a educação, a inteligência, a criatividade, o respeito pelos outros e pelas suas ideias e as opções que cada um de nós criou para a sua própria vida. 

É que Albert Einstein definiu INSANIDADE do seguinte modo: "Fazer a mesma coisa, da mesma maneira e esperar resultados diferentes". Até os ratos, nos laboratórios científicos, já provaram que entendem isto perfeitamente. E nós, os Humanos: já entendemos verdadeiramente?

 

Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2009

O Orçamento para 2010

 

O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2010 que o governo apresentará durante o próximo mês é decisivo para o futuro do nosso país. A situação económica e financeira em que Portugal se encontra é, por si só, razão suficiente para a importância deste orçamento no futuro próximo do país. Mas o que se passa noutros países da Europa, e particularmente na Grécia e na Irlanda, mas também em Espanha, agravam exponencialmente a realidade da nossa conjuntura (?) económica e financeira.

Não se compreende muito bem o atraso na apresentação do OGE para o próximo ano. Não há razões objectivas para que não tivesse sido apresentado mais cedo, o que só faz duvidar de que possa vir a estar à altura das responsabilidades que a situação do país impõem. A apresentação, e a forma como foi viabilizado o último orçamento rectificativo, há apenas uma semana, reforça essas dúvidas.

A situação é simples e resume-se em meia dúzia de pontos:

  • Não é possível continuar com os défices na ordem dos 8% pela simples razão de que não há condições, dentro dos limites responsáveis, de os continuar a financiar;
  • Também não é possível manter esses défices durante 3 anos para, em 2013, apenas por imposição da União Europeia, regressar aos 3%;
  • O sentido de responsabilidade obriga, assim, que se comece a reduzir o défice já em 2010 o que, de resto, é o único sinal de credibilidade que se pode passar para os nossos credores;
  • Ora o OGE é um instrumento de governação para um ano;
  • Neste espaço de tempo, mesmo que houvesse vontade política e determinação efectiva, não é possível inverter os estrangulamentos que impedem o crescimento económico;
  • Logo a única forma de atacar o défice já em 2010 passa exclusivamente pelo lado da despesa.

Portanto dizer-se que a despesa é rígida e que não é possível reduzi-la deixa de ser a eterna muleta para o “deixa andar” e nada continuar a fazer. È obrigatório fazer uma análise rigorosa dos gastos do Estado, identificar os desperdícios e, de uma vez por todas, começar a eliminá-los.

Tarefa complicada? De maneira nenhuma, se até todos nós, cidadãos comuns, temos a noção dos enormes desperdícios que nos entram diariamente pelos olhos dentro, como é que isso pode ser complicado para um governo?

Basta vontade. Política ou a que quer que seja!

Poderá perguntar-se, sabendo como tudo funciona em torno do jogo político, se há condições políticas para esse exercício de seriedade. Se é agora, quando o governo não tem maioria na Assembleia da República, que tal será possível.

Creio firmemente que sim. Basta que o governo fale verdade (para o que tem sempre todas as condições) e que se não preste a negociatas, como se prestou no orçamento rectificativo e como deixou claro que se prestaria para o próximo, como o Luís Malhó aqui deu conta há uma semana.

Se for para fazer este caminho, bendito atraso na apresentação do OGE...E, se assim fosse, eu gostaria de ver que oposição é que o inviabilizaria!

Mas parece-me que ninguém percebe que é melhor sermos nós a tomar a iniciativa de acabar com o regabofe do que sermos obrigados a fazê-lo através de chicote alheio! Pelo menos é o que parece quando, em vez de ouvirmos falar do problema, num dia ouvimos falar de regionalização e, no dia seguinte, do tal casamento…

 

Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2009

Paul Samuelson

 

Morreu ontem, aos 94 anos, Paul Samuelson, um dos mais brilhantes economistas de toda a História. Prémio Nobel da Economia em 1970, logo nos primórdios da sua atribuição, Samuelson marcou, com o seu colega e amigo também já desaparecido John Kenneth Galbraith, o pensamento económico dos últimos 70 anos e a formação de gerações de economistas em todo o mundo.

 

No final da década de 40 do século passado publicaria o que viria a ser uma obra académica de referência no ensino da economia em todo o mundo: Curso de Economia Moderna, uma descrição analítica da realidade económica.

