" diz alguma coisa, estou para aqui a chamar-te nomes e não dizes nada pá, és um..és um..."

Foi desta forma que ao fazer zapping este fim de semana, que vi um senhor, que faz parte do júri do programa, Ìdolos, a tratar um jovem que foi à televisão mostrar os seus dotes(?) como cantor.

Nos poucos minutos que vi, a cena repetia-se com os 4 que contituem o juri a gozar, literalmente, com as pessoas, umas vezes de uma forma pouco menos que humilhante.

Pelos vistos este programa é um "must" de audiências, a fazer lembrar o big brother.

Será que nos sentimos bem, como pessoas, a ver outras a serem gozadas e mal tratadas?

Já nem sei se  no Sábado ou no Domingo, na RTP, mais um "dança comigo", agora no gelo, mais um minutos de ridiculo, qualquer dia vem um "dança comigo" na piscina.

Para completar o ramalhete só mesmo aquele programa com a Júlia Pinheiro e Goucha com os putos a cantarem.

Desculpem, mas lá por eu não ter TV cabo, não tenho que ser massacrado desta forma.

Valha-nos a net e uns bons livros para compensar esta pobreza franciscana.

«Crianças com mais de 10 anos têm acesso a uma programação pouco diversificada e repetitiva, conclui um estudo da Universidade do Minho

As televisões portuguesas investem pouco em programas dirigidos aos jovens e adolescentes. A oferta, especialmente nos canais privados, cinge-se praticamente a uma "dieta" de telenovelas, conclui um vasto estudo realizado pela Universidade do Minho, que é hoje apresentado numa conferência em Lisboa sobre programação infantil, organizada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).»

Público, hoje

Os realitty shows e alguns concursos estão a marcar uma época na  televisão em Portugal e por esse mundo fora. Programas como "ponto de encontro", "all you need is love" ou o "perdoa-me",podem ser considerados,hoje, programas de "meninos de couro". 

O Big Brother, com cenas de sexo  e agora este caso da Jade Goody,em que é colocada a hipótese de transmissão em directo dos seus últimos momentos de vida, levam a realidade televisiva a um patamar impensável há poucos anos atrás.Será que vale tudo na luta pelas audiências?Onde fica a dignidade Humana?

De facto... hoje é Prós e Prós.

Nos dias que correm, parece que estamos todos numa roda virtual onde tudo se passa de uma forma natural e sem  haver o minimo de bom senso na auto-regulação ou regulação por entidades externas. São mil milhões(dezenas) que empresas ,não se sabe bem porquê, estão a ser nacionalizadas e/ou adquiridas, são os mil milhões(dezenas) que os bancos centrais "injectam" para o mercado, esse dinheiro vem de onde? se há assim tanto dinheiro disponivel,para quê tanta miséria e desigualdade por essa Europa fora, para não falar no mundo. São as petroliferas que não passam"cavaco" aos governos democraticamente eleitos e que se dão ao luxo de os provocar(caso BP).

E por fim a comunicação social,ele é crimes e mais crimes, é especulação e intriga e como não bastasse, entra pela vida a dentro das pessoas e compra-lhes o que de mais sagrado há nas pessoas, a sua dignidade.

Por razões de horário familiar e de regulação na escolha dos programas a ver, lá em casa normalmente vemos muito o canal 2 e alguma coisa no canal 1.

Ontem na empresa onde trabalho,na pausa para o café da manhã, o tema de conversa era um programa da Teresa Guilherme onde, ao que parece, um homem admitiu que batia na mulher e que não tinha orgulho no filho.As pessoas estavam preocupadas não com o conteúdo do programa, nem com o facto de haver pessoas capazes de "vender" a sua privacidade, mas se a máquina, ao que parece um polígrafo, conseguia ou não detectar se a pessoa estava a mentir.Mais, também estavam a comentar que não podiam perder o outro programa à noite, a seguir a este, que em directo  iria estar a família toda a ser entrevistada pela Rita Ferro Rodrigues.

Ontem à noite depois de mais um jantar em casa da mamã e depois de deitar a criançada, ao fazer um zaping pelos canais deparei-me com o tal programa da Rita Ferro Rodrigues, mas quem estava no programa era uma senhora e dois senhores da socialite a "botar" faladura, qual arautos da moral e dos bons costumes em Portugal.

Uma conversa sem nivel,que percebi foi antecedida da tal entrevista.

A SIC, decidiu apostar em dois programas seguidos sobre a mesma temática, comprar a vida intima das pessoas.Ao que parece audiência não lhes falta.Portanto como diria José Eduardo Moniz, "faço televisão que as pessoas querem ver", Nuno Santos tão critico de Moniz vai pelo mesmo caminho. Resta-me desejar que a RTP não vá pelo mesmo caminho e que as pessoas desejem ver a televisão pública.A escolha é nossa.

O que vem a seguir?