Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009

Quandos vires as barbas do vizinho a arder...

Foi com esta frase que terminei um post há cerca de um ano sobre tumultos ocorridos na Grécia.

Um ano depois os distúrbios regressaram às ruas. Os motivos são o desemprego, o descrédito da classe política envolvida em casos de corrupção e outros escândalos vários, um défice descontrolado e uma dívida pública recordista. Tudo isto na terra de Sócrates, país gerido por um governo socialista.

O regresso da cicuta é uma questão de tempo?

Quinta-feira, 8 de Outubro de 2009

Quanto vale um video?

Como já aqui foi falado, Israel não deixa nenhum dos seus para trás.

Gilat Shalit foi capturado em 2006 pelo Hamas e desde então o seu resgate faz parte das prioridades do Governo Israelita.

Após um longo período sem que se tivesse qualquer confirmação fidedigna de que Gilat continuava vivo, o acordo foi possível. Israel entregou 19 prisioneiras palestinianas em troca de ... um video de confirmação.

Há de facto diferenças abissais entre a forma como cada um dos lados do conflito trata os seus.

Quarta-feira, 24 de Junho de 2009

Neda Soltan

 

Os apoiantes do regime autoritário do Irão, que apoia grupos terroristas como o Hamas e o Hezbolah, estão a disparar contra o seu povo.

A sociedade iraniana está dividida entre uma linha conservadora, isolacionista e anti-ocidental e uma outra que apesar das fortes ligações do candidato Moussavi ao actual regime, aparenta ser capaz de uma abertura ao exterior e de aproveitar a oportunidade para se aproximar da comunidade internacional, conforme lhe foi proposto por Barak Obama.

Durante as manifestações várias pessoas já morreram. As imagens estão a chegar a conta-gotas via internet que está quase bloqueada pelo regime.

No passado Sábado morreu mais uma jovem. Neda Soltan foi baleada durante mais uma manifestação. A sua morte foi filmada e as imagens, apesar do bloqueio, já correram o Irão e o mundo.

«"A sua morte pode ter mudado tudo", escreveu a Time, recordando a importância do martírio na política iraniana e na tradição xiita. Hussein, neto do profeta Maomé, foi o seu primeiro mártir, morto na batalha de Kerbala contra um califa que considerava ilegítimo. Na revolução de 1979, o sangue dos que morreram na repressão manteve vivos os protestos que levaram à queda do Xá. E foi o culto dos mártires que permitiu ao regime manter o país unido durante os oito anos de guerra com o Iraque.

Um grupo criado no Facebook em sua memória apelidou-a de "Anjo do Irão" e no Twitter garantia-se que será recordada como "Rosto da liberdade". O Governo, que acusa "vândalos" de terem atirado sobre os manifestantes, impediu ontem a realização das cerimónias fúnebres públicas, marcadas para uma mesquita da capital, contou o noivo. E uma concentração em sua memória no centro de Teerão foi reprimida»*

 

O filme de trinta e poucos segundos têm imagens fortes e pode ser visto no Youtube. Não se recomenda a pessoas sensíveis.

 

*excerto do Público

publicado por Paulo Sousa às 00:16
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Sábado, 21 de Fevereiro de 2009

Ler quem sabe

Os media nacionais preferam noticiar o atropelamento de uma galinha a abordar aspectos que são de facto importantes.

A actual situação da Rússia está aqui muito bem descrita pelo Prof. Carlos Santos, autor do livro 'E agora, Obama?', aqui referido na Leitura em curso.

publicado por Paulo Sousa às 07:20
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Agora é a Irlanda

Economist

 

Tantas vezes apontada como um bom exemplo de como um governo reformista pode duplicar o rendimento dos seus habitantes em pouco mais de uma década, está também a passar dificuldades.

 

A última edição da Economist refere-se ao actual estado da economia Irlandesa nos seguintes termos: «The difference between Ireland and Iceland, so the current joke goes, is one letter and six months. A Dublin economist responds that the real difference lies in a four-letter word: euro. Ireland is in, and Iceland is not.»