 

Não se limitou, longe disso, a ser um académico. Viveu toda uma vida de forte intervenção pública, fosse do lado de dentro do poder, com grande influência em algumas administrações democratas, em particular nas de John Kenedy e de Johnson, fosse em contra corrente, como sucedeu na administração de George W Bush, onde nunca calou a sua voz contra as opções de política económica e de política externa, em particular na oposição à invasão do Iraque.

 

Confessava-se um centrista incorrigível, Keynesiano e forte opositor das teorias neo-liberais e do seu principal mentor: Milton Friedman. Ainda há cerca de um ano escrevia mais ou menos isto: “A origem do actual caos financeiro, o pior dos últimos cem anos, encontra-se no capitalismo libertário do laissez faire proclamado por Friedman e Freidrich Hayek que conduziu à completa ausência de regulação. Esta é a fonte dos nossos actuais problemas. Hoje estes homens estão mortos, mas o seu legado envenenado mantém-se”.

 

Ainda há apenas um mês escrevia que estava a chegar uma nova era mundial, com a liderança dos Estado Unidos ameaçada por uma China cada vez mais potente através de um ataque massivo contra o dólar. Mas acrescentava: “Muitas vezes, ao longo de sete décadas de ensino de economia e de publicação de muitos livros, me enganei. Ainda assim, como diziam os clássicos gregos, não matem o mensageiro que traz as más notícias”.

 

Não terá sido por isso que a morte lhe chegou ontem!

 

Com Paul Samuelson desaparece o último de um trio de economistas que mais aprendi a admirar: Samuelson, Galbraith e Peter Drucker!

 

 

Sexta-feira, 4 de Dezembro de 2009

Fim da Crise!

É oficial, o Intrastat publicou hoje as estatísticas do 3 trimestre e a União Europeia saiu da recessão, ou seja, registou um crescimento positivo no último trimestre, de 0,3%.

 
Portugal está muito acima da média e cresceu 0,9%, no 3º trimestre e também cresceu no 2º trimestre (0,5%).
 
Assim, parece que os nossos problemas estão todos resolvidos. Infelizmente, não é verdade, por trás destes números há uma realidade muito dura, para todos nós. São conhecidos os nossos problemas estruturais e todos nós sabemos, que nos próximos anos a maior parte dos países da União Europeia vão voltar a crescer acima dos 3% e para Portugal prevê-se uma taxa de crescimento residual, o que vai impedir que o desemprego diminua.
 
Se a isto juntarmos a necessidade de reduzir o défice de que será este ano acima do 8% e segundo o FMI, poderá aumentar no próximo ano e chegar aos 5% a 6% em 2013, ano em que a União Europeia obrigará a voltar à meta do Pacto de Estabilidade, ou seja, abaixo dos 3%.
 
Solução? Segundo o Banco de Portugal, o FMI, e outras entidades, aumentar os impostos!
 

Pois é, aumentar impostos, ao contrário, daquilo que o nosso Primeiro Ministro, que quando fala verdade, confunde conversas privadas com declarações na Assembleia da republica, nega, juntamente com o nosso grande Ministro das Finanças, Ministro respeitabilíssimo, que diminuiu o IVA há cerca de pouco mais de uma ano.

estou:
Quarta-feira, 4 de Novembro de 2009

Uma imagem vale por mil palavras **

 

 

** recebida por mail

 

Domingo, 1 de Novembro de 2009

Mais velhos do Restelo

Na mesma linha do que eu e o Eduardo aqui referimos, eis que não param de chegar outros alertas de gente que não acredita nas apostas do governo Sócrates.

publicado por Paulo Sousa às 10:20
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Quinta-feira, 29 de Outubro de 2009

A crise é culpa dos neoliberais

Apesar da oportunidade que os portugueses tiveram há pouco tempo para mudar rumo, optaram por manter a trajectória.

Com Sócrates, o futuro do país depende do TGV.

Com Sócrates, o corte fiscal alemão de 24 mil milhões de euros, é um erro, pois a saída da crise depende do Estado e não das empresas.

Com Sócrates, a culpa da nossa crise com dez anos, é crise internacional que começou há dois.

 

Enquanto isso, a Moddy's avalia a nossa economia com pessimismo e revê em baixa a dívida portuguesa. A Moody's justifica o corte com “os desafios estruturais para a economia” e a “aparente falta de motivação dos políticos para os resolverem”.

Claro que isto não passam de tretas da oposição.

Terça-feira, 19 de Maio de 2009

O papel do Estado na sociedade e a Crise Financeira

 

Importava haver um debate sério e profundo sobre o entendimento que cada um de nós tem do que deve ser o papel do Estado na sociedade. Este assunto dá pano para mangas, mas é no entendimento do papel do Estado que se distinguem os conceitos de esquerda e de direita.

