Não. Não é uma daquelas coisas que começamos por erguer por cima da cabeça logo pela manhã. Não é um chuveiro pequenino. Nem tão pouco outra daquelas coisas com que, antes destes modernos dispositivos gota-a-gota, regávamos as alfaces no quintal. Nem mesmo aquela chuva miudinha, enfadonha mas que molha tudo!
Em futebolês chuveirinho é outra coisa, mas tem tudo a ver água, com molhar e molhada e mesmo com pingar.
O chuveirinho surge quando uma equipa que passou o tempo todo sem conseguir fazer nada de jeito, vendo aproximar o fim do tempo de jogo, também chamada a fase do desespero, começa a despejar, não água mas a bola, para a área adversária. Ou seja, como não encontrou forma de fazer a bola chegar com eficácia à chamada zona de finalização, porque para tal lhe faltasse arte e engenho, a equipa ensaia um novo esquema táctico, tipo tudo ao molho e fé em Deus, que passa por chutar bolas para a área do adversário onde, nessa altura, estão quase todos os jogadores: os adversários todos e todos os da equipa que tenham alguma altura que se veja.
A bola é então sucessivamente despejada para a área, normalmente a pingar, quer dizer a descrever uma acentuada curva, bem pronunciada e de trajectória bem previsível. Pois bem, parece-me que isto basta para perceber que o termo não é assim tão estapafúrdio como poderia parecer!
Esta táctica do tudo ao molho e fé em Deus tem tudo para não dar certo. É quando se diz que se joga mais como coração do que com a cabeça, o que parece não bater certo porque indispensável, naquelas condições, é mesmo a cabeça. Ás vezes, no meio da confusão, a mão também dá uma mãozinha!
Mesmo sabendo-se que tem tudo para não dar certo – porque os adversários estão de frente para a bola e, ainda por cima, normalmente são mais altos, porque a trajectória da bola é muito previsível, porque a equipa fica desposicionada e vulnerável a um contra golpe do adversário, e ainda por mais uma série de razões que os entendidos serão capazes de acrescentar – às vezes até resulta… Por isso mesmo é uma táctica usada por todas as equipas no mundo na hora das aflições.
O chuveirinho não nasce de geração espontânea. Tem como predecessores, o jogo partido e o jogo directo e, mais remotamente, o jogo vertical.
Tudo começa com o estudo do adversário. Quer dizer, em vez de se ter o adversário estudado durante a preparação do jogo, tipo trabalho de casa feito, começa-se o jogo em tom morno tipo não ata nem desata. O problema começa precisamente quando aquilo não sai dali, do dito estudo mútuo. Às vezes ainda passa para a fase do jogo rendilhado, que é quando andam ali de um lado para o outro mas sem sair do mesmo sítio, sem qualquer objectividade. Quando dão por ela já só faltam 20 minutos para os 90. Então parte-se o jogo, que não é mais desatar a chutar a bola para a frente e desatar a correr atrás dela, numa interpretação desajeitada do chamado jogo vertical, numa imitação da clássica escola inglesa do tipo kick and rush. E já não é só o jogo que se parte, é a própria equipa que fica partida. Partida em 3, se bem que só duas das partes é que jogam: a defesa e o ataque. Os dos meio-campo só vêm a bola a sobrevoá-los, perfeitamente inatingível. Desesperante…
E pronto, chega-se aos últimos 5 minutos e é um ver se te avias: o defesa central vai para a área adversária juntar-se aos outros 7 ou 8 que já por lá andam e o guarda-redes sobe até ao meio campo para bombear a bola para lá. E, se há um canto ou a cobrança dum livre, ainda lá vai ele também…para atrapalhar ainda mais!
O engraçado é que às vezes dá em qualquer coisa. Ainda há poucos meses o Rui Patrício, que nem chegou a tocar na bola, festejou um golo como se fosse seu numa dessas ocasiões. O certo é que o Sporting passou essa pré-eliminatória da Champions, relegando o Twente para a Liga Europa, onde se lhe juntaria logo depois.
E amanhã há clássico: espero que sem chuveirinhos, com fair play e sem cadeiras nem outras coisas partidas! Que ganhe o melhor e que o melhor, não levem a mal, seja o meu Benfica...Se não for... que ganhe à mesma! Mas se nem for o melhor nem ganhar também não é grave... é só um jogo de futebol. Ah...mas chateia-me!
Prof. António Câmara - Palestra
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