 

As previsões apontam para uma quebra do PIB na ordem dos 5% e uma taxa de desemprego a chegar aos 9%. O rating internacional da dívida pública irlandesa também se detriorou (há poucos meses tinham um rating idêntico ao da Alemanha). O défice orçamental poderá chegar aos 10%.

 

No meio de tudo isto, já quase não se fala do chumbo ao Tratado de Lisboa, e do segundo referendo que será realizado ainda este ano. As vantagens objectivas em se pertencer à €urolandia já foram entendidas pelos irlandeses que agora, segundo as sondagens, são maioritariamente favoraveis à aprovação do Tratado de Lisboa.

publicado por Paulo Sousa às 07:08
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Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2009

Eleições em Israel

 

Amanhã os israelitas vão às urnas.

As sondagens apontam Benjamin Netanyahu, candidato do partido Likud, como o favorito a ser o próximo Primeiro-Ministro.

Sendo já um reincidente no cargo, Bibi como é conhecido, deixou uma imagem pouco apaziguadora.

A candidata da novo partido Kadima, Tzipi Livni, está em segundo lugar nas sondagens.

Em terceiro encontra-se Lieberman, o candidato mais polémico, pois pretende retirar alguns direitos civis, como o voto, aos israelitas de origem palestiana, caso não assinem um documento em que juram lealdade ao estado judaico. É acusado de ter prostas fascistas.

Confesso que desconhecia que cerca de 20% da população de Israel é constituida por árabes israelitas, os palestinianos que não saíram em 1948. Queixam-se de alguma descriminação mas nas eleições têm um tratamento idêntico aos dos cidadãos de origem judaica, um homem, um voto. Esta regra aplica-se também às mulheres, algo que não acontece noutros países árabes onde se realizam eleições. O vice-presidente do Knesset, o parlamento israelita, é de origem árabe.

À partida seria Tzipi Livni a candidata que melhor poderia conseguir uma solução para, juntamente com a Administração Obama, pacificar a região.

Têm a palavra, ou melhor o voto, os cidadãos. Estou certo que os derrotados não serão fuzilados como aconteceu quando o Hamas venceu as eleições contra a Fatah.

 

Sábado, 7 de Fevereiro de 2009

Piratas ao largo

 

 

A culpa será talvez de Emilio Salgari. Como muitas outras pessoas ao longo de várias gerações, consumi muitas horas da minha adolescência a ler algumas das suas obras. O Corsário Negro, o Juramento do Corsário Negro, A Filha do Corsário Negro, A Rainha das Caraibas entre muitas outras foram lidos de fio a pavio e alguns até lidos por mais que uma vez.

A vida apaixonante dos saqueadores dos mares que desdenham das leis e vivem de acordo com um rigido código de honra, a que hoje poderia se chamar um código deontológico da pirataria, ficou associada a uma imagem simpática no espirito de muitas gerações.

O cinema, sempre ávido de conteúdos, e de forma a conseguir a atenção do público actual adaptou recentemente esta imagem simpática às telas e criou vários fimes sobre os Piratas das Caraíbas.

Enquanto rodavam os filmes desta série da Disney, os pescadores somalis, desejosos de uma vida melhor e vivendo num país governado pelos senhores da guerra que não lhes dá grandes prespectivas de vida, fartaram-se de estar 'a ver passar os navios' a caminho do Suez e fizeram-se ao mar, não para pescar para raptar barcos. O pagamento dos resgate exigidos por parte dos armadores levou a que os raptos se seguissem e aumentassem. Este é um bom exemplo porque é que não se deve negociar com terroristas.

Os prémios dos seguros dos navios que passam na rota da Suez multiplicou-se várias vezes. Basta ver que por ali passam sete por cento do petróleo mundial e que um em cada dez navios é atacado, para ver a dimensão do problema.