Pessoalmente, acho que esta lógica do Estado entrar em casa dos cidadãos, substituindo-se à iniciativa privada na prestação serviços, é no limite redutora da liberdade individual.

Noutras sociedades, onde o Estado não é pai de todos, onde o Estado não consome mais de 50% do seu PIB, onde o Estado apoia a economia pela poupança fiscal e não pelos subsidios atribuídos, nessas sociedades, os cidadãos suportam os serviços como o que aqui ontem propuz (cheque-taxi) por conta própria em vez de andarem de mão estendida ao Estado, que por sua vez também gosta de dar esmolas.

Nessas economias, a saída da crise está na mão das empresas e dos cidadãos. Cá o Estado gosta de fingir que nos pode ajudar a sair da crise, quando todos sabemos que isso só acontecerá quando outros países o fizerem. Quando isso acontecer, já sabemos que quem estiver no poder irá enganar-nos gritando vitória como se tivesse algum mérito nisso.

Sabemos que desde sempre o Estado é mau gestor. Há algum tempo para cá, também ficamos a saber que o Estado é mau supervisor. Perante a borrada que o Estado fez, e que nos levou à actual crise (refiro-me à Reserva Federal, outros bancos centrais, entidades supervisoras dos mercados de capitais, fundos de investimento e de seguradoras) a resposta da classe política não podia ser mais caricata: Reforçar o papel do Estado! Ou por outras palavras, reforçar as funções a quem acabou de cometer erros terríveis.

Já sei que os defensores do modelo do Estado muito interventor justificam a actual crise financeira com a ambição dos neo-liberais. A expressão 'neo-liberal' até já deixou de ser um substantivo e passou a ser um adjectivo a que se recorre quando se quer ofender alguém, numa lógica idêntica ao que noutros tempos aconteceu com palavras como 'Fascista', 'Reacionário', 'Comuna', 'Burgês' ou até 'Herege'. São os epítetos depreciativos das modas.

Assim, vivemos um tempo em que é politicamente correcto maldizer a AMBIÇÃO dos gestores das empresas financeiras que criaram os activos toxicos.

 

Já todos ouvimos os nossos (ir)responsáveis políticos apelar à inovação. "As empresas têm de inovar para crescer e fazer crescer a nossa economia". Não podia estar mais de acordo.

 

Acontece que a tal inovação que faz crescer a economia, resulta de uma atitude no limiar do que nunca foi feito.

 

Por isso podemos dizer que:

sem ambição não se inova

sem ambição não se investe

sem ambição não se investiga

sem ambição trabalha-se a olhar para o relógio

 

Então como é que se distingue a ambição que faz crescer a economia, da ambição que levou à criação dos activos tóxicos?

Acho eu que não se distinguem, pois são exactamente iguais.

 

Poderão perguntar, então quem é que se portou mal para cairmos nesta crise?

 

No meu entendimento foi claramente os órgãos de supervisão das economias, ou seja o Estado.

 

Observemos as ervas que na natureza ocupam os espaços abandonados. É da natureza existirem sempre sementes a serem empurradas pelo vento à procura de condições para germinar. Muitas perdem-se, mas outras conseguem ficar depositadas onde há temperatura e humidade favorável. Até no meio das pedras da calçada rejuntada com cimento, aparece erva. As ideias inovadoras são como as sementes empurradas pelo vento, algumas criam riqueza e outras não. Neste exemplo, os orgãos de supervisão, por sua vez são os jardineiros que têm por função eliminar as ervas que nascem nos locais errados.

A actual crise financeira deve-se assim ao mau desempenho do jardineiro que deixou crescer erva em locais errados, pelo que não é correcto dizer que foram as ervas que nasceram onde não deviam, pois elas apenas obedeceram à sua ordem natural, que é germinar.

 

Dou a palavra aos leitores. Precisamos de mais ou menos Estado?

 

Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2009

Ler os outros

Os textos são sempre interessantes, mas algum pelo impacto que podem ter no nosso dia-a-dia merecem destaque.

 

Para ler e pensar.