Por outro lado o dia-a-dia de muitos dos somalis melhorou. Um navio pode valer até dois milhões de dolares e o resgate exigido pelo Sirius Star chegou aos 25 milhões.

As divisas entradas nestas cidades costeiras oriundas da pirataria estimularam a actividade económica. Os piratas são uns heróis das cidades costeiras. Os crianças quando forem grandes querem ser piratas e as jovens desejam casar com um deles.

Os piratas somalis recusam o rótulo de 'terroristas' e negam qualquer ligação com as milicias islamitas que controlam vastas áreas do país.

Hoje depois de ler o Der Terrorist (via Delito de Opinião) tive de concordar que este será o seu 'calcanhar de Aquiles'. 

 

"Tivessem eles previamente arranjado uma bandeira, um símbolo e umas iniciais, qualquer coisa como FSL (Frente Somali de Libertação), lançado umas bocas contra o Imperialismo, o Neo-Colonialismo e o direito dos povos àquelas coisas todas que vêm nos livros, e neste momento tínhamos as ruas e avenidas das capitais europeias cheias de idiotas úteis gente, keffiyehs à roda do pescoço, em manifs de apoio, e contra a presença da força naval internacional nas aguas do Índico".

Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 2009

Ler os outros

 

Lembram-se da escola da ONU que foi alegadamente destruida pelas forças israelistas?

 

«Maxwell Gaylord, the UN humanitarian coordinator in Jerusalem, said Monday that the IDF mortar shells fell in the street near the compound, and not on the compound itself. 
Gaylord said that the UN "would like to clarify that the shelling and all of the fatalities took place outside and not inside the school." »

 

Aposto que esta notícia não irá fazer manchete nem sequer será referida nos telejornais.

 

Noticia via Origem das Espécies

 

 

publicado por Paulo Sousa às 22:51
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2009

Como entre duas Guerras?

Algures no livro do Levítico Deus ordena que seja observado um jubileu de cinquenta em cinquenta anos. Não se refere à comemoração de qualquer cinquentenário, como a palavra jubileu hoje nos sugere, mas sim à concepção bíblica da palavra e que se trata de uma anulação generalizada de dívidas. No Deuteronómio esta ideia volta a ser abordada: "todo o credor remitirá o que emprestou ao seu próximo".

Já 500 anos antes de Moisés o rei Rim-Sin de Ur declarou nulos e sem efeito todos os empréstimos.

As compensações de guerra impostas à Alemanha na assinatura do Tratado de Versalhes após a Primeira Guerra Mundial levaram a sua economia à ruína e provocaram uma traumatizante hiperinflação. De forma a travar este fenómeno, o mesmo Keynes que teorizou os princípios que regularam o crescimento económico da segunda metade do sec.XX, sugeriu que fossem canceladas as dívidas e as compensações de guerra da Alemanha.

Estes casos regressaram a debate perante a actual crise do crédito.

Niall Ferguson, conceituado Professor na Harvard Business Scholl, comparou há dias no Financial Times a crise e a conjuntura actual com o período entre as duas guerras. Afirma que é inevitável que assistamos, em 2009, a sérios distúrbios políticos e geopolíticos, à medida que os efeitos da recessão comecem a fazer-se sentir sobre os governos fracos e a intensificar as rivalidades entre entre Estados.

No fórum de Davos houve unanimidade apenas sobre uma conclusão, a crise ainda não bateu no fundo. Carlos Ghosn, o CEO da Renault-Nissan disse que "a crise financeira vai transformar-se em crise económica, depois em crise social e depois em crise política". 

Podemos observar tudo isto sob duas perspectivas que estão naturalmente ligadas.

Em termos internacionais (i) precisamos de uma Europa forte e unida, o que poderá ser difícil num cenário de crise agravada. A cooperação entre os Estados-membros é fácil quando os respectivos povos estão em prosperidade. Os períodos de crise são favoráveis a algum radicalismo, que aqui e ali vão aparecendo.

Em termos nacionais (ii) precisamos de um governo estável, capaz e em que os portugueses reconheçam capacidade. Também nesta perspectiva olhar para o governo Sócrates não é entusiasmante.

Terei todo o gosto daqui a um ano linkar este texto dizendo: "Estavas a exagerar no pessimismo!"

 

Texto baseado em parte num artigo da Courrier Internacional 

estou: Apreensivo
Sábado, 31 de Janeiro de 2009

Islândia na União Europeia?

Entre este texto e a bancarrota passaram apenas alguns meses.

Desde que a crise financeira estalou a Islândia tem vivido dias terriveis.

A seu grau de abertura ao exterior nomeadamente pela exposição que o seu sistema financeiro tem ao mercado norte-americano, juntamente com a sua reduzida dimensão, fez com os seus bancos entrassem em ruptura. O Banco Cental Islandês foi incapaz de segurar a sua moeda que assim se desvalorizou mais de 60% face às principais divisas internacionais. Endividados em euros e dólares, os islandeses viram-se incapazes de cumprir os seus compromissos.

No país que em 2008 atingiu o primeiro lugar do ranking da felicidade as manifestações chegaram à rua e duraram várias semanas sob o frio glaciar. O país está falido e o Governo caiu há dias. Já foram marcadas novas eleições.

Neste cenário a possibilidade da adesão da Islândia à União Europeia entrou na ordem do dia. Caso os islandeses aceitem partilhar os seus recursos pesqueiros com os parceiros europeus a sua entrada na UE, já em 2011 será, a mais rápida de sempre.

publicado por Paulo Sousa às 19:32
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Sábado, 24 de Janeiro de 2009

Ouvir quem sabe

Convido-os a ver o programa Sociedade das Nações, da SIC, dedicado à questão de Gaza.

Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

Lisboa geminada com Gaza

Os terroristas do Hamas que convencem os seus jovens a vestir o colete de explosivos, que são os mesmos que fuzilaram os adversários derrotados em eleições livres (como se pode ver aqui - as imagens são violentas) são os mesmos que não têm qualquer programa de bem-estar  para o povo à sua guarda, pois a sua única preocupação é a destruição de Israel, irão receber uma proposta de geminação da cidade de Lisboa.

Os terroristas do Hamas que festejaram os atentados de Nova Iorque, de Bali, de Madrid e de Londres, hoje festejam esta geminação proposta na Assembleia Municipal de Lisboa pelo Bloco de Esquerda e aprovada com o votos favoráveis do BE, PCP e PEV e com a abstenção do PSD, PS e CDS-PP.

A história fica registada nas entrelinhas da indiferença.

Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

Já lá mora, na Casa Branca

Sexta-feira, 9 de Janeiro de 2009

Ler os outros. História Médio Oriente

Resultante DESTE post do Paulo, houve uma interessante conversa entre os meus amigos Hugo Besteiro e Paulo Sousa. Podemos concluir dos seus comentários que o conflito tem História e "estórias". Como tal, "roubei" um excelente post ao "piolho da solum".Tirem as vossas conclusões.ver AQUI!

publicado por Pedro Oliveira às 07:57

editado por Paulo Sousa em 18/01/2009 às 21:48
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Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Conflito israelo-palestiniano

A distância poupa-nos o trabalho de ter de tomar uma posição, mas o conflito israelo-palestiniano entra-nos em casa sob a forma de imagens escolhidas para chocar. Poderia ser na forma de noticias mas chocando o público ha um maior mais retorno em termos mediáticos. O contexto e o enquadramento do que se está a passar fica em segundo plano.

Não vale a pena querer saber quem lançou a primeira pedra, pois para isso teríamos de recuar mais de quatro mil anos.

Nos dias de hoje este conflito será a face mais visível do chamado choque de civilizações.

É natural que fiquemos incomodados com as imagens de sofrimento mas gostaria de aqui deixar algumas notas que no meu ponto de vista definem os dois lados do conflito.