 

O valor das ideias, de Carlos Santos

A economia somos nós

         "A economia  somos nós; não está cá mais ninguém" foi assim, de uma forma simples que o Professor  Doutor João César das Neves  nos provocou para conseguirmos dar a volta à crise.   Fiquei mais descansada ;  há dinheiro na segurança social, podemos gastar  dinheiro  (dentro do razoável;) manifestou confiaça nos homens e mulheres que estão a gerir o Banco Central Europeu e a Reserva Federal Americana  . Portanto deu-nos todas as pistas para  banirmos de vez o medo e a desconfiança  no futuro.

        Afinal estamos com medo de quê ?

 

      Hoje , a Livraria Arquivo ,  com esta  Conversa  afável, deu-nos  bons motivos para enfrentarmos o dia de amanhã com maior optimismo. Seguramente mais enxuto de excessos do passado , quando o crédito era fácil e o pessoal se endividou.     

     Contudo , convém não esquecer ; temos de aprender a trabalhar mais, gastar  só o que podemos e colocar algum dinheiro em poupanças.  Já ouvi estes conselhos em qualquer lado.... Lembrei-me agora ; uma carta   datada do princípio  do século. passado!!!

       Afinal   não mudámos assim tanto! Ficámos apenas mais vaidosos e endividados!

           

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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Agora é a Irlanda

Economist

 

Tantas vezes apontada como um bom exemplo de como um governo reformista pode duplicar o rendimento dos seus habitantes em pouco mais de uma década, está também a passar dificuldades.

 

A última edição da Economist refere-se ao actual estado da economia Irlandesa nos seguintes termos: «The difference between Ireland and Iceland, so the current joke goes, is one letter and six months. A Dublin economist responds that the real difference lies in a four-letter word: euro. Ireland is in, and Iceland is not.»

 

As previsões apontam para uma quebra do PIB na ordem dos 5% e uma taxa de desemprego a chegar aos 9%. O rating internacional da dívida pública irlandesa também se detriorou (há poucos meses tinham um rating idêntico ao da Alemanha). O défice orçamental poderá chegar aos 10%.

 

No meio de tudo isto, já quase não se fala do chumbo ao Tratado de Lisboa, e do segundo referendo que será realizado ainda este ano. As vantagens objectivas em se pertencer à €urolandia já foram entendidas pelos irlandeses que agora, segundo as sondagens, são maioritariamente favoraveis à aprovação do Tratado de Lisboa.

publicado por Paulo Sousa às 07:08
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009

Como 'empurrar' a realidade para dentro do modelo?

 

Segundo as teoria Keynesianas, que regulam a economia há décadas, a forma de estimular o crescimento da actividade económica recorrendo à política monetária consiste na intervenção do Banco Central no mercado monetário injectando liquidez. Assim, tornando o dinheiro menos escasso as taxas de juro baixam e o investimento aumenta.

Alguns Bancos Centrais ainda têm espaço para descer as taxas, como é o caso do BCE, enquanto outros já praticamente esgotaram o instrumento taxas de juro, como é o caso da Reserva Federal Americana.

Acontece que estamos a assistir a um fenómeno que distorce o efeito pretendido.

Os bancos comerciais encontram-se numa situação delicada, não só mas também devido ao crescente volume de incumprimentos. A forma que estes têm para ‘criar reservas’ e assim suportar as perdas previsíveis, passa por aumentarem os spreads da operações activas, ou seja as suas margens de lucro.

Um exemplo. A Euribor a 3 meses estava em Setembro passado a rondar os 5%. Uma empresa conseguia um crédito de curto prazo a Euribor 3M + 2,5%, quer dizer que a operação lhe custava 7,5%. Actualmente com o mesmo referencial (Euribor 3M) nos 2%, a mesma empresa dificilmente consegue fazer a mesma operação com um spread inferior a 4%, 5% ou ainda mais. O que quer dizer que lhe irá custar sensivelmente o mesmo.

Desta forma o efeito de redução de taxa de juro no mercado monetário é totalmente distorcido pelas politicas de preços da banca comercial.

Keynes, um especialista, ou melhor O especialista, em macroeconomia, não terá previsto esta questão que resulta de uma esfera micro.

Como se pode sair disto? Será que existe alguma alternativa a uma intervenção pública na politica comercial dos bancos? Quem me conhece, e muito menos eu, não me imaginava a defender uma intervenção do estado nas decisões das empresas, mas não estou a ver outra alternativa para se conseguir ‘empurrar’ a economia para dentro do modelo com que sabemos lidar. O estado, nomeadamente o português, não se preocupa nada em intervir a este ou a outros níveis, mas como sempre na nossa história só chegaremos a esse ponto depois de outros o fazerem primeiro.