- Os centros operacionais e logísticos do Hamas e do Hezbolah, que incluem locais de lançamento de rockets sobre povoações israelitas, localizam-se deliberadamente em prédios habitacionais para que os seus compatriotas sirvam de escudos humanos contra os ataques israelitas.

- Os restos mortais dos soldados israelitas mortos em combate e que fiquem em posse do inimigo são reclamados pelo Estado de Israel que pretendem lhes prestar homenagem e os sepultar de acordo com o ritual judaico. É habitual haver troca de prisioneiros palestinianos, alguns até comprovadamente envolvidos em actos terroristas, por restos mortais de soldados mortos há vários anos.

- Muitas crianças palestinianas são educadas e treinadas para um dia se fazerem explodir matando com eles o maior número de pessoas possível. Os cérebros destes métodos preferem ocupar os lugares politicos e guardam o colete de explosivos para os seus jovens.

- Olhando para as diferenças entre a forma como ambos os lados tratam os seus, leva-me a sentir que de facto, enquanto ocidentais estamos necessariamente mais próximos dos judeus, que dos palestinianos.

- O timing dos ataques dos últimos dias à faixa de Gaza devem-se ao vazio de poder dos EUA, que se prolongará até à tomada de posse de Obama. Aqueles que gostariam de uma América menos poderosa têm aqui uma pequena amostra do que seria o mundo sem a sua influência.

Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008

Tumultos na Grécia

1- O quotidiano de Atenas foi interrompido há seis dias para um tumulto que ainda não terminou.

A morte do Alexandro Grigopoulos terá sido o catalizador para um aumento exponêncial do número de manifestantes. Face à dimensão dos estragos, não se pode culpar apenas algumas dezenas de anarquistas e de radicais. O descontentamento da opinião pública perante o governo envolvido com casos de escutas ilegais, corrupção, escândalos sexuais, negócios imobiliários do estado com beneficio de um ministro e com a crise e o desemprego crescente, fizeram das manifestações e greve geral uma válvula de descompressão com efeito contrário, ou seja a pressão para que o governo se demita é cada vez maior. As palavras de ordem pedem eleições antecipadas.

 

 

2- Não terá nada a ver para o caso mas foi ontem apresentados os resultados de um estudo na Assembleia da República com os seguintes dados:

 

Grau de satisfação dos portugueses com a democracia em Portugal:

Em 1985: 40%

Em 1999: mais de 35%

Em 2008: 28,5%

 

Grau de satisfação dos deputados com a democracia em Portugal: 60,6%

 

Sentimento de representação dos portugueses na Assembleia da República:

Portugueses: 19,6%

Deputados: 63,8%

 

3- Quandos vires as barbas do vizinho a arder...

Segunda-feira, 3 de Novembro de 2008

Crise dos mercados financeiros e o sistema multipolar

Os analistas e operadores do mercado finaceiro são unanimes em reconhecer que a origem da actual crise do mercado financeiro, e por arrastamento da economia real, teve inicio na criatividade de muitos operadores associada a uma deficiente regulação que não impediu a criação e propagação dos chamados activos tóxicos.  Pelo impacto negativo global pode dizer-se que se tratou de um erro muito grave.

Muitos pensadores de esquerda, mais ou menos moderada, não perderam tempo em apontar a actual situação como o principio do fim do capitalismo liberal. Os livros de Marx regressaram aos escaparates e a luta de classes está novamente a ser debatida. Nada que Marx não tivesse previsto quando referiu nas suas obras o caracter cíclico do capitalismo e apontou os períodos de crise como épocas favoráveis à expansão do socialismo. Perante esta crise do capitalismo liberal, e por oposição ao que representa, saem reforçados os regimes autoritários de países como a Rússia e a China. Olhando para os últimos 60 anos e vendo o que os americanos têm feito pela expansão da democracia, tendo sempre como adversário regimes autoritários, desrespeitadores das liberdades individuais, não deixa de ser curioso o esfregar de mãos de tantos europeus que vivem em democracias nascidas no pós-guerra, ao interpretarem esta crise como um enfraquecimento internacional dos EUA.