 

PS: Se alguém conhecer uma alternativa a este pesadelo, em que saberemos como entramos mas não como sairemos dele, que nos informe. E já agora que seja rápido.

 

estou: apreensivo
Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2009

A mentira tem pernas curtas

Os planos de combate à crise obrigam a injecção de milhões nas economias. Por isso o mercado de dívida pública está inundado com novas emissões, e até o Estado Alemão (!) está com dificuldade em operações desta natureza. O Rating AAA da nossa vizinha Espanha está a tremer.

O rating da economia portuguesa está também e degradar-se e segundo os analistas internacionais isso deve-se "às reformas políticas em Portugal são incipientes e os seus resultados mostram-se insuficientes. Mais: os observadores internacionais avisam que não auguram nada de bom para nós, se o PS vier a ganhar as legislativas sem maioria absoluta."

 

Alguma coisa não está a bater certo com o discurso de 'casa arrumada' do Eng Sócrates!

Quinta-feira, 1 de Janeiro de 2009

O Euro tem dez anos

O Euro entrou em circulação há dez anos.

Uma década depois do arranque de uma das mais arrojadas aventuras do entendimento entre os homens é tempo de fazer um balanço.

O efeito de ter uma moeda-forte era algo que a economia portuguesa, e os portugueses não estavam habituados. As empresas exportadoras ganharam um mercado imenso onde os capitais circulam livremente sem as restrições da mudança de moeda. Mas com a valorização do euro também perderam competitividade perante os blocos económicos exteriores à chamada eurolândia.

O efeito 'moeda forte' também levou a que os consumidores de toda a europa se queixam que o euro trouxe um encarecimento do custo de vida.

No caso português este efeito foi reforçado pela relação euro/escudo (1 EUR = 200,482 PTE) definida para a conversão. O arredendamento comum para os 200 esc levou a uma desvalorização implícita do escudo de 0,25%. Parece pouco mas à escala da nossa economia são muitos milhões. A título de exemplo algo que custasse 10.000 escudos de acordo com a taxa de conversão passou a valer 49,89€ e que na prática passou a 50€.

Em Itália por exemplo aconteceu o contrário, onde a lira foi convertida numa relação 1 EUR = 1936,27 ITL, e que na prática da conversão corrente foi arredondada para 2000 ITL que corresponde a uma valorização superior a 3% da lira, ou seja o efeito arendondamento foi exactamente o contrário.

O efeito moeda forte faz com que viajar para fora da zona euro se tenha tornado também mais barato.

Mais recentemente, em plena crise financeira, beneficiamos de algo que foi pouco referido pelos media. A dimensão e a capacidade do BCE em injectar liquidez na economia, poupou à economia portuguesa a possibilidade de um cenário como o islandês, em que o banco central por incapacidade de assegurar a liquidez do sistema financeiro entrou em colapso, tendo tido de recorrer ao FMI.

Podemos fazer o balanço observando outros aspectos, mas convido os leitores a fazê-lo.

Têm a palavra.

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Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008

Deflação

 

 

No seguimento da crise do sub-prime os Bancos Centrais puxaram dos ‘galões’ e injectaram milhões no mercado. Com o objectivo de estimular o investimento, fizeram baixar as taxas de juro. A Reserva Federal  em poucos meses passou a sua taxa de referência de 5,25% para 1%. Política monetária a funcionar, tudo normal e previsível.

Os efeitos da crise começam a fazer sentir-se no bolso dos consumidores e como as expectativas são desfavoráveis o consumo diminuiu e a tendência irá manter-se. Todos sabemos que a quebra da procura leva à diminuição dos preços e por isso o petróleo e outra matérias-primas começaram a descer.

Acontece que com a taxa de referência em 1% o Fed quase esgotou o instrumento taxa de juro e cada vez mais a palavra deflação anda na boca dos analistas.

A deflação é o processo inverso ao da inflação. Ocorreu poucas vezes ao logo da história e é algo com que ninguém sabe lidar. Quando se sabe que os produtos serão mais baratos no futuro do que no presente adia-se o consumo e isso leva a uma redução da actividade económica e a uma diminuição do PIB. A ciência económica não têm soluções previstas para estes casos.

A economia japonesa está desde há cerca de dez anos a definhar e a tentar sair sem sucesso da deflação. Tentaram recorrer à política orçamental lançando um imenso programa de investimentos, para assim aumentar o emprego e o produto, mas além das obras, que não tiveram o impacto desejado, ficou uma dívida pública enorme e difícil de gerir.

Como o petróleo caro tem um impacto inflacionista em todos os sectores económicos, arrisco a pensar que talvez seja mesmo desejável o petróleo a 70 USD, o que só será possível com um enorme corte na produção. Este valor é o actual objectivo da OPEP, liderada desde ontem por Angola.

Segunda-feira, 3 de Novembro de 2008

Crise dos mercados financeiros e o sistema multipolar

Os analistas e operadores do mercado finaceiro são unanimes em reconhecer que a origem da actual crise do mercado financeiro, e por arrastamento da economia real, teve inicio na criatividade de muitos operadores associada a uma deficiente regulação que não impediu a criação e propagação dos chamados activos tóxicos.  Pelo impacto negativo global pode dizer-se que se tratou de um erro muito grave.

Muitos pensadores de esquerda, mais ou menos moderada, não perderam tempo em apontar a actual situação como o principio do fim do capitalismo liberal. Os livros de Marx regressaram aos escaparates e a luta de classes está novamente a ser debatida. Nada que Marx não tivesse previsto quando referiu nas suas obras o caracter cíclico do capitalismo e apontou os períodos de crise como épocas favoráveis à expansão do socialismo. Perante esta crise do capitalismo liberal, e por oposição ao que representa, saem reforçados os regimes autoritários de países como a Rússia e a China. Olhando para os últimos 60 anos e vendo o que os americanos têm feito pela expansão da democracia, tendo sempre como adversário regimes autoritários, desrespeitadores das liberdades individuais, não deixa de ser curioso o esfregar de mãos de tantos europeus que vivem em democracias nascidas no pós-guerra, ao interpretarem esta crise como um enfraquecimento internacional dos EUA.

A actual ordem financeira mundial foi fundada pelo acordos de Bretton Woods celebrados no final da Segunda Guerra Mundial. Aí foram fundados o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Esta nova ordem atribuiu uma hegemonia ao dolar americano que assim se tornou moeda de referência mundial e principal divisa escolhida para reserva dos bancos centrais de todo o mundo. Pelo aumento da importância das economias asiáticas a predominância do USD está em declínio há algum tempo, facto que já aqui abordamos.

A necessidade de avançar para uma nova etapa pós-Bretton Woods, que desde o rebentar da crise financeira é assunto diario, levará a uma nova ordem mundial em que o unipolarismo centrado na economia americana dará lugar a um multipolarismo onde a Europa, e as economias asiáticas, nomeadamente a China e India terão o seu lugar. Isto significa que caminhamos para uma realidade global baseada num equlíbrio de forças, algo não víamos desde o fim da Guerra Fria. Mas será que este mundo multipolar será mais pacífico do que o que tem sido com o unipolarismo norte-americano pós-1989, ou que o bipolarismo da Guerra Fria? A história diz-nos que não. A existência de quatro ou cinco grandes potências mundiais cria a necessidade de alianças por vezes voláteis que geram instabilidade ameaças à paz. A geopolítica europeia funcionou assim até há 60 anos atrás, e foi profícua em conflitos e guerras. Desde que foram lançadas as bases da actual União Europeia que se iniciou o maior período de sem guerras de toda a longa história europeia. Será que o anti-americanismo intelectual e pós-moderno de muitos europeus não dará lugar a um saudosismo da pax americana?

Domingo, 2 de Novembro de 2008

Estado nacionaliza o BPN - Não acontecia desde 1975

Segundo as informações até agora disponíveis não serão os chamados ‘activos tóxicos’, nem a crise do subprime a justificar a intervenção do Estado no BPN, mas sim apenas má gestão, o que significa que mesmo num contexto internacional diferente a intervenção viria a ocorrer.

Depois do caso BCP a supervisão do Banco de Portugal (BdP) volta a estar na ordem do dia. Será que o que o BdP fez até se chegar a uma nacionalização foi suficiente ou o quadro legal não lhe confere instrumentos suficientes para evitar esta saída?

Domingo, 5 de Outubro de 2008

Onde não está a verdade

Depois de ter garantido que as reformas dos portugueses não serão “jogadas na bolsa”, referindo-se às propostas do PSD, Sócrates mostrou désdem pelo mercado de capitais que, como já assumiu não conhece bem, e não conhece bem ao ponto de ignorar que os PPR públicos lançados este ano pelo seu governo, basearem o seu funcionamento nesse mesmo mercado de capitais. Será mesmo assim, ou pelo contrário temos de considerar qual o público a que se dirigia no nessa declaração, que era nem mais nem menos que a esquerda do seu eleitorado?