A actual ordem financeira mundial foi fundada pelo acordos de Bretton Woods celebrados no final da Segunda Guerra Mundial. Aí foram fundados o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Esta nova ordem atribuiu uma hegemonia ao dolar americano que assim se tornou moeda de referência mundial e principal divisa escolhida para reserva dos bancos centrais de todo o mundo. Pelo aumento da importância das economias asiáticas a predominância do USD está em declínio há algum tempo, facto que já aqui abordamos.

A necessidade de avançar para uma nova etapa pós-Bretton Woods, que desde o rebentar da crise financeira é assunto diario, levará a uma nova ordem mundial em que o unipolarismo centrado na economia americana dará lugar a um multipolarismo onde a Europa, e as economias asiáticas, nomeadamente a China e India terão o seu lugar. Isto significa que caminhamos para uma realidade global baseada num equlíbrio de forças, algo não víamos desde o fim da Guerra Fria. Mas será que este mundo multipolar será mais pacífico do que o que tem sido com o unipolarismo norte-americano pós-1989, ou que o bipolarismo da Guerra Fria? A história diz-nos que não. A existência de quatro ou cinco grandes potências mundiais cria a necessidade de alianças por vezes voláteis que geram instabilidade ameaças à paz. A geopolítica europeia funcionou assim até há 60 anos atrás, e foi profícua em conflitos e guerras. Desde que foram lançadas as bases da actual União Europeia que se iniciou o maior período de sem guerras de toda a longa história europeia. Será que o anti-americanismo intelectual e pós-moderno de muitos europeus não dará lugar a um saudosismo da pax americana?

Quarta-feira, 8 de Outubro de 2008

Kosovo

Depois do Kosovo ter declarado unilateralmente a independência da Servia a 17 de Fevereiro, Portugal mostrou-se cauteloso com o reconhecimento da sua independência. O assunto é delicado e o precedente incomoda outros países com regiões independentistas como é o caso de Espanha.

O facto do Kosovo se tratar de um país maioritariamente muçulmano e da Servia pertencer aos países da esfera de influência da Rússia, terá pesado para que a sua independência tivesse o apoio dos EUA desde a primeira hora. A administração americana de uma só vez consegue um aliado muçulmano, que não lhe negará fidelidade, e afronta a influência russa na região. Ao fazê-lo passa a bola à UE que terá de gerir um dossier explosivo. Se for bem sucedida, o que acontecerá se o reacendimento do conflito for evitado, sairá politicamente reforçada. Mas este tipo de questões dependem muito do empenho do país que preside à UE e a rotatividade cria facilmente uma intermitência de intenções que não é favorável ao sucesso. A entrada da Sérvia na UE poderá ser uma moeda de troca para arrefecer os ânimos nacionalistas, mas tudo dependerá dos líderes políticos e da vontade dos sérvios em se juntar ao confuso clube dos 27.

Desde Fevereiro que Portugal sempre assumiu que iria reconhecer a independência, sem concretizar quando. Os líderes sérvios não ficaram assim surpreendidos pela posição tomada ontem pela diplomacia portuguesa, que até por um questão de alinhamento diplomático com os restantes Estados Membros da UE era inevitável.

A independência do Kosovo não se poderá desligar, antes pelo contrário, da questão georgiana. Após o excesso do Presidente da Geórgia em ocupar militarmente a Ossétia do Sul e a Abkhazia, a Rússia agiu apoiando igualmente os independentistas fazendo comparações com o caso do Kosovo.

O xadrês joga-se por isso  em vários tabuleiros.

A decisões da diplomacia Portuguesa ultrapassam largamente as questões politico-partidárias. Pelas razões apresentadas ontem no Parlamento pelo portomosense Luis Amado, concordo com o reconhecimento da independência do Kosovo.

publicado por Paulo Sousa às 12:51

editado por Pedro Oliveira em 13/10/2008 às 15:12
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