Após as declarações, talvez verdadeiras mas em tom alarmista, de Manuel Pinho quando disse que “o mundo da prosperidade acabou”, Sócrates veio tranquilizar os portugueses, garantindo que as famílias portuguesas com poupanças podiam estar tranquilas apesar da crise financeira global, e sublinhou a capacidade de resistências das instituições financeiras nacionais aos problemas do sector.

Hoje o FMI alerta para a vulnerabilidade da banca portuguesa, nomeadamente devido ao crédito malparado a empresas que poderá triplicar.

O mito de que não existe ligação entre o mercado financeiro norte-americano e o europeu, onde o português se inclui, não passa disso mesmo, de um mito.

O colapso do Banco Fortis da Bélgica, detentor de activos ditos tóxicos, cujo envolvimento com o ramo segurador do Grupo BCP é significativo, é um exemplo de como numa segunda ou terceira vaga o impacto irá fazer sentir-se.

Podemos questionar-nos se é razoável o governo ser alarmista, referindo-se a um sector tão importante da economia e onde a confiança é determinante, mas o que sabemos é que da classe política podemos contar sempre com muitas mensagens destinadas cada uma ao seu público, mas também sabemos que para ouvir a verdade temos de esperar que ela venha do exterior.

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008

A coisa está preta

O Plano Paulson para recuperação do sistema finaceiro americano foi chumbado no Congresso Norte-Americano.

Num país onde o compromisso eleitoral tem valor, era previsivel que os Congresistas não aprovassem uma medida contra a vontade dos seus eleitores. Muitos americanos não aceitam que o prejuizo seja suportado pelos fundos públicos quando os lucros são privados. E continuam a achar isto sabendo que as reformas e poupanças de dezenas de milhões deles vão por água abaixo se as seguradoras em quem confiaram falirem.

As bolsas reagiram negativamente a este chumbo e pode dizer-se que agora tudo pode acontecer. Aguardemos apreensivos o desenrolar dos aconteceimentos.

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Domingo, 28 de Setembro de 2008

Impostos Municipais

Cada português pagou em 2007, em média, 235,12 euros em impostos municipais, o que representa um aumento de 25,9% em relação ao ano anterior.

 

Será que o serviço que nos é prestado melhorou na mesma proporção?

 

Quinta-feira, 25 de Setembro de 2008

Mais do que ignorância, demagogia!

A recente crise dos mercados financeiros tem dado pano para mangas para o normal aproveitamento que os políticos fazem de realidades não políticas. Acontece muitas vezes no mundo do desporto, nas catástrofes e outras tragédias várias. Desta vez foi a crise financeira.

A esquerda envergonhada, especialmente aquela que vive fora da gaveta do Soares, apesar de reconhecer quando lhe convém os inegáveis méritos da economia de mercado, não perdeu tempo a apontar a ganância dos operadores financeiros como pecado capital. Até porque classificar como crime o acto ignóbil de ganhar dinheiro, já sabemos que é uma música com auditório garantido.

O nosso PM confessou hoje no Parlamento que soube há dias e no decorrer da referida crise que existia uma coisa chamada short selling. Só faltou mesmo foi dizer que ficou agoniado com tamanha aberração. Ele não sabe mas um dos seus ministros da Economia ou das Finanças poderiam ter-lhe explicado que a possibilidade de vender ou comprar uma mercadoria de que ainda não se é possuidor existe há décadas e destina-se a fazer cobertura de risco.

Aponto como exemplo o caso do café que pode ser negociado antes da colheita, pois essa é a forma de poder defenir um preço de fornecimentos de bens durante um período de tempo no futuro. Uma empresa como a conhecida Delta pode concorrer ao fornecimento de café a uma superfície comercial como o Continente durante um ou mais anos pois já sabe hoje o preço que lhe irá custar a matéria-prima no próximo ano. Para isso compra o café antes da sua colheita e assegura um preço futuro (chamada posição longa). Naturalmente que existe uma contraparte neste contrato que pode ser o produtor do café que assim pode planificar as suas receitas futuras e reduzir o seu risco (chamada posição curta). Se a colheita for abundante a Delta perde a oportunidade de comprar o café mais barato após a sua colheita, mas ao fazer o contrato reduziu o seu risco. Se a colheita for excassa poderá executar os contratos e assim assegurar o preço inicialmente previsto. O processo é em tudo comparável a um seguro contra um determinado risco. A companhia, neste caso um operador financeiro, perante um determinado prémio assume o risco do preço futuro. O mesmo processo existe para taxas de câmbio e para uma lista enorme de mercadorias, como os cereais, gado, metais, algodão, petróleo, etc. Outro exemplo quando se diz que o petróleo está a ser hoje transacionado hoje a 105 USD, esta cotação respeita ao petróleo a ser extraído em Novembro, Dezembro ou até bem mais tarde.

Quando a economia financeira funciona normalmente e dessa forma potencia a criação de riqueza da economia real o Sr. Sócrates, e outros como ele, puxam dos galões e gabam-se da perfomance que implementaram à economia. Quando a coisa não corre bem, neste caso por deficiente regulação dos mercados, matéria que depende da classe política, mais do que sacudir a água do capote, gritam num auto-de-fé histérico e amaldiçoam os gananciosos.

Porque é que não chamou também ganancioso, ou no mínimo incapaz, ao seu camarada Constâncio que não foi capaz de evitar o escândalo do BCP?

 

Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008

Como se injecta dinheiro na economia e para quê?

A evolução da massa monetária de uma economia determina  o seu crescimento económico assim como o crescimento dos preços. O crescimento económico pode ser avaliado pela evolução do PIB, Produto Interno Bruto, e o crescimento dos preços já sabemos ser a taxa de inflação.

Em cada economia cabe ao seu Banco Central (BC) determinar objectivos para estas duas variáveis. Quando há um grande crescimento da massa monetária, sem que seja acompanhado por um aumento do PIB existem riscos de inflação. Nesses casos os BC’s tentam retirar fundos da economia, através do Mercado Monetário Interbancário (MMI). Na prática conseguem-no se ofereceram aos Bancos taxas superiores às praticadas entre eles no momento anterior. Perante uma taxa mais favorável os Bancos entregam os seus fundos ao BC. Esta operação é designada por ‘secagem’ do mercado.

O contrário acontece quando há falta de liquidez e/ou de confiança no MMI o que leva a um aumento do preço do dinheiro, entenda-se das taxas de juro. Um aumento das taxas de juro provoca no primeiro momento uma desacelaração do crescimento económico, pela aumento do custo dos investimentos. Nesse cenário e se o BC não desejar esta desaceleração económica injecta dinheiro na economia. Na prática consegue-o adquirindo títulos do tesouro detidos pelos bancos ou simplesmente cedendo fundos a taxas inferiores às praticadas no mercado.

No últimos dias a ruptura do Lehman Brothers, Merrill Lynch, American Internacional Group e HBOS criaram uma tal instabilidade no mercado que levou a um grande aumento da procura do dinheiro, assim como do seu custo, por parte dos restantes bancos e instituições financeiras. Esta procura levou a que a Euribor assim como outras taxas de referência subissem a níveis que ‘congelariam’ a economia.

Hoje os Bancos Centrais Europeu, Inglês, Canadiano, Japonês, Suiço e a Reserva Federal Americana, em acção concertada injectaram uma quantia inédita de milhões para tentar travar a subida das taxas de juro.

Espero que esta modesta explicação, que poderá ter algumas falhas técnicas, permita entender melhor as notícias dos últimos dias.

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Quinta-feira, 18 de Setembro de 2008

Mais uma má notícia

Taxa Euribor a seis meses sobe para valor mais alto de sempre

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publicado por Pedro Oliveira às 12:49

editado por Paulo Sousa em 28/10/2008 às 14:08
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Quarta-feira, 17 de Setembro de 2008

Vão gozar com o Manuel Pinho!

Depois de ontem o Ministro da Economia ter dito que esperava que o preço dos combustiveis baixasse o mais rápido possivel, a BP aumenta a gasolina em 1 Cêntimo!?

Vão gozar com a mãe deles!

O petróleo está ao preço de Fevereiro deste ano, 88 dólares(Brent), e estes gajos continuam a "mamar" à nossa conta. Bem esteve o Presidente dos revendedores a ameaçar com a Autoridade da Concorrência, que ainda não percebi para que serve.

Quando o petróleo aumentava, era aumento certo, mesmo tendo petróleo em stock, num espaço de poucas semanas, 14 aumentos no preço da gasolina.

É a pouca vergonha total.

Sócrates imita bem Manuela Ferreira Leite, como anda em campanha não tem tempo para estas minudências.

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